INFLUÊNCIA
DO ENRIQUECIMENTO AMBIENTAL NO COMPORTAMENTO DE BELLY NOSING EM
LEITÕES
Oliveira,
M. V. G.1; Di Campos, M. S.2; Nunes, R. C. 3; Leal G. B. M.1; Mota, L.
C.1; Cavalcante
Filho, R. M.*4;
Borges, J. A.5; Manso, G. H.5
1Zootecnista,
Doutorando da Universidade
Federal de Goiás; 2Zootecnista, Profa. Dra.
Universidade Federal de
Goiás; 3Médico Veterinário, Prof. Dr.
Universidade Federal de Goiás;
4Graduando em Medicina Veterinária, Universidade
Federal de Goiás; 5Graduando
em Zootecnia, Universidade Federal de Goiás.
PALAVRAS-CHAVE:
ambiência,
bem-estar, estereotipais, suínos
INTRODUÇÃO
A
definição de
bem-estar é complexa e envolve vários fatores.
Basicamente, é possível obter
bem-estar positivo ao oferecer aos animais um ambiente de
criação adequado, no
qual ele possa expressar seus comportamentos naturais, ter longevidade
e saúde.
Como consequência, os animais poderão expressar seu
potencial produtivo máximo
(3).
O
comportamento animal
está intimamente interligado ao ambiente no qual os animais
são criados, sendo
fundamental nas adaptações das funções
biológicas e, ainda, representa a parte
do organismo que interage com o meio.
A fase de
creche é
considerada crítica, pois, os leitões sofrem a
ação de diversos agentes
estressores resultado do desmame precoce realizado aos 21 dias de
idade.
Fatores como a mudança de ambiente, leva à
diminuição do bem-estar dos animais
e ao desenvolvimento de comportamentos estereotipados como o
bellynosing (1). O
bellynosing baseia-se em atitudes de massagear o ventre de outros
leitões
causando estresse e a ocorrência está associada ao
hábito alimentar
(amamentação) praticado na fase de maternidade (2).
Suínos
em ambientes
enriquecidos normalmente demonstram evidência comportamental de
melhor
bem-estar quando comparados aos do confinamento. O enriquecimento
ambiental
consiste pela introdução de objetos no ambiente em que os
leitões são alojados,
estimulando seu comportamento natural que é um indicativo de
bem-estar (3).
O objetivo
do trabalho
foi avaliar o efeito do enriquecimento ambiental com
intermitência de tempo
para o comportamento de bellynosing em leitões na fase de
creche.
MATERIAL E
MÉTODOS
O
experimento foi
realizado com leitões na fase de creche (22 aos 63 dias) com
duração de 42
dias. A idade média dos leitões era de 21,8 dias. As
baias onde os animais
foram alojados possuíam uma área de 10,5 m2
com dois bebedouros tipo
chupeta, dois comedouros semi-automáticos e 2/3 de piso ripado.
Foram alojados
30 leitões/baia, perfazendo uma taxa de lotação de
0,35 m2/animal.
Os leitões foram submetidos ao mesmo manejo alimentar e
rações com mesmo valor
nutricional. Os tratamentos eram mistos (50% machos castrados e 50%
fêmeas).
O
delineamento
utilizado foi em blocos ao acaso com quatro
tratamentos e seis repetições por tratamento totalizando
24
unidades experimentais. Cada unidade experimental foi composta por 30
animais,
perfazendo o total de 720 leitões. Os tratamentos utilizados no
experimento
foram divididos da seguinte forma: SOE – sem a presença do
objeto enriquecedor;
OEP – com objeto enriquecedor permanente; SOE24 –
sem objeto
enriquecedor com intermitência de 24 h;
SOE48 – sem objeto enriquecedor com intermitência de
48 h.
Foi
considerado como
bellynosing o ato de um leitão pressionar e massagear a barriga
de outro leitão
com o focinho semelhante à amamentação (2). Para a
avaliação da frequência do
comportamento de bellynosing foi utilizado imagens de vídeo,
capturadas com
câmeras de 24 leds e 800 linhas de resolução.
A observação e análise das imagens foram
feitas na primeira, terceira e
quinta semana da fase de creche no período das 7 às 18 h.
As imagens capturadas
e armazenadas em um aparelho de DVR eram pausadas a cada 10 minutos
(5)para
observação e anotação dos comportamentos.
Caso o comportamento de bellynosing
fosse observado o mesmo era devidamente anotado. A
avaliação do comportamento
foi feita com seis animais de cada baia, escolhidos de forma
aleatória e
devidamente marcados.
O objeto
enriquecedor utilizado
foi um pneu com 45 cm de diâmetro (estilo carrinho de
mão). Os pneus permaneciam pelo
período de
48h(4)nas baias e as intermitências eram realizadas conforme cada
tratamento. A
retirada e a reintrodução dos pneus nas baias eram
realizadas às 7 h da
manhã.Para a avaliação comportamental de todos os
tratamentos foram utilizadas
imagens que correspondiam ao dia da reintrodução dos
pneus nas baias conforme a
intermitência realizada nos tratamentos SOE24 ou SOE48.
Para
a análise estatística das médias dos
comportamentos observados foi
utilizada análise de variância (Anova) e aplicado o teste
de Tukeycom nível de
significância a 5%.
RESULTADOS E
DISCUSSÃO
Foi
observada diferença
significativa (p<0,05) para o comportamento de bellynosing para o
tratamento
SOE48 quando comparado aos tratamentos SOE e SOE24. Benchet al. (2) e
Oostindjer et al. (5) observaram diferenças significativas para
o comportamento
de bellynosing em leitões submetidos ao enriquecimento ambiental
quando
comparado aos leitões alojados em ambientes estéreis. A
maior frequência do
comportamento de bellynosing para os tratamentos SOE está
associada à ausência
do objeto enriquecedor o que leva os leitões a interagirem mais
entre si.
No caso do
tratamento
SOE24 a maior frequência é justificada pelo comportamento
de vício apresentado
por alguns dos animais selecionados, uma vez que, para esse tratamento
os
animais apresentaram maior frequência de interação
com o objeto enriquecedor. O
comportamento de vício aumenta a intensidade com que um
comportamento
estereotipado é realizado. O bellynosing é considerado um
fator individual,
pois, alguns leitões podem desenvolver este comportamento e
praticá-lo de forma
mais repetitiva e intensa (6).
CONCLUSÃO
A
intermitência no
tempo de 48 h reduziu o comportamento de bellynosing nos leitões
na fase de
creche enquanto leitões com ausência de enriquecimento
apresentaram maior
frequência para esse comportamento.
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
1.Baptista
RIAA, Bertana
GR, Barbosa CN. Indicadores de bem-estar em suínos. Cienc.
Rural.p.1823-1830,
2011.2.Bench CJ, Gonyou HW. Effect of
environmental enrichment and breed line on the incidence of belly
nosing in
piglets weaned at 7 and 14 days-of-age. ApplAnimBehav. p.26-41,
2007. 3.Maia APA, Sarubbi J, Medeiros B BL,
Moura DJ. Enriquecimento ambiental como medida para o bem-estar
positivo de
suínos (revisão). REGET/UFMS.p.14,
2013.4.Gifford AK, Cloutier S, Newberry RC. Objects as
enrichment:
Effects of object exposure time and delay interval on object
recognition memory
of the domestic pig. Appl Anim. Behav. p.45-51,
2007. 5.Zimmermann A, Staufacher M,
Langhans W, Wurbel H. Enrichment-dependent differences in novelty
exploration
in rats can be explained by habituation. Behav
Brain Res.p.11-20, 2001.6.Oostindjer
M, Kemp Van Den Brand H, Bolhuis HJ. Facilitating ‘learning from
mom how to eat
like a pig’ to improve welfare of piglets around weaning. ApplAnimBehav. p.19-30, 2015.
Tabela
1.
Médias das s (%) das interações com o
objeto enriquecedor e do comportamento de bellynosing observada em
leitões na
fase de creche.
Tratamento |
Interação
animal objeto enriquecedor |
Bellynosing |
SOE |
0a |
2,61ª |
OEP |
1,71b |
2,32ab |
SOE24 |
2,62c |
2,43a |
SOE48 |
2,38c |
1,99b |
EPM* |
0,0624 |
0,1067 |
Médias com letras diferentes na mesma coluna apresentam diferença significativa para o teste de Tukey a 5%.EMP* - Erro padrão da média.