Wagner

P.Gostaria de saber qual a técnica utilizada para o aproveitamento de dejetos de suinos na alimentação de bovinos.

Aproveitamento de Dejetos (chorume)

Como já vimos anteriormente uma suinocultura produz em média entre 120 a 240 litros de dejetos líquidos (fezes, urina, água que sobra dos bebedouros, água usada na limpeza, e abastecimento das lâminas d'água e os desperdícios), sendo os desperdícios de água o maior responsável pelo volume de dejetos, que deveremos dar um destino, sem promovermos poluição ambiental.

Trabalhamos já a alguns anos aproveitando os dejetos de alguma forma:

A: Os dejetos são canalizados dos barracões para caixas de decantação, onde tiramos por decantação e através de comportas de madeira, a maior parte do líquido. A parte pastosa, (com menor umidade), e coletada periodicamente, e utilizada para engorda de frangos de corte e ou gado confinado. A parte líquida é canalizada para lagoas de contenção, e este material é utilizado para adubação de milho, milheto, sorgo ou ainda pastagens e ou capineiras. E evidente que este processo demanda de um pouco mais de mão de obra.

B: Os dejetos são canalizados diretamente dos barracões, para os cochos de confinamento (cocho instalado exatamente em nível), com os dejetos entrando de um lado do cocho, percorrendo todo o comprimento do cocho, e saindo a parte mais líquida no final do cocho, temos conseguido um consumo de 20/30 litros dia por boi divididos em três tratos, (após a adaptação) juntamente com um volumoso (formula anexa). No período de adaptação nos primeiros 15 a 20 dias que fechamos o gado devemos começar a administrar o dejeto inicialmente em pequenas quantidades em cada trato, e após a adaptação com um consumo já estabilizado, devemos ainda lavar o cocho uma a duas vezes por semana para removermos fezes em fermentação (material em putrefação), pois poderá provocar problemas entéricos, ou ainda inibir o consumo de fezes frescas. Neste sistema temos confinado em média 5 bois para cada matriz alojada: Ex.: para uma suinocultura de 50 matrizes podemos confinar de 250/300 bois, é evidente que devemos dispor também diariamente de aproximadamente 20/25 kg de cana/capim triturado para cada boi confinado.

C: Poderemos utilizar ainda os dejetos de suínos para (fertilização orgânica) adubação de tanques para peixes, para uma maior formação de plâncton, por volta de 1.600 kg de dejetos secos por Ha. Devemos esparramar o esterco seco no fundo do tanque (quando este estiver vazio), e cobri-lo com uma camada de 5 centímetros de terra compactada, abre-se a entrada de água até atingir por volta de 40 centímetros de lâmina d'água deixa curtir por um período de 10 dias, para permitir a formação de algas planctônicas, completa-se a água do tanque. Está pronto para a soltura dos alevinos, e sempre que percebermos uma transparência, da água do tanque; superior a 35/40 centímetros, (utilizando o disco de Secchi), devemos promover uma nova adubação orgânica, esparramando por volta de 1.300 kg de esterco seco por Ha. Devemos estarmos atentos pois peixes são animais que necessitam de um alimento entre 28 a 38% de proteína, e se quisermos engorda-los somente com esterco, que tem por volta de 8 a 10% de proteína, além do baixo desempenho, péssima qualidade de carcaça (muita gordura), teremos um problema ainda de consumo da sua carne pois ao coloca-la para fritar, os nossos vizinhos todos sentirão uma verdadeira catinga de "bosta" .

Devemos nos lembrar que tanques de criação de peixes, não são tanques de contenção de dejetos, e se começarmos a jogar dejetos em excesso a nossa piscicultura, em pouco tempo, se transformará em um tanque de bosta.

Uma granja de 40 matrizes produz em média 12 a 18 toneladas de esterco (bosta seca) por mês com mais ou menos 18 a 20% de umidade (após secagem), quantidade suficiente para a adubação de pelo menos 50 a 60 Ha de tanques de peixes com uma profundidade média de 1,5 metros, como vemos é muita bosta para pouco peixe.

D: Podemos ainda usar os dejetos somente para adubação de milho, ou ainda pastagens, capineiras, pastos rotacionados ou ainda projetos Voisin, veja material sobre uso de dejetos em milho, que é uma gramínea com as mesmas necessidades nutricionais de qualquer pastagem, e ou capineiras.

Devemos estarmos atentos pois apesar do esterco do suínos, poder ser largamente utilizado é um produto altamente poluente, quando jogado em córregos ou riachos. E nos concientizar que para darmos um destino aos dejetos custa em média 200 vezes mais do que gastamos para bombear água para a granja.

Portanto desperdícios de água em uma suinocultura custa caro.

Uso de dejetos de suínos em milho/pastagens degradadas.

Tradicional fonte de nutrientes, o dejeto líquido de suínos, não é adequadamente utilizado pelos produtores rurais; podendo ser usado ainda para o confinamento de bovinos.

O esterco de suíno é realmente uma tradicional fonte de nutrientes: Barato e seguro cujo emprego reduz substancialmente os custos de produção de milho e sorgo, ou nas reformas de pastos e capineiras, como também reduz em mais de 50% o custo de confinamento de bovinos. Para o criador de suínos o esterco líquido de seus animais, que habitualmente não é utilizado, e ainda é uma fonte de poluição na propriedade, pode ser aproveitado com excelentes resultados.

Portanto o suinocultor deve explorar a grande disponibilidade de esterco de seus animais, e o efeito residual da aplicação do mesmo. Uma granja de ciclo completo, estabilizada eqüivale a produção de 140 a 240 litros de chorume dia (dependendo do nível de equipamentos, bebedouros, desperdícios, e utilização de lâmina d'água), para cada matriz alojada, o que representa em uma granja de 40 matrizes, entre 5600 a 9600 litros/dia, o grande volume é procedente de desperdícios; e água de limpeza, lavagem de baias com torneiras constantemente abertas, devemos aprender a economizar, pois teremos que destinar todo o dejeto da nossa granja, para uma utilização correta para evitarmos a poluição ambiental, jogando os dejetos em córregos.

A utilização dos dejetos em melhoramento do solo, está provado em trabalhos elaborados pela EMBRAPA já à mais de 10 anos, e ficou definido que houve uma melhora da estrutura física, e composição química e da vida biológica do solo, bem como reduziu o efeito do veranico; um aumento da disponibilidade de nutrientes, principalmente o nitrogênio, maior retenção de umidade, e facilitou a liberação do fósforo retido no solo.

Temos recomendado a utilização do esterco líquido de suínos, bombeados diretamente dos tanques de dejetos e aplicado por aspersão nas áreas que serão adubadas, a utilização deste processo é mais viável quando as áreas de lavoura/pastagens e ou capineiras encontram-se próximas da granja e dos tanques de dejetos. Ou ainda a aplicação através de tanques rebocados por tratores ou caminhões tanque. O ideal é fazer pelo menos 3 a 4 aplicações por ano no período, logo após a colheita do milho e antes do novo plantio, se for em pastagens, logo após um pastejo bem intensivo, para baixar ao máximo; se for em capineiras e ou cana logo após o corte, se for em pastagens rotacionais, aplicar logo após a retirada do gado.

A dosagem depende da área à ser adubada e do volume de dejetos disponíveis, o recomendado varia entre 45 a 180 metros cúbicos por Ha, dividindo este volume em 3 a 4 aplicações ao ano. Na dosagem máxima, representa 4,5 litros por metro quadrado por aplicação, que eqüivale a 18 litros por metro quadrado por ano.

Composição química das amostras

Características
Químicas

Kg de nutrientes/
m3 de esterco

Kg/nutriente/
45 m3 esterco

PH

 

7,7

 

N total

(Kg/m3)

4,8

216

Fósforo

(Kg/m3)

2,6

117

Potássio

(Kg/m3)

1,3

58,5

Cálcio

(Kg/m3)

4,2

189

Magnésio

(Kg/m3)

1,7

76

Enxofre

(Kg/m3)

0,6

27

Ferro

(g/m3)

234

10,5

Cobre

(g/m3)

79

3,5

Manganês

(g/m3)

31

1,4

Zinco

(g/m3)

109

4,9

Sódio

(g/m3)

332

14,9

Matéria Seca

(%)

6,5

(2925)

 

Quadro 3
Produção de grãos obtida nos dois experimentos

Tratamento

Experimento 1

Experimento 2

Kg/há

%

Kg/há

%

1-Testemunha

1458

46

4505

83

2-200 Kg 4-30-16 + Zn/há

3116

100

5426

100

3-45 m3 esterco/há

4125

132

7168

131

4-90 m3 esterco/há

5770

185

7493

138

5-135 m3 esterco/há

5788

185

8243

151

6-180 m3 esterco/há

6140

195

8055

148

7-90 m3 esterco/ha + trat.2

5696

182

6935

127

8-90 m3 esterco + 1000 Kg de SS

6000

192

7461

137

9-90 m3 esterco/ha sem incorporar

4680

150

6223

114

 

Rações Confinamento/MAXI

Ingredientes

Ração Confinamento

Milho Moído

145

Farelo Soja

5

Farelo Trigo

130

 

 

MB.N.Confinamento

20

--

 

Total

300

 

 

Administrar para cada Boi/dia (Dieta Alimentar)

 

2 Kg

Ração Acima

 

20/30 (litros)

Fezes Suínos (Após Adaptação)

 

20/25 Kg

Cana ou Capim Picado

A dieta alimentar, acima; ou consumo diário por boi confinado, deverá iniciar com uma oferta de 1 a 2 litros de dejetos líquido por dia, misturado à ração, e a cana e ou capim picado, e ir aumentando gradativamente a oferta de dejetos, podendo chegar ao consumo acima diário.

Obs: Núcleo Confinamento MAXI custa R$ Sob.Consulta (Saco 20 Kg)

Esperamos um ganho peso dia entre 1,1 a 1,3 Kg por Boi


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