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Boletim Técnico nº 2 - Dezembro de 2002 |
UTILIZAÇÃO DO GRÃO INTEGRAL DE SOJA DESATIVADO NA ALIMENTAÇÃO DE SUÍNOS
EM CRESCIMENTO E TERMINAÇÃO |
|
Sidinei Candido1 |
|
e Renato Irgang2 |
O grão de soja integral, produzido por
muitos agricultores criadores de suínos, é um produto rico em energia e proteína,
normalmente comercializado para a extração de óleo vegetal comestível, e do
qual a indústria obtém o farelo de soja, adquirido pelos suinocultores para
alimentar os animais.
A utilização direta do grão integral
de soja na alimentação dos suínos apresenta, porém, limitações conhecidas
como fatores antinutricionais. O fator antitripsina, por exemplo, inibe a absorção
de nutrientes e dificulta o desenvolvimento dos suínos, tornando necessária a
sua desativação.
Realizou-se um experimento para avaliar
a utilização do grão integral de soja desativado na alimentação de suínos
em crescimento e terminação. Para desativar fatores anti-nutricionais do grão
integral da soja utilizou-se equipamento desenvolvido pela empresa Panapharm
(Modelo DS-200). Os suínos utilizados para testar o alimento foram machos
castrados e fêmeas produzidos por machos híbridos BP 425, BP 450 e BP 475, e fêmeas
F1 BP 400 e BP 430, da Biriba’s Genética de Suínos. O experimento foi
conduzido na Estação de Teste de Reprodutores Suínos da ASUINOESTE / APS, em
Toledo, PR. Os animais foram abatidos no Frigorífico FRIMESA, da Sudcoop, em
Medianeira, PR.
Os tratamentos utilizados na alimentação
foram os seguintes:
TRAT 000: 0 % de grão integral de soja
desativado, 100 % de farelo de soja;
TRAT 025: 25 % de grão integral de soja
desativado, 75 % de farelo de soja;
TRAT 050: 50 % de grão integral de
soja desativado, 50 % de farelo de soja;
TRAT 075: 75 % de grão integral de soja
desativado, 25 % de farelo de soja;
TRAT 100: 100 % de grão integral de soja
desativado, 0 % de farelo de soja.
O grão integral de soja desativado foi moído antes de ser misturado à ração. Os animais foram criados dos 29-31 aos 90-100 kg de peso vivo com água e ração à vontade, em número de 4 por baia. As rações dos 5 tratamentos foram balanceadas de forma a apresentar os mesmos níveis de energia (3.280 kcal/kg), proteína bruta (18 %), lisina (0,95 %), vitaminas e minerais, e foram fornecidas aos animais do início ao final do experimento. Os resultados médios são apresentados no quadro a seguir.
TRAT |
N |
Peso Inicial kg |
Peso Final kg |
Duração dias |
Consumo Ração, kg
/ dia |
Ganho Peso kg
/ dia |
Conversão Alimentar kg / kg |
Espessura Toucinho mm |
000 |
31 |
30,9 |
97,0 |
81 |
2,31 |
0,82 |
2,82 |
19,7 |
025 |
31 |
30,8 |
94,4 |
82 |
2,25 |
0,77 |
2,95 |
17,3 |
050 |
31 |
30,0 |
95,5 |
81 |
2,33 |
0,80 |
2,87 |
17,9 |
075 |
31 |
29,8 |
94,6 |
82 |
2,33 |
0,80 |
2,93 |
17,9 |
100 |
31 |
29,5 |
93,3 |
82 |
2,25 |
0,79 |
2,92 |
17,0 |
Suínos alimentados com o grão
integral de soja desativado (GISD) consumiram quantidade diária semelhante de
ração à dos alimentados com farelo de soja (FLSO), sugerindo não ter havido
rejeição dos animais pelo GISD. O ganho de peso diário foi semelhante entre
tratamentos, indicando que o GISD não inibiu o crescimento dos animais. A
conversão alimentar dos animais que receberam GSID foi em torno de 0,10 kg pior
do que a dos animais que receberam apenas FLSO, representando em torno de 5 a 6
kg a mais de ração. No entanto, a espessura de toucinho no frigorífico foi 2
a 3 mm menor nos suínos alimentados com GISD do que nos animais alimentados com
FLSO, representando 1 a 2 % a mais de bônus na tipificação de carcaças,
compensando o maior custo de produção.
Concluiu-se que suínos em crescimento
- terminação podem ser alimentados com grão integral de soja desativado em
substituição parcial ou total do farelo de soja na ração, sem prejuízo no
desenvolvimento dos animais. A vantagem da utilização do grão de soja
integral desativado em substituição ao farelo de soja, dependerá do custo do
processamento do grão integral, da redução das despesas de transporte dos grãos
de soja para a indústria, e do farelo de soja para a granja, da redução dos
descontos na comercialização dos grãos, da uniformidade da matéria prima, da
redução de encargos e impostos, e das condições do mercado da soja.
1 Eng. Agrônomo,
Mestrando, Pós Graduação em Agroecossistemas, CCA, UFSC, Florianópolis, SC.
2
Eng. Agrônomo, Ph. D., Professor, CCA, UFSC, Florianópolis, SC. rirgang@cca.ufsc.br