Boletim Técnico nº 20 - Março de 2012

Número de salas nas fases de maternidade e de creche em suinocultura

Eng. Agrônomo Renato Irgang

Universidade Federal de Santa Catarina

 

A disponibilidade de número adequado de salas por fase é um aspecto importante de manejo da criação de suínos e que se reflete no desempenho dos animais e no custo de produção.

 

Sala de maternidade.

É comum observar-se que, para economizar com instalações na época em que se constrói uma granja, limita-se o número de salas de maternidade. Não demora muito para se perceber que a falta de salas de maternidade dificulta o bom manejo dos animais e, especialmente, o manejo sanitário da granja. Ao se definir o número de salas de maternidade de uma granja deve-se levar em conta:

- o número de semanas de aleitamento, ou de idade de desmama dos leitões, sendo necessária uma sala por semana de aleitamento ou idade de desmame;

- uma semana antes das porcas parirem, sendo necessária uma sala para alojar essas porcas;

- uma semana para limpeza e desinfecção das instalações, sendo necessária outra sala.

A definição do número de semanas de aleitamento ou de desmame dos leitões deve considerar a “semana cheia”, ou seja, se a idade de desmame encontra-se ao redor de 18 dias o número de semanas é de 3, e não de 2,5, e se o desmame é feito em torno de 23 a 25 dias o número de semanas é de 4, e não de 3,5, mesmo porque as fêmeas podem parir em dias diferentes no decorrer de uma semana. Nesses casos, o número de salas de maternidade é, respectivamente de 5 e de 6. Quando o período de aleitamento ou a idade de desmame dos leitões se aproxima dos 28 dias, faz-se necessário então acrescentar mais uma sala de maternidade, que passaria a ser de 7.

O número de parideiras por sala irá depender da taxa de parição da granja e do número de partos por porca por ano. Como em suinocultura cada vez mais se busca a máxima eficiência reprodutiva pode-se adotar como regra que, para cada 100 fêmeas de plantel com idade acima de 7 meses, deve-se dispor de 5 a 6 parideiras por sala de maternidade.

Granjas com número inadequado de salas de maternidade devem considerar a necessidade de construir salas adicionais, ou então de manter, temporariamente, uma ou duas áreas de parição ao ar livre, cada área sendo considerada como uma sala de maternidade.



Salas de creche.

O número de salas de creche irá depender:

- da idade de desmame dos leitões;

- do peso dos leitões ao entrarem na creche;

- da idade definida como de “saída da creche”;

- do peso dos leitões na saída da creche.

A fase de creche é crítica para os leitões pois deixam o ambiente materno, sofrem o efeito de movimentação e transporte, trocam de instalações, são misturados com leitões desconhecidos, enfrentam mudanças na fonte e na forma de obtenção de água e de alimento sólido, têm que mudar seus hábitos alimentares e enfrentam novos desafios sanitários. O aumento da idade de desmame observada nos últimos anos se constitui num esforço para se desmamar leitões um pouco mais “maduros” e de qualidade, aptos para enfrentarem novos desafios.

A idade de saída de creche pode variar de 56 a 70 dias. Na definição da idade deve se considerar o peso dos leitões. Há atualmente no mercado uma preferência por leitões com peso vivo em torno de 22 kg na saída da creche. Mas, como o peso dos leitões pode ser bastante variável, recomenda-se, além de no mínimo uma semana para a limpeza e desinfecção da sala após a retirada de todos os leitões, uma semana a mais para proporcionar aos leitões mais leves alcançarem o peso-alvo de saída da creche. Desse modo, se a idade desejada de saída da creche é de 56 dias, deve-se considerar como de 60 dias; se for de 63 dias, deve-se considerar como de 70 dias. Se a idade de desmame for de 4 semanas, serão necessárias então, respectivamente, 6 e 7 salas de creche, utilizando-se 0,40 m2 por leitão alojado.

Em projetos novos de suinocultura deve se considerar a possibilidade de evitar a construção de instalações de creche, haja visto a alternativa de transferir os leitões da maternidade diretamente para a terminação, num processo de manejo conhecido como “wean-to-finish”, ou seja, “do desmame para a terminação”, assunto a ser tratado em um próximo Boletim Técnico.


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