Boletim Técnico nº 22 - Fevereiro de 2013

Melhoramento genético e custos da produção em suinocultura

Eng. Agrônomo Renato Irgang

Universidade Federal de Santa Catarina

 

 

Renato Irgang

Antônio Carlos Machado da Rosa

Universidade Federal de Santa Catarina

 

Redução na produção e aumento na demanda mundial por alimentos fizeram com que os preços dos insumos utilizados na produção de suínos, especialmente milho e farelo de soja, disparassem em 2012, tendo seu valor praticamente duplicado em relação a 2010 e 2011. Os reflexos na suinocultura, cujo produto não teve reajuste proporcional, foram imediatos, causando preocupações e reflexos tanto no segmento de produção independente quanto no sistema integrado de produção de suínos.

 

Crises sempre geram desafios e a suinocultura não é exceção, especialmente quando o cenário que se vislumbra é de redução apenas parcial no custo dos principais ingredientes nas rações dos suínos, responsáveis por 70% dos custos de produção, e quando as políticas de comércio externo vêem na exportação de grãos uma forma rápida e simples de equilibrar a balança comercial.

 

Como o desempenho dos animais é o resultado da combinação do genótipo dos reprodutores e das condições de manejo, alimentação, higiene, sanidade e instalações, entre outros fatores, que são proporcionados a machos e fêmeas do plantel e a sua prole, e como o resultado econômico da atividade depende da gestão que é feita do negócio, fatores que não incluem a alimentação também devem merecer atenção em épocas de crise.

 

O melhoramento genético é uma ferramenta da produção de suínos que vem proporcionando aumentos significativos na capacidade de produção dos animais. Tem sido por meio da seleção e do uso dos cruzamentos entre raças e linhagens em programas de melhoramento genético que se tem conseguido, por exemplo:

- aumentar de 8 a 10 para 12 a 13 leitões nascidos vivos por leitegada, e de 15 a 20 para 25 a 30 o número de suínos produzidos para o abate por porca por ano;

- aumentar de 100 para 120 kg o peso vivo de suínos com 180 dias de idade;

- reduzir de 3,0 para 2,4 a 2,5 kg a quantidade necessária de ração para produzir 1 kg de suíno vivo de abate;

- reduzir de 3,0 cm para 1,5 a 1,8 cm a espessura de toicinho em carcaças de suínos abatidos com 110 a 120 kg de peso vivo;

- aumentar de 45 a 48% para 58 a 60% o rendimento de carne na carcaça dos suínos.

 

Ganhos genéticos contínuos obtidos em programas de melhoramento são uma garantia de que resultados ainda melhores no desempenho dos animais estão por acontecer, visando sempre reduzir os custos de produção e melhorar o retorno econômico da atividade.

 

A combinação de uso de boa genética, de práticas corretas de manejo e de gestão equilibrada do negócio, adequando produção com disponibilidade de alimentos e demanda do mercado, nos parece ser a fórmula para o sucesso na suinocultura.


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