SUINOCULTURA

S.O.S. Suínos

INFORMATIVO TÉCNICO 07

CONSIDERAÇÕES PARA O DESCARTE DE MATRIZES

Em granjas com manejo adequado, é esperado que o setor de maternidade decida pelo descarte anual de aproximadamente 40% das fêmeas e 50% dos machos que são descartados normalmente do plantel.

Um dos pontos mais importantes e difíceis de trabalhar no setor de cobertura é decidir quais matrizes devem ser descartadas. O trabalho mais importante é descartar as fêmeas antes do início, de um novo ciclo reprodutivo e ou da mesma ter uma leitegada fraca.

Algumas recomendações.

As matrizes deverão ser descartadas sob um programa de seleção natural baseado nos seguintes critérios:

A) Problemas Reprodutivos:

1. Anestro.

2. Infertilidade, Leitoas ou matrizes que repetem cio após 3 coberturas com reprodutores diferentes.

3. Abortos.

4. Descarga muco-purulentas no período de gestação.

5. Baixo numero de nascidos ( - de 8) em 3 partos seguidos.

B) Problemas com as pernas:

1. Demonstra impossibilidade de "suportar" o reprodutor na cobertura

2. Apresenta problemas físicos nos membros durante a gestação.

3. Apresenta qualquer lesão que possa vir a comprometer a sustentação da matriz (casco, articulação, aprumos).

C) Condições do aparelho mamário:

1. Qualquer problema no aparelho mamário poderá causar uma produção de leite inferior especialmente se tratando de matrizes velhas, sempre observar o aparelho mamário da fêmea na parição e por ocasião do desmame.

D) Doenças crônicas (ulcera, gastrite), infeções diversas (cistite, pielonefrite) e traumatismo.

E) Estado físico e orgânico da matriz, debilitada.

Qualquer um dos itens acima são suficientes para descartar uma fêmea.

Outro fator relevante que deve ser levado em consideração é a disposição da matriz e a sua habilidade materna. Isto é atualmente é muito raro se descartar uma fêmea baseada por seu baixo desempenho. A tabela 1 ilustra dois trabalhos feitos na Inglaterra e na Holanda. Em ambos os experimentos, o descarte pelo baixo desempenho da matriz representa somente pequena porcentagem das razões de descarte. A maioria das matrizes foram descartadas por uma das causas já citadas.

TABELA 1. RAZÕES DE DESCARTE DE MATRIZES EM 2 EXPERIMENTOS.

INGLATERRA HOLANDA
% Descarte % Descarte
Não apresenta cio 2.6 5.4
Não Suportaria os Machos 29.5 31.0
Aborto 5.6 2.8
Dificuldade de Parição - 4.0
Falta de Leite 0.6 2.3
Mancando(Cascos/aprumos) 11.8 8.8
Doença 3.3 1.3
Idade 24.5 27.2
Após 8.6 partos Após 7.2 partos
Outras Razões 8.6 2.3
Morte - 6.5
Baixo Desempenho 13.9 8.4

A taxa anual de descarte e mortalidade no experimento inglês foi 37.8% .

Se a matriz estiver magra e fraca após o desmame de uma grande leitegada ela deve ter uma chance de retomar sua condição física antes de uma decisão que é feita considerando a disposição da fêmea.

A matriz não deve ser descartada basicamente pela sua idade. Ao mesmo tempo é certo que matrizes mais velhas apresentam maiores números de natimortos, mas em casos especiais elas podem continuar tendo maior numero de nascidos vivos que a media de marrãs ou matrizes de segundo parto. Analises do desempenho da leitegada da granja irá nos mostrar a hora do descarte. Deve-se medir a performance da granja analisando CADA FÊMEA e não o grupo como um todo. Cada matriz é um CASO INDIVIDUAL e deve permanecer na granja pelos seus méritos.

No global, um bom programa de descarte é feito para se ter a maioria das matrizes na terceira, quarta, quinta e sexta parição. O descarte deve ser feito de forma regular, e gradativo, recebendo X matrizes por mês, ou por trimestre de acordo com o tamanho da granja e considerando o alvo de cobrição, e não cometer o erro de deixar todo o seu plantel ficar velho e ser obrigado a fazer uma reposição extremamente onerosa, financeiramente e prejudicial do aspecto de imunidade, pois estará com todo o seu plantel velho em um primeiro momento e em seguida com um numero muito grande de leitoas no plantel com baixo nível de imunidade.

Principais conclusões:

No geral, um bom programa de descarte é feito para se ter uma estrutura etária estável aliada a mais de 62% das matrizes entre a 3º e a 7º parição.

Marrãs e matrizes de primeiro e segundo parto são menos produtivas que as matrizes mais velhas que estejam entre a terceira e sexta parição.

A herdabilidade de características como tamanho da leitegada e peso dos leitões ao nascer são razoavelmente baixas (de 15 a 25%). Sendo assim, nunca deve-se descartar fêmeas que apresentaram baixos índices de números de leitões nascidos e baixo peso ao nascer.

A classificação de matrizes simplesmente por fichamento não é um método eficiente e preciso de controle na decisão de descarte.

Em geral, devemos manter as matrizes até quando apresentarem uma media de nascidos vivos melhor que as medias das matrizes de primeiro e segundo parto e passar a descartar no caso das razões mencionadas no inicio deste artigo.

sossuinos@uol.com.br


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