Eperitrozoonoze:
Informativo
Técnico N º
96
Definição:
É uma enfermidade febril, infecto-anêmica e aguda dos suínos. Afeta animais
em todas as idades e parece ser precipitada por condições estressantes.
Etiologia:
O agente etiológico é uma riquétsia, o Eperythrozoon
suis.
Epidemiologia:
A única espécie doméstica afeta pelo E.suis
é a suína.
A
transmissão não está bem esclarecida, mas admite-se que os insetos hematófagos,
entre os quais o Haematopinus suis,
podem atuar como agentes mecânicos na disseminação
da enfermidade. Da mesma forma, agulhas e instrumentos cirúrgicos e de
uso diário na granja poderão estar contribuindo para a transmissão do
problema.
Experimentalmente,
já foram observados casos de infecção intrauterina e oral.
A
mortalidade e morbidade são variáreis, dependendo do status sanitário da
granja afetada, e do nível de resistência, ( normalmente baixa entre 3% e 30%)
respectivamente.
Patogenia:
Após a infecção, transcorre um período de incubação de 2 a 5 dias, quando
começam a se tornar evidentes os primeiros sintomas da doença.
O
agente se localiza dentro das hemácias e durante seu ciclo provoca a destruição
das mesmas. Dependendo do grau e continuidade dessa alteração. Podem aparecer
s sintomas e as mortes, em muitas granjas o problema se mantém sub-clínico.
Sintomas:
São bastante variáveis, na dependência da idade, do estado nutricional, do
status sanitário da granja e comprometimento de outras doênças no plantel, e
das condições de criação às quais estão submetidos os animais.
Em
leitões lactentes, os sintomas são mais comumente observados dos 5 aos 6 dias
de
idade, ou na fase do desmame. Caracterizam-se por anemia e icterícia,
que podem complicar-se em função de infecções secundárias, dando origem a
pneumonias e enterites de difícil controle e tratamento. Esses animais mostrarão
evidente atrazo no desenvolvimento. Não havendo complicações secundárias, em
dois a três dias poderá ocorrer
remissão dos sintomas.
As
matrizes
geralmente são afetadas no final da gestação. Apresentam anorexia por
um
a três dias, febre ( 40 º a 41,7º
C ), que comumente persiste após o parto. Poderão mostrar edema mamário
e vulvar, com conseqüente agalaxia.
A recuperação se verifica ao redor do terceiro dia pós-parto.
Um
quadro similar pode ocorrer em porcas por ocasião do desmame. Essas,
se apresentarem cio e forem cobertas, apresentarão baixo número de leitões
no parto seguinte.
A
forma crônica da doença se caracteriza pelo aparecimento de matrizes
debilitadas, anêmicas e ictéricas, que apresentarão desde baixas taxas de
concepção, até ausência total de cio.
Suínos
na engorda também podem ser afetados, mas apenas quando as condições de
estresse são excessivas ou quando a alimentação é inadequada. Nos casos
muito agudos com morte súbitas ( rápida ), a icterícia pode não ser
evidente.
Lesões:
Icterícia generalizada, edemas, ascite e hidropericárdio. Coração pálido e
flácido. O fígado apresenta coloração amarelada ou amarelo-amarronzada e a
visícula biliar preenchida por bile espessa, gelatinosa e amarela. Há
esplenomegalia e congestão no baço.
Diagnóstico:
O diagnóstico deve ser feito com base na sintomatologia e verificação das lesões
internas.
A
coleta de sangue de animais na fase febril, permitirá a identificação do
parasita no interior dos glóbulos vermelhos, em esfregaços corados pelo Giemsa.
O
agente é bastante pequeno ( 0,8 a 2,5 micra de diâmetro ) e se mostra sob
forma de
anel, coco, disco ou vírgula. Muito raramente pode ser visto no plasma,
fora das hemácias.
Pode
haver confusão com outra forma de parasito ( E.
parvus ), que é apatogênico e pode infectar os suínos.
A
confirmação diagnóstica poderá ser obtida através da prova de hemoaglutinação
indireta.
Controle:
Para o tratamento dos animais doentes, recomenda-se o uso de tetraciclinas e/ ou
compostos arsenicais orgânicos. Devido à possibilidade de recidivas,
recomenda-se uma medicação prolongada. Não se garante com isso a eliminação
do estado de portador.
O
controle á nível de rebanho deve ser feito sempre que a infecção se
apresentar como um problema clínico evidente, seja na sua forma aguda ou crônica.
Recomenda-se o controle da sarna sarcóptica do piolho e das helmintoses. Todos
os cuidados devem ser
tomados com agulhas e material cirúrgico, que devem ser esterilizados e
desinfetados antes
do uso em cada matriz e ou leitegada.
Os
leitões filhos de porcas afetadas ( com paresitemia
ou sorologia positiva ) deverão
ser tratados com antibióticos e ferro dextrano no primeiro ou segundo
dia após o nascimento.
Uma nova dose de ferro injetável deverá ser feito duas semanas após.
Caso
os leitões apresentem sintomas após o desmame, aconselha-se a administração
de tetraciclinas e/ ou arsanilato de sódio dissolvidos na água de bebida, por
um período de 10 a 12 dias
consecutivos.
As
matrizes poderão ser tratadas de acordo com um entre os diversos esquemas terapêuticos
a seguir:
a)
administração de ácido arsanílico misturado à ração, entre 21º e
o 105º dia de gestação. Caso seja necessário, continuar o tratamento durante
a lactação.
b)
administração do ácido arsanílico, misturado à ração, apenas
durante o período de lactação.
c)
administração do ácido arsanílico misturado à ração de todo o
rebanho durante 7
dias, e continuar com dose reduzida por mais três semanas.
d)
tratar durante um mês as marrãs selecionadas para reposição do
plantel, com ácido arsanílico.
Lembrar
que os arsenicais são compostos tóxicos devendo ser dada toda a atenção à
preparação das doses. Sinais de incordenação e ataxia, seguidos de
paraplegia, sem perda do apetite, identificam a intoxicação aguda por estes
produtos.
Não
existem vacinas comerciais disponíveis,
para a prevenção da Eperitrozoonose. Precauções devem ser tomadas
quando da aquisição de novos animais para o plantel. A execução de testes
sorológicos
e exames sanguíneos nos animais
recém adquiridos e nas matrizes do plantel de origem podem auxiliar na
prevenção da enfermidade.