Informativo Técnico Nº. 99

LEPTOSPIROSE SUÍNA

 

INTRODUÇÃO

 

A leptospirose é uma doença infecciosa caracterizada principalmente por transtornos reprodutivos tais como abortos, natimortos, fetos mumificados e nascimento de leitões fracos.

A eliminação de leptospiras na urina é o fator mais importante na epidemiologia da leptospirose. A urina de um suíno infectado pode eliminar grande quantidade de leptospiras, entre 30 a 60 dias após a infecção, disseminando rapidamente a doença numa granja.

Os suínos são considerados reservatórios, inclusive para outras espécies e para o homem. Quando infectados, apresentam um prolongado período de leptospiremia, que não é acompanhado de sinais clínicos e podem eliminar leptospiras na urina por um período superior a um ano.

Roedores e animais silvestres atuam como portadores de leptospiras. Nesses animais, elas se localizam na luz dos túbulos renais (figura 1) e podem ser excretadas vivas na urina por várias semanas ou meses, sendo fonte de infecção para o homem e animais domésticos. Os ratos, frequentemente, tem sido fonte de infecção para suínos.

 

Figura 1: Localização da Leptospira.

 

A infecção pode ocorrer por via oral, venérea, através da pele lesada, via conjuntiva ou através das mucosas. Na fase de leptospiremia, os organismos podem ser encontrados em vários órgãos, embora o fígado e rins sejam os mais atingidos.

Dez dias após a infecção, inicia-se a produção de anticorpos e as leptospiras são eliminadas dos tecidos pela reação imunológica (a exceção ocorre pelos rins). O aborto e demais complicações reprodutivas ocorrem pela infecção dos fetos, na fase de leptospiremia na fêmea.

 

SINAIS CLÍNICOS

 

Leptospirose aguda: os sinais clínicos nesta forma podem passar despercebidos na granja. Consistem de prostração, anorexia e elevação da temperatura corporal. Pode ocorrer icterícia na infecção de leitões (figura 2).

 

Figura 2: Feto suíno. Icterícia observada na calota craniana.

Fonte:Retirado do site suinotec

 

Leptospirose crônica: os transtornos reprodutivos ocorrem no terço final da gestação. Porcas infectadas podem abortar, ocorrer natimortos em excesso ou parição de leitões fracos, que morrem poucas horas após o nascimento.

 

DIAGNÓSTICO

 

O diagnóstico da Leptospirose pode ser feito através do teste de micro-aglutinação(figura 3) no soro dos reprodutores. É possível concluir que a infecção por leptospiras é a causa de transtornos reprodutivos mediante o uso de testes sorológicos consecutivos com intervalo de 20 dias, em todos os animais da granja (amostra pareada). Isso ocorre porque os soros das porcas que haviam recém abortado podem repetir o mesmo título na segunda avaliação, mas outros suínos podem apresentar títulos ainda em elevação, significando infecção recente. Anticorpos detectados em líquido da cavidade torácica de nati mortos são reveladores de infecção.

 

Figura 3: Microscopia de campo escuro do Teste de micro-aglutinação.

Fonte:Retirado do site emedicine

 

O diagnóstico sorológico fornece dados sobre a situação do rebanho, mas não é definitivo para casos individuais. Aconselha-se que a sorologia seja feita em pelo menos 15% dos reprodutores machos e fêmeas da granja.

Na interpretação do resultado de exames sorológicos é importante considerar que:

a- o teste detecta IgM , ou seja, infecção ATIVA e não resposta vacinal.

b- o histórico de uso da vacina na propriedade, pois alguns animais podem apresentar baixos títulos que tendem a diminuir até atingir níveis não perceptíveis ao diagnóstico sorológico, ou seja, basta retestar animais reagente e outros não reagente ao 1o teste (sentinelas).

c- Diagnostico deve ser dado com o somatório dos dados laboratoriais, sinais clinicos e epidemiologicos.

Leptospiras podem ser detectadas nos tecidos (rins, útero e ovidutos) por histopatologia com coloração especial - impregnação pela prata (figura 4).

 

Figura 4: Leptospiras coradas pela prata em fragmento de fígado.

Fonte:Retirado do site emedicine

 

CONSIDERAÇÕES IMPORTANTES

 

  • Em casos de ocorrência de abortos, natimortos e fetos mumificados, deve ser colhido soro de matrizes que apresentaram os transtornos, bem como de outras porcas do rebanho e de cachaços, em porcentagem aproximada de 15% dos suínos em reprodução;
  • As amostras de soro devem ser enviadas em refrigeração ou congeladas;
  • São exigidos testes periódicos de granjas de reprodutores (semestrais), como parte do programa de certificação de granjas GRSC. As amostras devem ser acompanhadas de histórico sobre o uso ou não de vacina;
  • Fetos abortados e mumificados devem ser mantidos refrigerados e enviados para testes diferenciais com outras causas de problemas reprodutivos (pesquisa de parvovirose),bem como rins de porcas descartadas e de suínos de abate;
  • No rim é realizado também exame histopatológico e, para tal, colhe-se um fragmento abrangendo o córtex (de preferência em locais onde haja lesões macroscópicas). Este deve ser colocado em frasco com solução de formal a 10%;
  • Diagnóstico diferencial deve ser feito para Parvovirose (HI), Erisipela (IFI), Doença de Aujeszky, PRRS (ELISA) e Toxoplasmose (IFI).

 

CONTROLE

 

            A vacinação é uma excelente prática de controle para a leptospirose em suínos. As granjas de reprodutores suínos certificadas devem estar livres ou controlar a leptospirose através da vacinação. A vacina deve ser usada, aliada a outras medidas preventivas como medidas higiênicas, controle de roedores e tratamento medicamentoso.

            A vacina é especialmente útil em granjas em que as condições ambientais favorecem a leptospirose como presença de muita umidade, criação extensiva e presença de animais silvestres capazes de infectar os suínos.

           

 

 

 

 

 

 

TUBO TAMPA VERMELHA

LEPTOSPIROSE - MICROAGLUTINACAO

2

FRASCO COLETA DE URINA

LEPTOSPIROSE - POR CAMPO ESCURO   

2

TUBO TAMPA VERMELHA

CHECK UP DOENÇAS REPRODUTIVAS

Material: 20 Soros de Matrizes/Reprodutoras

Pesquisa: Parvovirose – (HI)

                  Leptospirose – 12 cepas (MSAR)

                  Erisipela – (IFI)

                  Doença de Aujeszky – (ELISA)

                  PRRS – (ELISA)

                  Toxoplasmose – (IFI)

5

TUBO TAMPA VERMELHA

PESQUISA DE PARVOVIROSE

Método: HA - Pesquisa do Agente

Material: Fetos Natimortos ou Mumificados

3

RINS E FÍGADO EM FORMOL

HISTOPATOLOGIA - BIOPSIA

5

RINS E FÍGADO EM FORMOL

HISTOPATOLOGIA COM COLORAÇÃO ESPECIAL (PRATA)

7

 

 

NATIMORTALIDADE NA SUINOCULTURA

 

INTRODUÇÃO

 

A natimortalidade na suinocultura é um problema amplamente discutido e estudado, mas, apesar disso, muitos pontos permanecem obscuros na interpretação dos índices encontrados no dia-a-dia. O total de leitões nascidos em uma leitegada é composto pelo número de leitões nascidos vivos, natimortos e mumificados. As diferentes genéticas sugerem alguns parâmetros de produtividade no que diz respeito ao total de leitões nascidos e também utilizam informações geradas a partir de diferentes programas de gerenciamento de dados para definir perdas aceitáveis por natimortos e mumificados. O ponto principal ao início da visita à granja é que o índice de natimortos protocolado seja real, anotado de forma precisa e confiável.

Muitas granjas estabelecem valores alvo ou metas para o quesito natimortos. Com isso, em pouco tempo, esses valores são normalmente alcançados, pois a equipe de maternidade é cobrada insistentemente para alcançar uma meta irreal de, digamos, 3% de natimortos.

 

CONSEQUÊNCIA DAS FALHAS NOS REGISTROS DE NATIMORTOS

 

Como os natimortos compõem diretamente o total de nascidos por leitegada, é comum observar nas granjas que não registram o número real de natimortos, uma redução no tamanho das leitegadas. Ou seja, para atingir a meta estipulada, muitos natimortos são omitidos nos registros de parto, conseqüentemente a meta é atingida, mas o tamanho das leitegadas fica comprometido.

 

QUAL O ÍNDICE "REAL" DE NATIMORTOS QUE PODE SER ACEITO?

 

Deve ficar claro que é muito importante poder confiar nos registros qualitativos e quantitativos que acontecem nos partos. Somente de posse de dados confiáveis é que será possível avaliar a situação da unidade.

Os programas de computador empregados no gerenciamento dos dados de produção das granjas normalmente indicam, única e exclusivamente, o percentual de natimortos por leitegada. Entretanto, para realizar uma avaliação detalhada do problema na unidade, com vistas às recomendações para solucioná-lo, é importante diferenciar os tipos que compõem o percentual de natimortos protocolados.

Os leitões natimortos podem ser classificados em pré-parto, intraparto e "pós-nascimento" (pós-parto). Para fins didáticos, esse último (pós-nascimento) não deveria ser protocolado como natimorto e sim como mortalidade perinatal. Entretanto, sob condições práticas enquadra-se como natimorto.

 

Figura 1: Natimorto pré-parto com cordão umbilical em autólise e alteração da cor da pele (esquerda).

 

 

Dependendo do tipo de natimorto identificado será possível direcionar medidas de manejo específicas visando tratar o problema. Na Tabela 1, podem ser observadas as características a serem levadas em conta para o diagnóstico diferencial dos 3 tipos de natimortos (pré-parto, intraparto e pós-nascimento).

 

Tabela 1: Diagnóstico diferencial de Natimortalidade

 

 

 

O percentual de natimortos pré-parto deve apresentar valores inferiores a 1%. Valores superiores levam a suspeitas de causas infecciosas ou de falhas no manejo no final da fase gestacional (Figura 1). O percentual de natimortos intraparto deve oscilar entre 3 e 5%. Em granjas com valores superiores, seria possível atuar otimizando o manejo de atendimento ao parto, para minimizar essas perdas. Os "natimortos pós-nascimento" são leitões que nasceram vivos e morreram, possivelmente por falta de assistência na fase neonatal ou por lesões cerebrais decorrentes de anóxia ou hipóxia durante o parto.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

Em caso de suspeita de alta mortalidade ou mesmo de valores muito abaixo dos esperados, preconiza-se proceder com avaliações para caracterização do problema. Tendo confiança nos dados a serem avaliados e suspeitando-se que o percentual de natimortos está alto, deve-se providenciar o diagnóstico com a identificação dos natimortos em pré-parto, intraparto e pós-nascimento. Baseado na identificação do tipo de natimorto será possível direcionar as atenções para aquela categoria que por ventura estiver com valor superior ao esperado.

 

Dica baseada no artigo de  Bortolozzo, F. P. em suinocultutra em foco .

 

 

CODIGO

EXAMES

MATERIAL

S02

SOROLOGIA PARA LEPTOSPIROSE

SORO

S04

SOROLOGIA PARA BRUCELOSE

S10

SOROLOGIA PARA PARVOVIROSE

S38

SOROLOGIA PARA ERISIPELA

S39

CULTURA E ANTIBIOGRAMA

FETOS

PCR48

PESQUISA DO AGENTE PARVOVÍRUS

PCR49

PESQUISA DO AGENTE LEPTOSPIRA

PCR51

PESQUISA DO AGENTE ERISIPELA

PCR52

PESQUISA DO AGENTE BRUCELOSE

FQ362

PESQUISA DE AFLATOXINA

RAÇÃO

FQ656

PESQUISA DE ZEARALENONA

Referencias disponíveis com autor, se necessário consulte-nos."

 

EQUIPE DE VETERINÁRIOS - TECSA Laboratórios

Primeiro Lab. Veterinário certificado ISO9001 da

América Latina. Credenciado no MAPA.

PABX: (31) 3281-0500 ou 0300 313-4008

FAX: (31) 3287-3404

tecsa@tecsa.com.br

RT - Dr. Luiz Eduardo Ristow CRMV MG 3708

 

 Siga-nos no Twitter: @tecsalab

Facebook: Tecsa Laboratorios

 

WWW.TECSA.COM.BR

 


<--Voltar