Informativo Técnico Nº. 105

 

LESÕES PULMONARES NO COMPLEXO RESPIRATÓRIO DOS SUÍNOS: DIFERENCIAÇÃO E DIAGNÓSTICO – PARTE I

 

INTRODUÇÃO

 

            As doenças respiratórias são uma importante causa de perdas econômicas, devido tanto ao atraso no crescimento quanto às perdas com mortes de animais. Na maioria dos casos, a aparição destas doenças se relaciona com a ação conjunta de vários patógenos (primários e ocasionais), condições ambientais e de manejo inadequadas. Desta forma, estamos diante de uma doença multifatorial, que tem sido chamada de Complexo Respiratório dos Suínos.

            A maioria das doenças respiratórias pode ser observada na fase da terminação, embora algumas possam ocorrer em outras fases como o desmame ou a recria, ou estarem associadas a uma fase determinada (figura 1).

 

Figura 01

 

Figura 1: Correlação entre a idade dos animais e a apresentação dos principais patógenos respiratórios.

 

O tipo de lesão pulmonar será muito útil para estabelecer o diagnóstico. Dentre os diferentes tipos podemos encontrar:

 

1- Broncopneumonia: o agente etiológico, normalmente, uma bactéria entra pelo aparelho respiratório e afeta os lóbulos apicais e mediais, que apresentam uma cor vermelho intenso e um acentuado aumento na consistência e tamanho. Além disso, a reação inflamatória localiza-se nos alvéolos e brônquios. Esta lesão pode ocorrer de duas formas principais quanto ao tipo de exsudato:

            a) Broncopneumonia fibrinosa: está relacionada, principalmente, a infecções por bactérias de alta virulência e se caracteriza pelo depósito de fibrina. Muitas vezes, há necrose e/ou hemorragias graves. Se o processo se torna crônico, encontraremos focos de fibroplasia com deposição de tecido conjuntivo.

b) Broncopneumonia purulenta: a reação inflamatória é acompanhada de uma descarga de exsudato purulento (neutrofílico) nas vias aéreas (brônquios, bronquíolos e alvéolos). Nas formas crônicas podem obstruir os brônquios, formando abscessos nos lobos apicais e/ou mediais.

 

2- Pneumonia bronco-intersticial: o agente, normalmente, um vírus, atinge o pulmão por diferentes vias e provoca uma reação inflamatória que se localiza principalmente nos septos alveolares e peri-bronquiais. Há um aumento de consistência e, em menor número, um aumento de tamanho. Os septos lobulares tornan-se mais evidentes e mais espessos.

 

3- Pneumonia intersticial: está associada, principalmente, a infecções virais. Mas quanto causada por bactérias, estas atingem os pulmões por via hematológica e a reação inflamatória localiza-se nos septos alveolares principalmente. Embora não afete todos os componentes do parênquima pulmonar, este apresenta uma consistência firme que não demonstra-se colapsado ao ser retirado da cavidade torácica. A lesão pode ser difusa, apresentando o pulmão uma coloração normal ou não com os septos lobulares bastante evidentes.

 

4- Pneumonia embólica: ocorre em processos trombo-embólicos septicêmicos ou não. As bactérias chegam por via sanguínea e se distribuem por todo o pulmão desenvolvendo lesões multifocais aleatórias, onde nas formas agudas são rodeadas por um halo avermelhado. Enquanto que, nas formas crônicas são geralmente marcados por uma faixa de tecido conjuntivo.

 

Tabela 1: Classificação dos agentes etiológicos dos processos respiratórios segundo o tipo de lesão pulmonar que produzem.

 

Pneumonia/Broncopneumonia/Pleurite fibrinosa ou purulenta

Pneumonia broncointersticial

Pneumonia intersticial

Pneumonia embólica

 

Actinobacillus pleuropneumoniae

Pasteurella multocida

Streptococcus suis

Haemophilus parasuis

Actinobacillus suis

 

Virus da Influenza suína

Coronavirus respiratório suíno

Mycoplasma hyopneumoniae

Virus da PRRS

PCV2

Adenovirus

Streptococcus suis

Arcanobacterium pyogenes

Mycobacterium bovis

Salmonella choleraesuis

 

 

 

Os patógenos respiratórios suínos podem ser divididos em 3 grupos: primários, oportunistas e ocasionais (tabela 2). Os primários são aqueles capazes de induzir a doença clínica e lesões por si só. Os oportunistas são aqueles que normalmente induzem a doença subclínica, caso o animal esteja em um estado de imunossupressão ou que a infecção seja complicada pela ação de outros patógenos. Os ocasionais são aqueles patógenos que de forma esporádica estão relacionados com uma doença respiratória, ou quando o desenvolvimento de lesões pulmonares é parte de um processo séptico.

 

Tabela 2: Classificação de alguns patógenos encontrados do sistema respiratório de suínos.

 

 

Primários

Oportunistas

Ocasionais

Vírus

PRRS

Influenza suína

PCV2

Doença de Aujeszky

Coronavirus respiratório suíno

Citomegalovirus suíno

Encefalite hemaglutinante

Adenovirus

Encefalomiocardite

Micoplasmas

Mycoplasma hyopneumoniae

Mycoplasma hyorhinis

 

Bactérias

Actinobacillus pleuropneumoniae

Pasteurella multocida (cepas de alta virulencia)

Streptococcus suis

Haemophilus parasuis

Pasteurella multocida (a maioria das cepas)

Actinobacillus suis

Salmonella choleraesuis

Arcanobacterium pyogenes

 

Dica baseada na palestra de Francisco José Pallarés, PorkExpo 2010.

  

CODIGO

EXAMES

PRAZO DIAS

S51

BACTERIOLOGIA SISTEMA RESPIRATÓRIO

Material: Swabs nasais e de pulmão ou cabeça e pulmão;

Pesquisa: Actinobacillus pleuropneumoniae, Bordetella bronchseptica, Haemophillus parasuis,

Pasteurella multocida e antibiogramas.

5

S56

APP - MÉTODO ELISA    

Amostra: Soro

3

S09

APP - MÉTODO TESTE BAHIA   

Amostra: Soro  

5

S64

Bordetella bronchiseptica

Amostra: Soro

2

S05

PMT - Pasteurella multocida TOXIGÊNICA

Amostra: Soro

2

S16

ISOLAMENTO - Streptococcus suis

Amostra: Cabeça ou swab do sistema nervoso central

5

A18/S

PESQUISA DE Salmonella  

Amostra: Swab ou fezes

5

S07

Mycoplasma hyopneumoniae - MH KIT DAKO

Amostra: Soro

3

S08

Mycoplasma hyopneumoniae - MH KIT IDEXX

Amostra: Soro                                                            

3

S06

PRRS – ELISA

Amostra: Soro

3

S95

CIRCOVIROSE DETECCAO DE ANTIGENO PCV2  

Amostra: Soro

2

BIO

HISTOPATOLOGIA – BIOPSIA

Amostra: Fragmento de órgão em formol 10%

5

S83

IMUNOHISTOQUÍMICA PARA CIRCOVÍRUS

Amostra: Fragmento de órgão em formol 10%

5

Referencias disponíveis com autor, se necessário consulte-nos."

 


<--Voltar