Informativo Técnico Nº. 112
PATÓGENOS CAUSADORES DE
FALHAS REPRODUTIVAS ASSOCIADAS À SÍNDROME DA CIRCOVIROSE SUINA
INTRODUÇÃO
A síndrome da circovirose suína é um conjunto de manifestações clínicas
causada pela infecção do circovirus suínas tipo 2 ou
PCV2, um vírus patogênico, identificado pela primeira vez em 1997 que,
atualmente, está disseminado em rebanhos suínos mundialmente. No Brasil o PCV2
foi identificado pela primeira vez em 2000, no Laboratório de Sanidade da
Embrapa Suínos e Aves em Concórdia, Santa Catarina.
Atualmente, a circovirose é endêmica devido à elevação do número de casos
clínicos com confirmação laboratorial diagnosticados em rebanhos suínos
brasileiros. A síndrome multisistêmica do
definhamento dos suínos (SMDS) é a forma clínica mais freqüente e melhor
caracterizada da infecção pelo PCV2. Dentre as outras, merece destaque por
estarem cada vez mais relevantes, os distúrbios reprodutivos causados pelo
PCV2, pois assim como a SMDS, pode ser reproduzida após a infecção experimental
com o PCV2.
As falhas reprodutivas causadas pela infecção
do PCV2 ocorrem com o envolvimento ou não de outros patógenos
infecciosos como o parvovírus suíno (PVS), o vírus da
síndrome reprodutiva e respiratória dos suínos (PRRSV) e torque teno virus suíno (TTV). Todavia, não se conhece o envolvimento destes
ou outros agentes infecciosos nestas falhas reprodutivas causadas pelo PCV2 no
Brasil, o que dificulta o seu controle.
Figura 1: Feto suíno. Icterícia
observada na calota craniana.
Fonte: Retirado do site da Suinotec.
PRINCIPAIS ESTUDOS REALIZADOS E SUAS RECOMENDAÇÕES
Em 2009-2010 foram realizadas várias
pesquisas em fetos abortados, natimortos, mumificados e inviáveis
e em suas respectivas mães, envolvendo 27 rebanhos, 120 porcas e 320 fetos, com
objetivo de identificar os principais agentes infecciosos envolvidos em falhas
reprodutivas em rebanhos suínos do sul do Brasil.
Foram examinados fetos apenas de
porcas que tinham abortado ou parido pelo menos 2 natimortos, mumificados ou
leitões inviáveis (de 3-5 porcas/granja). No exame histológico dos principais órgãos internos, apenas 17,24% dos
fetos apresentavam alterações de natureza inflamatória, indicando que a maioria
das causas dos fetos abortados, natimortos, mumificados ou inviáveis parece não
ser de origem infecciosa. O coração e os tecidos linfóides foram considerados
os órgãos de eleição para diagnóstico de PCV2 em tecidos fetais.
Dentre os agentes infecciosos
relacionados com problemas reprodutivos, o PCV2 foi o mais freqüente,
com 15,9% de fetos positivos. O PVS foi detectado em apenas
2,6% dos fetos avaliados. O exame sorológico do exsudato
fetal do pulmão foi um bom indicativo da infecção fetal pelo PVS.
No exame sorológico das mães dos
fetos não foram identificados anticorpos contra o vírus da PRRS, indicando
ausência da infecção nas porcas estudadas. Também, não foram detectados
anticorpos nas mães contra as doenças reprodutivas convencionais como Doença
de Aujeszky, Peste Suína Clássica, Brucelose,
Leptospirose e Toxoplasmose em que o Brasil não é considerado livre. Embora
tenha sido elevada a freqüência de títulos de anticorpos considerados não
vacinais para o PCV2 e PVS nas porcas, não está clara a relação entre esses
títulos com a ocorrência de fetos natimortos, mumificados, abortados ou
inviáveis.
Figura 2: Microscopia de campo
escuro do Teste de micro-aglutinação.
Fonte: Retirado do site emedicine
Considerações finais
Apesar da freqüência de envolvimento
de agentes infecciosos em problemas de nascimento de leitões natimortos,
mumificados ou inviáveis não seja elevada (30-40%), quando há suspeita de doença
infecciosa devem ser remetidos aos laboratórios fetos de 3-5
porca/granja e 2 fetos/porca, preferencialmente resfriado.
Dependendo da situação, o exame sorológico de uma amostragem de soro de
porcas ou soros pareados pode trazer informações importantes para o diagnóstico.
Como existem muitos agentes
que podem causar sintomas reprodutivos semelhantes, é importante que o
veterinário de campo faça uma avaliação detalhada do rebanho (anamnese, avaliações clínica, epidemiológica e dos
registros reprodutivos da granja detalhados dos últimos 6 meses) para orientar
o laboratório de quais exames seriam prioritários realizar. Isso pode
baixar custos e possibilita chegar a um diagnóstico mais preciso.
Dica baseada no artigo de Zanella
et al.,2010.
CODIGO |
EXAMES |
PRAZO DIAS |
S81 |
CHECK UP DOENÇAS
REPRODUTIVAS Material: 20 Soros de
Matrizes/Reprodutoras Pesquisa: Parvovirose – (HI) Leptospira – 12
cepas (SAR) Erisipela – (IFI) Doença de Aujeszky – (ELISA) PRRS – (ELISA) Toxoplasmose
– (IFI) |
5 |
S62 |
Leptospira PESQUISA & CULTURA
|
10 |
S03 |
Leptospira - Microaglutinação |
5 |
BIO |
HISTOPATOLÓGICO |
5 |
S11 |
PESQUISA
PARVOVIROSE |
3 |
S10 |
PARVOVIROSE
- HI |
3 |
S94 |
CIRCOVIROSE
DETECCAO DE ANTICORPO PCV2 |
2 |
S83 |
IMUNOHISTOQUÍMICA
PARA PCV2 |
5 |
S100 |
SOROPERFIL
DE GRANJA - PCV2 |
4 |
S04 |
BRUCELOSE
SUINA - AAT |
2 |
S61 |
TOXOPLASMOSE |
2 |