Informativo Técnico Nº. 120

 Fatores de risco associados ao vício de sucção em leitões na fase de creche.

Autor : Armando Lopes do Amaral, Nelson Morés, Waldomiro Barioni Júnior, Dr. Osmar Dalla Costa.

O período de creche é considerado crítico para os leitões, devido aos vários fatores que ocorrem por ocasião do desmame como a separação da porca, mudanças na alimentação e no ambiente e mistura de leitões na formação dos lotes. Conseqüentemente, os leitões tornam-se mais vulneráveis a problemas sanitários e a comportamentos anormais como o vício de sucção. A Embrapa Suínos e Aves desenvolveu trabalhos para identificar os fatores de risco associados ao vício de sucção em leitões com objetivo de orientar os técnicos e produtores no sentido de estabelecer medidas preventivas. 

O que é o vício de sucção?
É uma alteração no comportamento dos leitões que leva ao hábito de sugar o umbigo, a vulva, as pregas das virilhas ou as orelhas. Outras alterações de comportamento que podem estar associadas ao vício de sucção: o ato de morder a cauda, orelhas ou flanco (canibalismo) e a ingestão de fezes e/ou urina. O vício de sucção é considerado um problema de origem multifatorial, que ocorre principalmente na fase de creche, com maior freqüência em leitões desmamados precocemente, que não tenham satisfeito o instinto de mamar. A falta da mãe, associada a outras causas, favorece o seu surgimento. Este comportamento reduz o ganho de peso do sugador e de sua vítima. 

Por que ocorre?
O vício de sucção ocorre quando há um desequilíbrio em relação ao manejo, nutrição, ambiente e higiene proporcionando situações desconfortáveis e estressantes. Também pode ocorrer como manifestação clínica de intoxicação por carbadox ou olanquindox, além da necessidade instintiva do animal de procurar alguns metabólicos ou nutrientes para atender as suas exigências. 

Fatores de risco associados ao vício de sucção 

Os principais fatores de risco que favorecem a manifestação do vício de sucção em leitões, segundo trabalho desenvolvido na região Sul do Brasil, são:

 

Além desses fatores, outros identificados em estudos anteriores também devem ser considerados nas granjas com problemas: o não fornecimento de ração na maternidade, formação de lotes desuniformes, superlotação, tamanho do lote, falta de espaço nos comedouros, higiene deficiente, excesso de gases, desequilíbrio nutricional, temperatura muito fria ou excessivamente quente, falta de palatabilidade da ração e dificuldade em beber água, devido a bebedouros inadequados ou instalados incorretamente. Enfim, toda situação que provoca desconforto nos leitões após o desmame, especialmente um ambiente hostil, pode dar início ao hábito de sucção. 

Conseqüência do vício de sucção

Em média, lotes de leitões que apresentam o problema possuem uma redução no ganho de peso de 56 g por dia, do desmame até 21 dias após (Tabela 1).

Figura 01

Sinais Clínicos

O vício inicia-se com atitudes de massageamento do ventre entre leitões principalmente quando desmamados precocemente. Essas atitudes, em situações normais de conforto e bem estar dos leitões, desaparecem em dois a três dias. Caso contrário, na presença de fatores de risco, podem evoluir para um comportamento anormal de sucção do umbigo. Nestes casos o umbigo alonga-se, ficando semelhante a uma teta, e torna-se hiperêmico, dolorido e, freqüentemente, com infecção secundária. O desejo de sucção é maior em leitões mais jovens e os menos desenvolvidos, geralmente, são os sugadores. 

Controle 

Não existe uma recomendação única para controlar o vício de sucção. De modo geral deve-se desmamar os leitões com bom desempenho (mínimo 7,3kg), fornecer um ambiente de conforto na creche, bebedouros adequados e de fácil acesso e ração de qualidade com boa palatibilidade. Em granjas que apresentam esse problema recomenda-se um estudo detalhado para identificar quais dos fatores relacionados nesse trabalho estão presentes no rebanho. A seguir deve-se elaborar um plano de ação para corrigi-los. Em algumas granjas, o prolongamento temporário da idade de desmame, pode ser recomendado até que os fatores de risco sejam solucionados. 


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