Autor : Armando Lopes do Amaral, Nelson Morés, Waldomiro Barioni Júnior, Dr.
Osmar Dalla Costa.
O período de
creche é considerado crítico para os leitões, devido aos vários fatores que
ocorrem por ocasião do desmame como a separação da porca, mudanças na
alimentação e no ambiente e mistura de leitões na formação dos lotes.
Conseqüentemente, os leitões tornam-se mais vulneráveis a
problemas sanitários e a comportamentos anormais como o vício de sucção. A Embrapa Suínos e Aves desenvolveu trabalhos para
identificar os fatores de risco associados ao vício de sucção em leitões com
objetivo de orientar os técnicos e produtores no sentido de estabelecer
medidas preventivas.
O que é o vício de sucção?
É uma alteração no comportamento dos leitões que leva ao hábito de sugar o
umbigo, a vulva, as pregas das virilhas ou as orelhas. Outras alterações
de comportamento que podem estar associadas ao vício de sucção: o ato de
morder a cauda, orelhas ou flanco (canibalismo) e a ingestão de fezes e/ou
urina. O vício de sucção é considerado um problema de origem multifatorial,
que ocorre principalmente na fase de creche, com maior freqüência em
leitões desmamados precocemente, que não tenham satisfeito o instinto de
mamar. A falta da mãe, associada a outras causas, favorece o seu surgimento.
Este comportamento reduz o ganho de peso do sugador e de sua vítima.
Por que ocorre?
O vício de sucção ocorre quando há um desequilíbrio em relação ao manejo,
nutrição, ambiente e higiene proporcionando situações desconfortáveis e
estressantes. Também pode ocorrer
como manifestação clínica de intoxicação por carbadox
ou olanquindox, além da necessidade instintiva do
animal de procurar alguns metabólicos ou nutrientes para atender as suas
exigências.
Fatores de risco associados ao vício de
sucção
Os principais fatores de risco que favorecem a
manifestação do vício de sucção em leitões, segundo trabalho desenvolvido
na região Sul do Brasil, são:
Além desses fatores, outros identificados em
estudos anteriores também devem ser considerados nas granjas com
problemas: o não fornecimento de ração na maternidade, formação de lotes
desuniformes, superlotação, tamanho do lote, falta de espaço nos
comedouros, higiene deficiente, excesso de gases, desequilíbrio nutricional,
temperatura muito fria ou excessivamente quente, falta de palatabilidade
da ração e dificuldade em beber água, devido a bebedouros inadequados ou
instalados incorretamente. Enfim, toda situação que provoca desconforto
nos leitões após o desmame, especialmente um ambiente hostil, pode dar
início ao hábito de sucção.
Conseqüência do vício de sucção
Em média, lotes de leitões que apresentam o
problema possuem uma redução no ganho de peso de 56 g por dia, do desmame
até 21 dias após (Tabela 1).
Sinais Clínicos
O vício inicia-se com atitudes de massageamento do ventre entre leitões principalmente
quando desmamados precocemente. Essas atitudes, em situações normais de
conforto e bem estar dos leitões, desaparecem em dois a três dias. Caso
contrário, na presença de fatores de risco, podem evoluir para
um comportamento anormal de sucção do umbigo. Nestes casos o umbigo
alonga-se, ficando semelhante a uma teta, e torna-se hiperêmico,
dolorido e, freqüentemente, com infecção secundária. O desejo de sucção é
maior em leitões mais jovens e os menos desenvolvidos, geralmente, são os
sugadores.
Controle
Não existe uma recomendação única para controlar
o vício de sucção. De modo geral deve-se desmamar
os leitões com bom desempenho (mínimo 7,3kg), fornecer um ambiente de conforto
na creche, bebedouros adequados e de fácil acesso e ração de qualidade com
boa palatibilidade. Em granjas que apresentam
esse problema recomenda-se um estudo detalhado para identificar quais dos
fatores relacionados nesse trabalho estão presentes no rebanho. A seguir
deve-se elaborar um plano de ação para corrigi-los. Em algumas granjas, o
prolongamento temporário da idade de desmame, pode ser recomendado até que
os fatores de risco sejam solucionados.