Autor : Prof. Dr. Caio Abércio
Silva; Piero da Silva Agostini.
Nos últimos
anos, a suinocultura brasileira tem passado por constantes períodos de
instabilidade, principalmente pelo baixo preço do produto associado aos custos elevados
de produção.
A nutrição representa em torno de 70% dos custos
totais, sendo que o milho e o farelo de soja são tidos como os principais
ingredientes. Em virtude da alimentação de suínos sustentar-se basicamente
desses insumos, qualquer variação na composição dos custos desses produtos
refletirá diretamente na margem de lucros do suinocultor (TRINDADE NETO et al., 1995)
Com isso, tem se buscado formas que possam
diminuir os custos, onde as alternativas representam uma das melhores
oportunidades.
Dentre os diversos produtos que podem substituir
o milho e o farelo de soja está os subprodutos
derivados do girassol. Nos últimos anos o cultivo do girassol tem se expandido
significativamente principalmente na região Centro-Oeste do Brasil onde também
tem se dado o crescimento paralelo da suinocultura.
Segundo CASTRO et al., (1996), o girassol apresenta características
importantes, como maior tolerância a seca, ao frio e ao calor quando comparado
a maioria das espécies normalmente cultivadas no Brasil.
ROSSI (1998) afirma que mais de 90% da produção
mundial de girassol destinam-se a elaboração de óleo comestível, e a maior
parte dos 10% restantes, para a alimentação de pássaros e para consumo humano
direto.
Em média, para cada tonelada de grão são
produzidos 400kg de óleo, 250kg de casca, 350kg de
torta, sendo este subproduto, basicamente, aproveitado na produção de ração, em
misturas com outras fontes de proteína (CASTRO et
al., 1996).
Atualmente existem dois processos para a extração
do óleo de girassol, o primeiro e mais eficiente utiliza solventes químicos (hexano) associado a altas temperaturas onde obtém-se como subproduto o farelo de girassol (produto mais
disponível no mercado), o segundo e com menor grau de eficiência é obtido pelo
uso da prensagem a frio onde o subproduto resultante é a torta de girassol.
Pela maior eficiência do primeiro processo o farelo contém baixo teor de
gordura, que gira em torno de
A torta apresenta características nutricionais
intermediárias entre o grão e o farelo de girassol. Segundo SILVA et al., (
Quanto ao uso da torta de girassol, os trabalhos
são escassos, SILVA et al.,
(2004) utilizaram 4 níveis de inclusão (0, 5, 10 e 15%) deste ingrediente em
substituição parcial ao milho e ao farelo de soja em rações de suínos em fase
de crescimento e terminação e observaram que os índices de desempenho e as
características de carcaça não sofreram nenhuma influencia (P>0,05) negativa
para qualquer dos níveis utilizados. Quanto aos custos, os autores verificaram
que os melhores resultados foram obtidos para a inclusão máxima de 15% de torta
de girassol.
No entanto, a composição bromatológica
da torta pode variar por diversos fatores como o tipo de solo, a variedade do
grão utilizado e o tipo de prensa bem como sua regulagem.
Portanto, verifica-se que
existe uma ampla opção de uso do girassol e de seus co-produtos na alimentação
animal, sendo que a escolha do produto mais adequado está relacionada com as
características sócio-economicas da região, à
presença de uma indústria de óleo próxima as áreas produtoras de girassol, às
oportunidades de mercado (venda ou utilização direta do grão nas rações), entre
outras.
Preservadas estas particularidades, o
conhecimento das características nutricionais e potencialidades de cada produto
para uso como ingrediente nas rações é fundamental para a otimização
dos resultados produtivos e econômicos da suinocultura.
*Caio Abércio da Silva - Professor Doutor
Departamento de Zootecnia da Universidade Estadual de Londrina (UEL).
*Piero da Silva Agostini
- Mestrando