Autor : Gonzalo Lora Graña, Maria Thereza Bartolomei.
(Biogenic.)
Introdução
Uma nutrição adequada pode ser responsável pela estabilidade da microbiota intestinal, o que promovea
saúde e o crescimento do animal. Quando se tem um ecossistema estável, não há
multiplicação de microrganismos patogênicos. Entretanto, com a intensificação
dos sistemas de produção animal, a elevada concentração de animais oferece
riscos cada vez maiores de disseminação de agentes patogênicos e instalação de
processos mórbidos.
Segundo Barcellos et al.
(1980), na tentativa de controlar tais problemas, o uso de antibióticos em ambosos níveis, terapêutico e subterapêutico,
tem se tornado difundido. Entretanto, os antibióticos e quimioterápicos
tradicionalmente usados para o tratamento de diarreias
(como tetraciclina, streptomicina, neomicina, cloranfenicol e sulfas) mostram-se ineficazes no controle
da disenteria, pois verifica-se uma tendência à
apresentação de casos de resistência, como consequência
do uso frequente de alguns princípios ativos e, de
acordo com Vassalo et al. (1997), existe a
possibilidade de haver resíduosem produtos animais.
Basicamente, os probióticos vêm sendo usados como
preventivos em substituição aos antibióticos (Fuller
& Cole, 1988). Segundo Miles (1993), os probióticos
podem ajudar a manter um perfil favorável da microflora no intestino, em
virtude de sua produção de agentes antibióticos, produção de ácidos orgânicos,
diminuição do pH e exclusão competitiva com bactérias
nocivas, visto que a flora intestinal, de acordo com Marutas
(1993), pode ser afetada pelas condições do ambiente e pelo estresse, como
mudança da ração, alterações da temperatura e umidade relativa do ar, mudança
das condições climáticas, densidade elevada, ventilação deficiente e outras
variações das condições ambientais, como as resultantes de aplicação de
produtos medicamentosos, o que resulta em desequilíbrio e proliferação de
bactérias patogênicas.
Bactérias Benéficas.
Segundo KALAVATHY et al.
(2003), essas bactérias benéficas, po¬dem proporcionar um aumento do ganho de
peso e melhorar a conversão alimentar dos animais suplementados.
Dentre essas bactérias benéficas, encontram-se os Lactobacillus
SSP, que são uma espécie produtora de ácido lático no intestino.
A população microbiana de bactérias produtoras de ácido lático no intestino
depende do tipo de animal e do regime alimentar, consistindo de vários gêneros
e espécies.
Características dos Lactobacillus.
Os lactobacilos são bactérias anaeróbicas facultativas, e podem
utilizar a maioria dos carboidratos como fonte de energia; o principal
produto final de fermentação é o ácido lático (Wu, 1987). O uso de lactobacilos
tem-se dado, principalmente, na alimentação de monogástricos e bezerros jovens.
A sua utilização baseia-se no fato de que estresse e doenças alteram o
equilíbrio de microorganismos no trato intestinal e favorecem a proliferação de
patógenos. Os Lactobacilos criam um ambiente
desfavorável aos patógenos, como Staphylococcus
aureus, Salmonella sp. e Escherichia coli enteropatogênica. Várias teorias foram desenvolvidas para
tentar explicar o processo, incluindo a redução do pH,
por causa da produção de ácido lático e peróxido de hidrogênio; produção de bacteriocinas por lactobacilos e estreptococos; inibição da
atividade de enterotoxinas; e adesão à parede do
trato intestinal, evitando colonização por patógenos;
Lactobacillus sp. pode também produzir amilase, auxiliando na digestão do
alimento.
Para que os lactobacilos sejam eficazes, alguns critérios devem ser
atendidos:
1) Animal suplementado deve estar sob estresse -
assim, animais mantidos em condições sanitárias muito boas têm menor
probabilidade de responder à suplementação com Lactobacillus;
2) Bactérias devem ser capazes de alcançar e
colonizar o trato intestinal (resistência ao ácido clorídrico, ácidos biliares,
lisozima, fenol e líquido ruminal);
3) Bactéria deve apresentar alta taxa de produção
de ácidos;
4) Presença de número suficiente de bactérias
viáveis (a estabilidade das bactérias no produto comercializado pode variar
muito, dependendo do processamento; o encapsulamento
das bactérias parece ser benéfico),
5) bactérias devem ser rapidamente ativadas e
apresentar alta taxa de crescimento (Lyons, 1987; Wu, 1987).
Os lactobacilos são capazes de realizar suas atividades metabólicas sem
grandes alterações do substrato a fermentar, por isso não são perdidos os
componentes básicos dos alimentos e o valor nutritivo doproduto
inicial.
As bactérias ácido-lácticas têm metabolismo energético exclusivamente do
tipo fermentativo. Sua principal fonte de energia são os carboidratos solúveis
e certos ácidos orgânicos. Para que a fermentação biológica ocorra é necessário
que as bactérias lácticas convertam os açúcares presentes em ácidos orgânicos,
fazendo com que o pH do meio decresça. Açúcares como
glicose, sacarose e lactose promovem rápida diminuição de pH
ao serem fermentados por bactérias lácticas, em razão da produção de ácido.
Quando se utilizam açúcares mais complexos, é necessária a presença de fungos amilolíticos não patógenos, que hidrolizam o amido e produzem açúcares mais simples, que sãomais facilmente utilizados pelas bactérias lácticas: a
maltose produzida pelos fungos amilolíticos é
transformada em glicose por ação enzimática, e é sobre esta glicose que atuarão
as bactérias ácido-lácticas.
Os probióticos podem também afetar as bactérias
patogênicas através da síntese de bacteriocinas. Blomberg, Henriksson e Conway observaram que a adição de Lactobacillus
spp. na dieta de suínos,
reduziu a fixação de E. coli
K88 à mucosa intestinal em aproximadamente 50%. Os mesmos autores também
notaram que L. fermentum produziram bacteriocinas, as quais apresentaram interação com os
componentes da mucosa intestinal, ocasionando reduzida fixação. As bacteriocinas além de reduzirem a fixação podem atuar como
bactericidas para as enterobactérias.
A produção de ácidos (acético, propiônico, butírico e lático) pelas bactérias láticas pode inibir o
crescimento de patógenos mediante a redução do pH intestinal, tornando o meio impróprio para a
multiplicação do patógeno, ou pelo efeito direto dos
ácidos sobre as entrobactérias. Em alguns trabalhos
como os de Miles (1993) e Fox (1988), têm sido verificado
que as bactérias produtoras de ácido lático são capazes de produzir substâncias
antimicrobianas, como bacteriocinas e peróxido de
hidrogênio; sintetizar lactato, com concomitante
redução do pH intestinal; aderir à parede intestinal, prevenindo a colonização
por patógenos; modificar os processos metabólicos no
intestino por meio de repressão das reações que resultam em metabólitos tóxicos
ou carcinogênicos e competir pelo substrato na utilização de fontes
energéticas.
Lactobacillus na produção
animal.
O feto no útero é estéril, mas, assim que passa através da genitália
feminina durante o nascimento, é rapidamente contaminado por microrganismos. O
recém-nascido adquire uma microflora intestinal que é característica de cada
espécie. No estado selvagem, o animal obtém a sua flora intestinal a partir do
ambiente contaminado com bactérias da mãe. Esta microflora, uma vez
estabilizada no intestino, forma um sistema complexo e dinâmico de 1.014
microrganismos, constituído de aproximadamente 400 tipos diferentes de
bactérias. Esta flora, uma vez estável, auxilia o animal a resistir a
infecções, particularmente do trato digestório.
Ação do Lactobacillus
em suínos
Dentre as possíveis causas de perdas sanitárias e econômicas de leitões,
pode-se citar o complexo de enfermidades digestivas que afeta animais lactentes
e logo após o desmame. Clinicamente, ocorre diarreia
ou morte súbita, com perda de leitões; diminuição de peso, prejuízo na
conversão alimentar e refugagem (Borowski
et al., 2004).
Segundo Belisário (2003), as variações de consumo de
ração pré-desmame que ocorrem são influenciadas pela quantidade de leite
produzido pela porca, pela qualidade da ração, pelo manejo e pelo espaço nos comedouros.
Em condições normais, Robinson, Whipp e Bucklin, avaliaram o balanço de bactérias benéficas e
patogênicas no epitélio intestinal de suínos, sendo encontradas L. acidophilus (11,9%), Streptocuccus
faecium (54,4%) e E. coli (menos de 1%). Entretanto,
com a ocorrência de desordens intestinais, houve redução de Streptocuccus
faecium para 6%, o que resultou em aumento da E. coli para 14%. Este caso pode ter
ocorrido, provavelmente, pela baixa e inadequada proporção de microrganismos de
probióticos na ração e consequentemente
no trato digestório.
A ocorrência de diarreia em leitões recém desmamados
é causada, principalmente, por cepas de E. coliK88,
com propriedades para fixar-se e produzir toxinas no trato digestório.
A redução da diarreia nos leitões alimentados com probióticos à base de L. acidophilus
pode ser devida à exclusão competitiva e ao antagonismo direto, acionados pelos
microrganismos sobre a microbiota patogênica
intestinal.
Assim sendo, a microbiota normal e em equilíbrio no
trato gastrointestinal atua como uma barreira defensiva ao animal, impedindo a
fixação de patógenos. Condições de desequilíbrio
microbiano com estresse, troca de alimentação e
transporte podem criar um ambiente favorável à fixação de microrganismos
patogênicos.
A administração de probióticos logo após o nascimento
deve-se ao fato de que, ao nascer, o trato gastrointestinal do leitão é
estéril, havendo dentro de poucas horas após a exposição ao ambiente o
desenvolvimento de uma abundante população microbiana. Segundo Radecki e Yokoyama (1991), E. coli e espécies de Streptococcus e Clostridium
proliferam com baixo desenvolvimento de lactobacilos, pois não há secreção de
ácido clorídrico nas primeiras horas de vida. Com a colonização do trato intestinal
porLactobacillus e
acidificação proporcionada por esses microrganismos, há maior proteção contra a
penetração de patógenos sensíveis ao meio ácido,
promovendo uma rápida estabilização da microbiota
normal. Observou-se em um experimento, que os animais que receberam diariamente
um leite fermentado contendo um pool de Lactobacillus
obtiveram numericamente menor contagem de Clostridium
e coliformes e proporcionalmente maior número de Lactobacillus
em relação aos animais dos demais tratamentos, constatando-se, provavelmente, o
mecanismo de exclusão competitiva.
Por sua vez, Jonsson e Conway
(1992) constataram aumento nas contagens de Enterococcus
com a administração de Lactobacillus acidophilus. Os autores verificaram ainda diminuição do
número de coliformes e aumento da microbiota lática,
como resultado do consumo de probiótico.
Ação do Lactobacillus
em aves.
As aves representam um excelente exemplo deste fenômeno, pois o ovo é
retirado da mãe e eclodido em uma incubadora limpa, não havendo, portanto, o
contato com a galinha. Assim, o pintinho recém eclodido adquire parcialmente
sua microflora através do ambiente do incubatório,
enquanto que as aves silvestres obtêm as bactérias benéficas logo após o
nascimento via bico, papo ou excremento das mães. Os pintinhos provenientes de
incubadoras comerciais não têm esta oportunidade e ficam susceptíveis a todo
tipo de contaminação microbiana, geralmente patogênica. De acordo com Mead (2000), nas condições citadas acima, uma população
bacteriana similar a do adulto está presente em duas semanas no intestino
delgado e em cerca de 30 dias no ceco, em nível superior ao que ocorreria em
condições naturais.
O fornecimento imediato de microrganismos vivos favorece a formação de uma microbiota saudável e equilibrada.
Gedek (2002) relatou que existe uma microflora
natural no trato gastrintestinal de difícil definição e composta de
aproximadamente 400 espécies em equilíbrio entre si e com o hospedeiro. A
presença dessa flora intestinal normal, em equilíbrio, é tão necessária quanto
benéfica para o bem-estar do animal. Estima-se que 90% da microbiota
seja composta por bactérias facultativas
(aeróbicas/anaeróbicas) e produtoras de ácido láctico (Lactobacillus
spp, Bifidobacterium spp), incluídas as bactérias exclusivamente aeróbicas como
os Bacterioides spp, Fusobacterium spp e Eubacterium spp. Os 10% restantes
desta flora são constituídos de bactérias consideradas nocivas ao hospedeiro,
entre estas, a Escherichia coli,
Escherichia enterococci, Clostridium spp, Staphylococcus spp,
Pseudomonas spp, Blastomyces spp. O
desequilíbrio, em favor das bactérias indesejáveis, resulta em infecção
intestinal severa que, muitas vezes, pode ser fatal.
Ação do Lactobacillus
em peixes.
A primeira aplicação de probióticos na aquicultura parece ser recente, mas o interesse nesta área
tem sido cada vez maior.
O ambiente de vida dos animais aquáticos é completamente diferente dos animais
terrestres. Na maioria das espécies terrestres, o desenvolvimento inicial se dá
em meio amniótico, que serve como uma proteção. Já para peixes e outros
organismos aquáticos, as larvas que eclodem das desovas ainda não têm seu trato
digestivo completo, sendo, portanto, passíveis de sofrerem contaminações por
microrganismos patogênicos. Desta forma, o uso de probióticos
torna-se interessante nesta fase de desenvolvimento.
Outro fato relevante em organismos aquáticos é que estes possuem sua microflora
gastrintestinal composta em sua grande maioria por microrganismos transeuntes,
isto é, bactérias livres no lúmen intestinal, diferentemente dos animais
domésticos, onde a maioria dos componentes da flora microbiana está associada
ao epitélio intestinal, sendo, portanto, permanentes.
O ambiente em que vivem os peixes exerce influência de forma significativa na
composição da população microbiana do trato digestivo. Estes animais não
regulam a temperatura corporal e a associação de microrganismos no lúmen
intestinal pode variar conforme a temperatura. A salinidade é outro ponto
importante na determinação desta população. Assim, a água dos tanques e a
própria alimentação dos animais pode fornecer microrganismos que se associarão
àqueles presentes no trato gastrintestinal.
Atualmente, alguns produtos comerciais têm sido explorados, partindo-se do
pressuposto de que as bactérias que melhoram a qualidade da água dos tanques de
criação podem ser benéficas à saúde dos animais. Estes produtos são tidos,
então, como "probióticos", e a maioria
deles contêm bactérias nitrificantes e/ou Bacillus spp., que se trata de grupos
diferentes de microrganismos. Porém, ambos não são residentes naturais do trato
gastrintestinal de espécies aquáticas, contradizendo algumas definições de probiótico.
O trato digestivo de peixes contém uma quantidade maior de microrganismos do
que o meio aquático, totalizando cerca de 108
células/g. Após a desova, o trato digestivo das larvas é colonizado por
bactérias do gênero Pseudomonas, Cytophaga
e Flexibacter.
O uso de bactérias ácido láticas como probióticos,
porém outros microrganismos são também testados para espécies aquáticas.
As bactérias ácido láticas são caracterizadas como Gram-positivas,
não esporuladas, cujo produto principal de sua
fermentação é o ácido lático. Estas bactérias estão normalmente presentes na
microflora intestinal de peixes. A colonização do trato gastrintestinal por
este grupo de microrganismos pode inibir o efeito tóxico de bactérias
proteolíticas, que produzem putrescina. A putrescina é uma amina biogênica com função.
Nikoskelainem et
al. (2001), estudando potencial de seis probióticos
de uso humano e um de uso animal com vistas ao uso em peixes demonstraram
habilidade de adesão à mucosa, resistência à bile dos peixes, bem como a
supressão do crescimento de patógenos como Aeromonas salmonicida, Vibrio anguillarum, Flavobacterium psychrophilum, o
que revela a possibilidade do uso destes microrganismos como probióticos
Pensando uma melhor saúde intestinal, para maximizar o crescimento com baixas
taxas de mortalidade e maior produtividade, a Biogenic
Group trouxe ao Brasil, com exclusividade, o LACTOBOSS®.
O LACTOBOSS é o único aditivo simbiótico liofilizado de alta tecnologia
utilizado em suínos, aves e peixes que não precisa de refrigeração, podendo ser
conservado no meio ambiente.
O LACTOBOSS consiste em uma excelente combinação de bactérias produtoras de
ácido láctico do gênero Lactobacillus sp, que fazem parte da flora benéfica dos animais e
adicionados via exógena, que previnem e controlam de forma efetiva os
microrganismos patógenos que afetam o equilíbrio da
flora intestinal, pela produção de ácidos orgânicos (ácido láctico), peróxido
de hidrogênio e bactericinas. O uso de LACTOBOSS
evita também o aumento de gases e amônia nas instalações, pois permitem a
produção de fezes mais consistentes.
Os Lactobacillus do LACTOBOSS podem ser utilizados em
situações de estresse e não deixa resíduo na carcaça, assegurando a máxima
produção.