SUINOCULTURA

S.O.S. Suínos

Informativo Técnico 14

INFECCOES URINÁRIAS EM MATRIZES SUINAS.

Um dos maiores problemas em granjas confinadas são as Infeções Urinárias.

Estas infeções são responsáveis pela queda da fertilidade do rebanho, aliado ao descarte de matrizes prenhas e muitas vezes por mortes súbitas, aumentando ainda mais às perdas econômicas da atividade.

Exames pós-morte em granjas com alta mortalidade de matrizes demonstram que a maior proporção destas matrizes morreram por cistite ( infeção de bexiga ) ou pielonefrite ( infeção no rim) ou combinação das duas causas. Estes diagnósticos são raramente encontrados em leitoas, mas muito mais comum em matrizes particularmente de idade avançada ( mais de 7 partos ), com sintomas que se manifestam das seguintes formas:

1. Baixo grau de infeção - apesar do estado clinico, aparentemente normal observamos numa parcela das matrizes do rebanho pequenas quantidades de pus e sangue na urina, aliada a micções freqüentes e de coloração amarelada com elevada densidade (muitas vezes semelhante a óleo).

2. Grau de infeção agudo - a matriz não se alimenta, urina com coloração escura, com grande quantidade de sangue e pus, as micções freqüentes com menor volume de urina. A área ao redor da vulva geralmente se apresenta molhada e suja, em muitos casos se não for medicada, a matriz poderá morrer em 24 a 48 horas.

3. Casos de morte súbita - a matriz se apresenta perfeitamente bem e no dia seguinte aparece morta.

Em granjas com alta mortalidade de matrizes, o primeiro passo é investigar todas as causas pós-morte. No caso de maiores incidências de cistite e pielonefrite são necessárias maiores investigações como teste de urina para presença de sangue/proteína e o PH ( acido ou alcalino ). Em rebanhos com problemas, encontraremos evidencias de sangue e proteína na urina e PH alcalino ( acima de 7.0 ). Em rebanhos normais a urina das matrizes se apresenta com PH acido.

Literaturas recentes tem demonstrado que matrizes com pielonefrite apresentam obstrução e encurtamento na base do ureter ( o tubo que liga o rim com a bexiga ). Observações praticas de campo confirmam que realmente há obstrução destas válvulas e que são comuns em achados pós-morte.

A cistite e pielonefrite estão associadas com certas bactérias especificas, particularmente: Corynebacterium suis e Escherichia coli. As bactérias são habitantes normais do trato urogenital e do prepúcio dos reprodutores. Mesmo em granjas que não existem problemas de cistite/pielonefrite estas bactérias poderão ser isoladas em mais de 15% dos reprodutores. Este fato leva a crer que os reprodutores são portadores destes organismos e na cobertura depositam a E.coli e o Corynebacterium na vagina da fêmea. Normalmente, em uma fêmea saudável estas bactérias saem da bexiga logo após a cobertura, contudo, se as condições da bexiga for ideal PH (alcalino) as bactérias passam a se multiplicar muito mais rapidamente. Isto leva a crer que se a válvula do refluxo do ureter estiver danificada os organismos poderão se espalhar pelo rim, se multiplicando rapidamente causando danos renais agudos e a morte. É provável que E.coli e Corynebacterium estão envolvidos no processo de danificação da válvula uretérica permitindo o refluxo para o rim.

Em granjas problema, o ambiente, o manejo e a nutrição são de importância máxima. Assim sendo, estes fatores devem ser observados:

- Instalações: Muitas granjas apresentam deficiências de instalações na fase de desmama das matrizes. Quando matrizes grandes são alojadas em gaiolas pequenas há contato da vulva da fêmea com a parte posterior da gaiola formando um ambiente úmido sem ventilação que é ideal para a contaminação vulvar e rápida multiplicação bacteriana. Outra situação comum decorrente do mesmo fato é o animal sentado em posição de "cachorro sentado" por longo período de tempo.

- Baias de cachaços úmidas predispõe a rápida multiplicação de Corynebacterium suis, Escherichia coli e outras bactérias.

- Fêmeas confinadas e inativas que não se levantam para beber água mantendo a bexiga vazia, por longos períodos.

- Reprodutores velhos.

- Ambientes úmidos e sujo no setor onde estão alojados as matrizes desmamadas e as recém cobertas.

- Limitações no consumo de água devida a qualidade, quantidade e falta de estimulo.

- A nutrição tem papel importante na consistência das fezes (fezes secas), bem como alcalinidade da urina. Para melhorarmos a consistência das fezes e a velocidade do bolo fecal a ração devera ter níveis de fibras ajustados às necessidades de cada fase, e para aumentarmos a acidez da urina devemos acrescentar cloreto de amônia na ração, (2,5 kg de Cloreto de Amônia por ton. de ração). Os fatores específicos que afetam o PH da urina ainda não são conhecidos, mas sabemos que a urina das matrizes se tornam alcalina por 3 semanas após o desmame e este é um período critico onde a infeção poderá se instalar.

CONTROLE

Este devera ser feito observando os fatos acima, através do conhecimento dos dados, do ambiente e higiene principalmente no período de desmame e ate 1 mês após a cobertura.

A melhora das instalações do setor de gestação das matrizes desmamadas devem visar condições de higiene, ventilação e ambientes secos ( principalmente na região vulvar da matriz e região prepucial do reprodutor ).

- Aplicação de cal hidratado ( seco, polvilhado ) no chão das baias dos reprodutores, e na traseira das gaiolas de gestação, na parte do ripado da gaiola, ou quando baia compacta, aplicar cal em pelo menos 1/3 do comprimento da gaiola, na traseira; pelo menos 3 a 4 vezes por semana, para manter o ambiente o mais limpo e seco possível.

- Programa dirigido de descarte e reposição das matrizes e reprodutores problemas.

- A monta deve ser direcionada pelo funcionário do setor de gestação tomando-se sempre o cuidado de não haver contato manual direto com a glande do animal,(usar luva descartável).

- Em granjas com alta mortalidade de matrizes, diagnosticada como problemas de: cistite ou pielonefrite, o descarte de reprodutores devera ser mais freqüente evitando a manutenção no plantel de reprodutores e matrizes velhas. O tratamento de machos é viável com lavagens do divertículo prepucial e aplicações de antibióticos.

- A água é fundamental para o controle do problema. Deve ser sempre fornecida água limpa com temperatura e quantidade adequada. O maior consumo de água permitira um menor grau de infeção da bexiga, uma vez que haverá um maior fluxo de urina que dificultara a multiplicação bacteriana. Água tratada com cloro ou com presença de matéria orgânica e com temperatura acima do desejado representa uma limitação do consumo.

- Medicamentos a base de antibióticos para fêmeas são indicados quando a mortalidade for superior a 5% ou 6% e a doença for diagnosticada. Tipo de droga e a dosagem dependerão da severidade do problema, bem como de possíveis testes de antibiogramas.

Na granja um grande numero de animais poderão estar infectados sem apresentar os sintomas clínicos. Contudo, a resposta para o tratamento é necessariamente lenta e reduções significativas de mortalidade estarão presentes após 6 a 7 meses da adoção das medidas de manejo e profilaxia recomendadas.

sossuinos@uol.com.br


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