SUINOCULTURA

S.O.S. Suínos

Informativo Técnico 15

OBSEVAÇÕES NA EPIDEMIOLOGIA E CONTROLE DE DESCARGAS VULVARES EM MATRIZES APÓS A COBERTURA

  • M.R. Muirhead. *B.V.M.S. F.R.C.V.S. D.P.M.
  • The Garth Veterinary Group, Garth House, Straight Lane,
  • Bieford, YO258AY, ( Inglaterra ).
  • INTRODUÇÃO

    Nos últimos 15 anos nos sistemas intensivos de produção de suínos, ocorreram problemas de diminuição da fertilidade, associados à elevação do numero de repetições de cio e matrizes vazias. Com freqüência estes casos estão associados a descargas vulvares. Pequeno tamanho de leitegada, vaginite e endometrite foram descritos por Muirhead em 1983 numa granja de 500 matrizes que teve a fertilidade reduzida para 75% e uma incidência de descargas vulvares em 7% das matrizes cobertas. Descargas vulvares podem originar-se alem da vulva, na vagina, endométrio ou bexiga e pequenos pedaços de material muco-purulento podem comumente serem observados na urina de matrizes alojadas em confinamento.

    MATERIAL E MÉTODOS

    Entre 1990 e 1997 foram feitos estudos em 110 granjas que consideraram observações clinicas, histórico da criação, exames dos registros de rendimentos da performance reprodutiva na presença ou ausência de descargas vulvares em matrizes depois da cobertura. As granjas foram identificadas conforme os níveis de aumento das descargas vulvares a partir do sétimo dia após a cobertura. Nestas granjas um meticuloso exame de todas as matrizes era feito duas vezes por dia e todas as descargas de qualquer tipo foram registradas. Controles terapêuticos e de manejo foram introduzidos nas granjas que apresentaram taxas de descargas vulvares acima de 1% das matrizes cobertas e retornos ao cio superiores a 10%. As conseqüências das alterações de manejo e praticas de higiene foram documentadas. Quarenta e sete matrizes foram abatidas e os exames patológicos e bacteriológicos do útero e bexiga foram analisados. Também foi feita bacteriologia em 27 swabs provenientes de descargas vaginais.

    RESULTADOS E DISCUSSÕES

    Vinte e seis (26%) das granjas examinadas mostraram evidencias de descargas vulvares com redução da performance reprodutiva em nível suficiente para exigir o tratamento das matrizes. Todas as granjas inspecionadas adotavam uma produção intensiva através de confinamento em gaiolas, coleira ou baias coletivas. O numero médio de matrizes das granjas com rebanhos afetados era de 349, numero superior à média de todas as granjas inspecionadas que era de 278 matrizes. Numa granja típica de 250 matrizes durante um período superior a 6 meses, houve uma taxa de 14% de retornos ao cio, sendo 85% destes em matrizes com 5 ou mais partos. Quarenta e duas matrizes mostraram evidencias de descargas vulvares e destas, 12 pariram, 3 morreram, 1 estava separada com mastite e 26 estavam separadas devido a falhas de concepção. As descargas vulvares oriundas do útero, tinham consistência cremosa, sem sangue ou muco. Fragmentos necróticos com sangue ou muco estavam associados com Pielonefrite ou Cistite. A coloração não foi significativa. No estagio inicial do desenvolvimento da doença na granja, uma pequena quantidade de muco pegajoso era percebido algumas vezes nos lábios vulvares das matrizes 15-21 dias após a cobertura. Estas matrizes repetiram cio e foram cobertas novamente. Em granjas onde o problema era mais grave, e a doença já não estava no estagio inicial, descargas vulvares severas foram observadas em matrizes com mais de 80 dias pós cobertas. Não havia nenhuma associação entre as descargas vulvares imediatas ao parto e as ocorridas após a cobertura, como também nenhuma correlação com o uso de prostaglandina e o aumento da assistência manual. Na maior parte das granjas, as matrizes afetadas estavam no quarto parto sendo particularmente mais vulneráveis as matrizes com numero de partos superiores a esse. As descargas vulvares eram pouco comuns em matrizes ate ao segundo parto. As raças envolvidas foram Landrace e Large White, puras e seus cruzamentos, assim como Hampshire e Pietrain. Cinco granjas não compravam machos ou fêmeas e usavam somente a inseminação artificial ( circuito fechado ). Vinte e uma granjas compraram só machos, ou os machos e fêmeas provenientes de seis fontes distintas de fornecimento. Poucos machos poderiam ser identificados em relação à cobertura e a descarga vulvar nas matrizes, pelo que não existia uma relação paterna. A higiene das baias de cada granja foi avaliada de acordo com o grau de limpeza da região perineal e abdominal da matriz e do reprodutor. Em 73% das granjas afetadas, a contaminação era do reprodutor que havia contaminado 65% das matrizes. Todas as granjas desmamavam com menos de 28 dias mas aquelas que desmamavam com menos de 21 dias pareciam mais vulneráveis. Foi examinado o trato reprodutivo de 47 matrizes, sendo que 21 delas não mostraram sinais de vaginite ou endometrite no histórico da granja.

    Os exames pós morte contudo, sugeriam que a doença teria desaparecido por si mesma. Duas matrizes mostraram só vaginite. Quatro apresentavam vaginite e endometrite e 12 só mostraram endometrite. Havia ainda 6 casos de endometrite e cistite e 2 casos só de cistite.

    Após culturas em meios aeróbios foram isolados Pasteurella, Coliformes, Staphilococos, Streptococos e somente em 4 casos Corynebacteriun suis. Os procedimentos de controle incluiram o imediato descarte de qualquer matriz com descarga vulvar, uso de 1 reprodutor para acasalar com cada matriz e diminuição da idade média das matrizes, ate o máximo 7 partos. O reprodutor e a baia de monta foram lavados e desinfectados. Os reprodutores foram tratados, com aplicações locais de gotas de Oxitetraciclina diariamente por 5 dias no prepúcio. As matrizes no dia da desmama recebiam por via injetável Oxitetraciclina, seguido de medicação alimentar com 300 gramas de Oxitetraciclina/tonelada de ração durante 21 dias, este procedimento terá sucesso garantido, associado a utilização de 2.5 kg Cloreto de Amônia por tonelada de ração gestação por um período de 15 dias repetindo este tratamento a cada 60 dias, aliado a um estimulo de consumo de água por todos os animais de reprodução, nas fases de gestação e lactação.

    Este programa continuou ate todas as matrizes terem sido tratadas. Das 26 granjas tratadas, a doença foi solucionada em 24 delas, associada com a redução da descarga a menos de 2% de todas a matrizes cobertas, e um aumento da fertilidade para mais de 85%.

    Contudo foi notado a necessidade de continuar tratando o prepúcio dos reprodutores por um período de 7 a 8 meses em 4 etapas. Em 7 granjas que este método não foi executado, em curto período de tempo o quadro das descargas vulvares reapareceu.

    CONCLUSÕES

    Estas observações sugerem que as falhas de reprodução associadas com endomerite e vaginite será um problema em crescimento para granjas de produção intensiva, (confinadas).

    Esta avaliação falhou ao associar qualquer um dos organismos particularmente, mas mostrou a invasão de bactérias oportunistas existentes no meio ambiente. As regras de manejo e higiene em conjunto com as condições ambientais são importantíssimas.

    sossuinos@uol.com.br


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