Informativo Técnico Nº. 152

Fatores envolvidos na preparação das matrizes para o parto.

Autor : Diogo Magnabosco, Renato Rosa Ribeiro, Thomas Bierhals, Fernando Pandolfo Bortolozzo, Ivo Wentz.

INTRODUÇÃO

Nas criações confinadas e intensivas de suínos, a eficiência da matriz, pode ser avaliada através de índices como quilogramas de leitão/desmamado/porca, o qual é dependente, dentre outros, do número de leitões nascidos por fêmea/ano. Devido a isso, deve-se ter uma preocupação com a matriz por todo o período de gestação e parto com o objetivo de maximizar a produção de leitões não somente no ciclo atual, mas sim, em toda a sua vida reprodutiva dentro do plantel, diminuindo assim o custo de produção.

Devido aos investimentos de empresas de genéticas em seus produtos, notaram-se melhoras significativas em relação ao desempenho zootécnico dos suínos nas últimas décadas, porém alguns manejos para as fêmeas gestantes e parturientes, ainda são deficientes, podendo prejudicar o real potencial da matriz. A dificuldade de obtenção de mão de obra qualificada leva as empresas, na maioria das vezes, a fazer a contratação de funcionários sem experiência. Unindo isso à falta de treinamentos por pessoas capacitadas e conhecedoras das atividades de cada setor dentro da granja, o que não favorece o aperfeiçoamento do manejo das matrizes, que a cada dia que passa são mais exigentes pelo fato de produzirem leitegadas mais numerosas e terem menor quantidade de reservas corporais.

Dois terços da vida útil de uma fêmea suína são passados em períodos de gestação, por isso na suinocultura, a gestação é uma das fases de maior importância para a melhoria da eficiência reprodutiva e um fator decisivo no desempenho econômico da atividade, porque é nessa fase que ocorre a preparação da fêmea para o parto e fase lactacional, que por sua vez podem ter influências significativas no desempenho reprodutivo subsequente do plantel de matrizes.

Nessa revisão serão abordados alguns fatores importantes como o conhecimento básico da fisiologia da gestação e parto, manejos nutricionais, realocação, alojamento e atendimento ao parto da fêmea suína gestante.

O conceito clássico de gestação é definido como o intervalo de tempo entre a fecundação e o parto [24], que na fêmea suína dura em média 114 dias (três meses, três semanas e três dias), podendo variar para mais ou menos, quatro dias, dependo da genética, linhagem, ambiente e manejo. Normalmente é subdivida em período de ovo, de embrião e organogênese e de feto e desenvolvimento fetal [24]. Na fase embrionária (formação das placentas e fluídos) se tem uma menor necessidade de ganho de peso e de reservas energéticas. Porém no terço final onde os fetos apresentam uma maior intensidade em seu crescimento as necessidades de ganho de peso e reservas energéticas se tornam muito maior [20].

Na espécie suína, o reconhecimento gestacional ocorre em torno do 12° dia de gestação [11] e para isso são necessários no mínimo 4 embriões, os quais irão produzir estrógeno suficiente para desencadear o início da sinalização gestacional [16].

Aproximadamente a partir do 35° dia gestacional a organogênese estará completa, com deposição de cálcio nos ossos, iniciando assim o período fetal [20]. Os fetos que morrerem a partir desse momento até os 90 dias de gestação serão classificados como mumificados e após 90 dias como natimortos, podendo assim ser contabilizados ao parto [2].

Os corpos lúteos (CL) são os principais produtores de progesterona que por sua vez são responsáveis pela manutenção da gestação [23]. Quando ocorre a lise dos CLs ocorre a interrupção da gestão em 36 a 48 horas [7, 8, 10]. Um mínimo de 6 ng/ml de progesterona é o suficiente para manter a gestação [22], o que representaria a produção de 4 a 6 CL [10]. Outros hormônios de origem hipofisária como o LH e prolactina também são necessários para a manutenção da gestação [3], a prolactina sendo importante principalmente no final da gestação, pois exerce função luteotrófica [10]. (Para revisão consultar Suinocultura em ação IV - A Fêmea suína gestante).

A preparação para o parto inicia 10-14 dias antes da data prevista, com desenvolvimento da glândula mamária, edema vulvar e mudanças comportamentais como sinais evidentes nesta fase [3]. O parto propriamente dito é definido como o conjunto de eventos fisiológicos que conduzem o útero a expulsar o feto a termo e seus anexos [24] e, segundo Mellagi (2007), é uma das etapas mais críticas para se otimizar a eficiência reprodutiva do rebanho. Isto porque nesse momento pode-se obter maior número de leitões vivos quando se tem a preparação, a hora do parto e assistência à fêmea [17].

O parto natural, fisiológico ou eutócico no suíno é desencadeado pelos fetos, inicia-se com contrações uterinas peristálticas regulares acompanhadas pela progressiva dilatação cervical e pode ser divido didaticamente em três fases: preparatória, expulsão do(s) feto(s) e expulsão placentária Tabela 1 [1, 18, 24, 25].

Fig 001

 

PREPARAÇÃO DA FÊMEA PARA O PARTO

A preparação da fêmea suína para uma vida reprodutiva eficiente e duradoura passa por todas as etapas de desenvolvimento corporal e sanitário. Todos os eventos e manejos que acarretam em um desempenho reprodutivo e produtivo dentro do esperado, são interdependentes e devem ter atenção especial. O evento do parto é fundamental no processo produtivo, pois pode determinar de forma positiva ou negativa a quantidade de leitões produzidos pela fêmea e, é dependente de manejos apropriados nos seus cuidados. Da mesma forma, a vida reprodutiva subsequente pode também ser influenciada nestes eventos ocorridos no parto, pois qualquer anormalidade ocorrida pode representar problemas futuros.

Muitos são os manejos e cuidados despendidos à fêmea no decorrer de sua gestação até o momento do parto, desde cuidados no alojamento destas na gestação, cuidados nutricionais, no momento da transferência para a maternidade, até cuidados pré-parto propriamente ditos.

As formas de alojamento da fêmea suína na gestação podem implicar em condições diferenciadas à chegada ao parto. Existem diferentes estruturas físicas utilizadas na suinocultura tecnificada, sendo as instalações individuais de gestação (celas) as mais utilizadas atualmente na produção brasileira. A preocupação com o bem-estar dos animais de produção tem levado a uma nova visão de produção, com conceitos voltados a um maior conforto e manejos menos estressores. Na Europa, a opção pelo bem-estar das fêmeas gestantes já está regulamentada. A partir de 1º de janeiro de 2013, o alojamento em gaiolas não será mais permitido.

No preparo ideal de uma fêmea para o evento máximo de seu ciclo produtivo, o parto, estão envolvidos muitos manejos e interações nutricionais. O sistema de alojamento pode trazer efeitos positivos ou negativos, dependendo da escolha de estrutura física, baia ou cela individual, e também dos cuidados criteriosos dos funcionários responsáveis pelos manejos.

Gentilini F.P et al. (2003), demonstraram através de um estudo comparativo sobre o sistema de alojamento de leitoas gestantes, confrontando baias versus celas individuais, que as leitoas que permaneceram em celas foram mais pesadas aos 110 dias de gestação e após o parto (P<0,05), mas tiveram igual peso ao desmame e perda de peso na lactação (P>0,05), quando comparadas às transferidas para baias coletivas. Os sistemas de alojamento não afetaram o total de leitões nascidos e nascidos vivos, o peso médio dos leitões ao nascer e o intervalo desmame-estro (P>0,05). No entanto, verificou-se que as fêmeas alojadas em baias consumiram mais ração na lactação (P<0,05) e que seus leitões apresentaram maior peso ao desmame (P<0,05), em comparação às fêmeas alojadas em gaiolas.Dessa forma, supõe-se que as fêmeas alojadas em baias coletivas no final da gestação possuem melhor desempenho lactacional, muito devido ao maior consumo de alimento durante a lactação, e o menor peso ao parto delas pode ser uma das justificativas de tal desempenho.

Nestes diferentes sistemas de alojamento serão encontrados pontos favoráveis e desfavoráveis quanto a resposta de desempenho, principalmente em relação ao ganho de peso e consumo adequado de ração pelas fêmeas gestantes. O fornecimento de quantidades adequadas e de forma individual nas celas é um ponto bastante desejado, mantendo a uniformidade do rebanho na chegada ao parto, de acordo com o programa nutricional desenvolvido. Nas instalações coletivas, quando não existem instalações mais tecnificadas de alimentação computadorizada e automatizadas, a probabilidade de desuniformização de peso das fêmeas, muito em função do exercício da dominância demonstrado por algumas fêmeas no momento de fornecimento do alimento, pode causar problemas e má estruturação das fêmeas ao parto, com fêmeas com escore corporal além ou aquém do desejado.

O desempenho produtivo e de performance no parto é muito dependente de uma adequada alimentação da fêmea suína gestante. A forma de alimentação, com adequado balanço de nutrientes, deve ser trabalhada categorizando a fêmea por tamanho corporal e idade (ordem de parto- leitoas vs porcas) e respeitando as fases gestacionais e suas necessidades diárias.

Apesar dos cálculos predizerem as exigências nutricionais durante toda a fase de gestação, na prática a alimentação das fêmeas é dividida em três estágios e cada um deles necessita de estratégias nutricionais diferenciadas. No primeiro estágio (terço inicial), ocorre a implantação embrionária e a sobrevivência dos embriões é crítica. No segundo, o foco é a recuperação das reservas corporais perdidas na lactação anterior. No terceiro, ocorre o crescimento exponencial dos fetos, anexos placentários e tecido mamário [6].

No primeiro estágio da gestação, as necessidades de nutrientes e de energia das fêmeas são um pouco maiores do que suas necessidades de mantença. A alta ingestão de nutrientes nesta fase poderá acarretar em uma maior perda embrionária [9]. Também poderão ocorrer nesta fase a recuperação do estado corporal de fêmeas que sofreram catabolismo lactacional.

Durante o segundo estágio de gestação, o manejo nutricional deverá ser direcionado para a obtenção de um escore de condição corporal desejável, ou seja, entre 2,5 e 3,0 (em uma escala de 0 a 5) [6]. Fêmeas que estão em estado corporal muito elevado, devem sofrer restrição alimentar, com a diminuição da quantidade de ração fornecida, até atingir a condição ideal. Da mesma forma, fêmeas com escore baixo devem ter um aumento de quantidade consumida, ate atingir a condição ideal.

Na terceira fase de gestação, a necessidade de nutrientes aumenta exponencialmente. Há estimativas de que a retenção de nitrogênio aumenta de 9 a 10 g/dia para 17 a 18 g/dia, do segundo estágio para o terceiro estágio. Além disto, a taxa de deposição protéica nos fetos dobra e no tecido mamário triplica [6]. Estes mesmos autores comentaram que nesta fase deve haver um consumo diário mínimo de ED, para evitar perda de reservas corporais. Segundo os autores, este valor é de 7,5 Mcal ED/dia. Cuidado especial deve se ter com relação às fêmeas de primeira e de segunda ordem de parição, pois seu desenvolvimento corporal ainda não foi completado. Destinar uma ração especifica a estas categorias de fêmeas, sendo estruturalmente possível, pode produzir um efeito benéfico na conformação e composição corporal das fêmeas e uniformidade do grupo.

Deve ser considerado que o maior fornecimento de energia durante a gestação pode resultar em um menor consumo de ração durante a lactação. Portanto, se faz necessária uma perfeita integração entre essas duas fases, para que seja alcançado um melhor desempenho reprodutivo das matrizes, e, consequentemente, uma maior longevidade das mesmas dentro do plantel reprodutivo.

Diante todas as exigências nutricionais, que variam conforme a linhagem genética e idade produtiva das fêmeas, a preparação da fêmea para o momento do parto é dependente de ações de alimentação na proximidade do dia do parto. Algumas são as atitudes que podem ser tomadas neste momento. A transição de uma ração gestação (fornecida até o momento de transferência da fêmea para a maternidade) para uma ração lactação pode refletir em menor volume de bolo fecal no trato digestório no momento do parto e, também, no reflexo do consumo de alimento e produção lactacional posterior ao parto. Alguns trabalhos demonstram que a utilização de uma dieta com alto teor de fibra durante a gestação, acarreta em um pós parto com menores problemas, alem de demonstrarem que existe uma maior procura voluntária pela ração lactação nos primeiros dias de lactação [14]. A recomendação prática para um sistema de alimentação de fêmeas próximas ao parto considera uma diminuição gradativa da quantidade de ração, seja ela com alto teor de fibra ou não, até o dia do parto, quando há privação total de alimento. Toda essa pratica visa dar maior conforto à fêmea no momento do parto, facilitando a passagem dos conceptos pelo canal vaginal, que estará menos comprimido pelo bolo fecal.

 

Transferência para maternidade

Alguns cuidados devem ser tomados no momento da transferência das fêmeas da gestação para a maternidade:

Fig 002

A transferência para a maternidade corresponde à fase final da gestação e para não afetar a mesma devem ser levados em consideração os aspectos colocados no quadro acima. Entende-se que a transferência deva ser feita nas horas mais frescas do dia, para não estressar as fêmeas, o que poderia, comprometer a viabilidade dos leitões e interferir no decurso do parto, caso isto aconteça. Na realidade esta recomendação quase nunca acontece nas granjas, pois ela somente é realizada após o término dos manejos mais importantes realizados pelos funcionários da gestação. Outro fator que deve ser levado em consideração para a transferência é o período antes da data prevista do parto. Calcula-se um período médio de gestação da granja e a transferência deveria ser realizada pelo menos quatro dias antes dessa média, sendo o ideal, sete dias. Mesmo assim, podem ocorrer partos ainda na gestação, pois o período médio de gestação varia de 110 a 120 dias.

Alojamento na maternidade:

Alguns aspectos devem ser levados em consideração no momento do alojamento das fêmeas na maternidade. Não se pode negligenciar que será nesse local que a fêmea permanecerá durante o período pré-parto e lactação. Além disso, uma correta organização de fêmeas através de um bom planejamento, confere um melhor atendimento ao parto pelos funcionários, diminuindo as perdas nesse processo.

o Higienização e Sanitização

É imprescindível que, no momento do alojamento, as instalações e equipamentos da maternidade tenham sido corretamente lavados, desinfetados e passado por um período de vazio sanitário de no mínimo 72 horas.

O objetivo do planejamento da distribuição das fêmeas dentro da cada sala de maternidade é:

Segundo Borges et al.(2005), os principais fatores de risco para natimortos são: leitegadas grandes, fêmeas velhas e com maior duração de parto. Nesse trabalho, fêmeas que pariram mais de 12 leitões tiveram 3,6 vezes mais chance de terem natimortos comparadas àquelas que pariram menos de 10. Da mesma forma, aquelas com OP >5 tiveram 1,7 vezes mais chance do que as com OP entre 2 e 5. Quanto à duração de parto, quando eles foram maior de 3h a chance aumentou 2 vezes comparado a partos mais rápidos (<3h). Portanto, a identificação dessas fêmeas num período pré-alojamento pode subsidiar um planejamento de distribuição delas dentro da sala de maternidade, visto que se podem intensificar as ações e atenção ao parto dessas fêmeas alojando-as próximas.

Obviamente, informações como duração de parto e número de leitões nascidos não são conhecidas antes do parto, assim, pode-se utilizar dados retrospectivos correlacionados para predizer, como por exemplo, o número de leitões nascidos e histórico de distocia em partos anteriores [15]. Da mesma forma, existem outros problemas puerperais e lactacionais que sofrem uma predisposição etária, como por exemplo, distocias, mais comuns em fêmeas mais velhas [19] e síndrome da disgalaxia pós-parto de maior ocorrência em fêmeas jovens (OP 1 e 2) [5]. Assim, o planejamento de alojamento dessas fêmeas na maternidade pode servir como uma prática de prevenção para essas situações ao propiciar maior atenção a essas matrizes.

Além disso, até mesmo um manejo nutricional diferenciado para fêmeas predispostas a um maior grau de catabolismo lactacional pode ser facilitado através desse planejamento. Geralmente, devido a sua menor capacidade de ingestão de alimentos associado ao fato de ainda possuírem exigências nutricionais para crescimento corporal, as primíparas são mais propensas ao déficit nutricional nessa fase. Sabe-se que conforme o grau de catabolismo dessa classe de fêmeas há comprometimento reprodutivo subsequente [26]. Portanto, atenção especial aos aspectos nutricionais pode ser promovido pelo alojamento estratégico delas na maternidade.

Com o advento das prostaglandinas (PGF2α) e seus análogos associadas ou não a ocitócitos, surgiu a possibilidade de induzir e sincronizar os partos para determinados dias da semana ou horas do dia, facilitando o trabalho de assistência ao parto realizada pelos parteiros em cada granja. O objetivo de concentrar os partos é possibilitar que as observações sobre as fêmeas e os seus leitões possam ser intensificadas, permitindo assim:

Protocolos de indução utilizando somente agente luteolítico (PGF2α) podem apresentar resultados distintos se forem consideradas diferentes vias de aplicação ou doses, e até mesmo, entre análogos. Ao comparar fêmeas induzidas aos 112 ou 113 dias de gestação com dinoprost por via IM ou SMV (1/4 da dose) em aplicação única (10 mg) ou duas doses (10 mg + 10 mg), sendo a segunda seis horas após a primeira, Peixoto (2002) observou que aplicação via IM em duas doses obteve maior concentração de partos (64,1%) no período desejado (24-34h após indução) comparado aos outros grupos (34,7-56,3%). Além disso, esse mesmo grupo apresentou menor percentual de fêmeas que atrasaram o parto (>34 horas) comparado aos demais (8% vs 25-41%, respectivamente). No entanto, não houve diferença entre os grupos no percentual de fêmeas que pariram antes de 24 horas após a indução (Tabela 1, experimento 1).

Em outro trabalho, Peixoto (2002) comparou dois análogos de PGF2α (dinoprost e cloprostenol) em diferentes doses (0,06 ou 0,12 mg e 2,5 ou 5,0 mg, respectivamente) pela via SMV e não observou diferenças entre os tratamentos na percentagem de fêmeas que pariram no horário desejado (44-56%), mas ocorreu em relação aos grupos controles (10-13%). Da mesma forma, não houve diferenças entre os grupos induzidos quanto ao percentual de fêmeas que adiantaram (<24h) ou atrasaram o parto (>34h), mas foram diferentes se comparados aos grupos controles (Tabela 1, experimento 2). Já Gheller (2009) observou concentração de 87,3 e 56,3% de fêmeas parindo 30 horas após o tratamento para grupo induzido e controle, respectivamente.

Fig 003

A utilização de produtos ocitócitos associado a agentes luteolíticos (PGF2α) para a indução de partos em suínos tem demonstrado proporcionar uma melhor sincronização dos partos. Contudo, vários fatores devem ser levados em consideração para o sucesso do manejo.

A necessidade de receptores para a ligação da ocitocina nas células mioepiteliais respalda a sua utilização somente a partir de 24 horas que antecedem o parto, período quando esses receptores são expressos mediados pela secreção de estradiol [1]. Isso subsidia a aplicação de PGF2α 24 horas anterior à de ocitocina para garantir a presença destes receptores.

Gheller (2009) utilizou-se de aplicação IM de ocitocina (10UI) ou carbetocina (0,1 ou 0,05 mg) 24 horas após a aplicação SMV de 0,175 mg de cloprostenol e encontrou percentuais superiores a 91% e 97% das fêmeas parindo em duas e seis horas, respectivamente, após o tratamento em todos os grupos. Os grupos com aplicação de ocitócitos não diferiram entre eles no intervalo indução/parto, mas em contrapartida, divergiram do grupo submetido apenas ao tratamento com 0,175 mg de cloprostenol (SMV) (Figura 1).

Fig 004

O atendimento ao parto visa a obtenção de um maior número de leitões nascidos vivos e continuidade da vida reprodutiva da matriz. O atendimento ou auxílio ao parto deve ser realizado por pessoas com treinamento e experiência com o objetivo de realizar intervenções dirigidas àquelas fêmeas que realmente apresentam necessidade de auxílio. Uma sequência de atendimento ao parto foi descrita por Wentz et al. (2009), onde é chamada a atenção sobre os tipos de distocias e os sintomas apresentados. Da mesma forma, é sugerida a identificação correta dos sintomas nas diferentes distocias, para se poderem aplicar de forma correta os tratamentos ou os auxílios. Deve-se considerar que as intervenções obstétricas durante o parto, quando mal conduzidas, podem trazer grandes prejuízos a saúde genital da fêmea com conseqüências danosas para a produção de leite e o desempenho dos leitões, e pode afetar o desempenho reprodutivo subseqüente da matriz.

Assim, cada granja junto com os funcionários que atuam na maternidade, deveriam elaborar em conjunto um protocolo de auxílio ao parto, para evitar erros grosseiros no acompanhamento dos partos e atendimento às fêmeas com partos distócicos e mesmo aos leitões recém nascidos.

 

CONCLUSÃO

A preparação da matriz para o parto inicia com a cobertura e tem continuidade ao longo de todo o período de gestação. Muitas vezes fatores importantes ao longo desse período são negligenciados pelo simples fato de estar gestante. Fatores como alojamento e ambiência, nutrição nas diferentes fases de gestação, aplicação de medicamentos e vacinas, a transferência e a alocação das matrizes na maternidade considerando as diferentes ordens de parto bem como fatores de risco para patologias, a indução do parto e o auxílio ao parto, quando absolutamente necessário, são muito importantes para a produção de uma leitegada com saúde e a continuidade da vida reprodutiva da fêmea.


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