Autor : Luiz Eduardo Ristow.
INTRODUÇÃO
O hemograma é o exame de sangue mais importante
devido à sua praticidade, economia e utilidade. Sendo o sangue responsável pela homeostasia do organismo e o hemograma um exame geral do
animal, o hemograma oferece informações que podem ser utilizadas como
ferramenta pelo veterinário para, em associação a outros sinais e exames,
realizar a busca diagnóstica.
Assim sendo, o hemograma deve ser solicitado por
várias razões, entre elas em um procedimento de triagem para avaliar a saúde
dos animais e do rebanho, na busca do diagnóstico ou prognóstico, e ainda para
verificar a habilidade corporal às infecções e para monitoramento do progresso
de certas doenças. O histórico, o exame de rebanho e outros testes
laboratoriais são essenciais para a interpretação dos dados hematológicos que
serão objetos de investigação.
COMO COLETAR
1- Veia Cava Anterior: deve ser feita do lado
direito do animal devido a menor inervação do nervo
vago inserindo a agulha no final do leito jugular;
2- Veia jugular: a agulha é inserida na veia
jugular do lado direito;
Figura 1 – Médoto de contenção.
CUIDADOS COM O MATERIAL
Uma colheita e acondicionamento adequados devem
seguir rigidamente os métodos preconizados pela técnica, bem como estarem
condizentes com o procedimento do laboratório que irá processar o material.
Mesmo com a diversidade de amostras a serem colhidas, algumas regras básicas
são comuns a todas. A mais importante delas talvez seja aadequada
identificação da amostra, tanto junto ao frasco ou embalagem do material, como
na ficha de solicitação do exame (enviada juntamente com o material). O
material deve ser remetido sob refrigeração e o mais rápido possível.
A identificação da amostra deve ser feita de modo
a não se destacar ou sair durante o acondicionamento, principalmente quando a
amostra estiver sob refrigeração ou com cubos de gelo em caixa de isopor. O
número do animal deve ser claro, escrito em letras nítidas, se possível com a data
de colheita.
SÉRIE VERMELHA
O hemograma completo inclui todos os testes
laboratoriais utilizados para examinar as células contidas no sangue
periférico.
As células são classificadas como eritrócitos
(células vermelhas - RBC), leucócitos (células brancas - WBC) e plaquetas. Sua
contagem é realizada pelo método automatizado, sendo a contagem diferencial de
leucócitos e a descrição morfológica feitos mediante exame microscópico do
esfregaço sanguíneo por profissionais capacitados em análises clínicas
veterinárias.
O hematócrito (HT
ou HTC) refere-se à percentagem ocupada pelos glóbulos vermelhos ou hemácias no
volume total de sangue. Caso o valor seja inferior à média, significa que
existe pouca quantidade de glóbulos vermelhos circulantes. Podem ser obtidas
alterações falsas como a diminuição do HTC devido a excesso de EDTA, amostras
velhas sem refrigeração ou refrigeradas por longos períodos. Caso o HTC
apresente valor superior à média, significa que existe uma quantidade maior de
glóbulos vermelhos para o volume de sangue, podendo ser falsamente aumentado
quando o animal se encontra desidratado ou a colheita do sangue tiver sido
realizada sob situação de excitação ou stress.
Os eritrócitos ou hemácias servem
como veículos de transporte mediante a aquisição de oxigênio no pulmão,
carreando o O2 para as células desprovidas de oxigênio, trocando e
carreando o dióxido de carbono de volta aos pulmões para liberação via
expiração. Ahemoglobina é o
principal componente dos eritrócitos e é responsável pelo transporte de
oxigênio e dióxido de carbono. Esse ciclo é continuo e repetido por toda a
vida do eritrócito. Os eritrócitos são descritos pelo seu tamanho, formato e
grau de palidez central.
Figura 2: Hemácia, um trombócito
e um leucócito. Fonte: Wikipedia.
SÉRIE BRANCA
As células brancas são menos numerosas que os
eritrócitos e realizam suas funções predominantemente nos tecidos. O
número total circulante reflete o equilíbrio entre o fornecimento e a demanda,
variando entre as espécies. Há uma discreta variação de acordo com a idade, mas
a contagem total mantém-se normal.
A contagem diferencial de leucócitos pode
ser apresentada em números relativos (%) e/ou absolutos (número por microlitro). A interpretação deve ser
baseada, de preferência nos números absolutos, principalmente nos casos em que
a contagem global se apresentar elevada ou muito baixa.
Os leucócitos são classificados em granulócitos (neutrófilos, eosinófilos
e basófilos) e agranulócitos (linfócitos
e monócitos).
Neutrófilos: Representam
uma das principais linhas de defesa do organismo, principalmente por bactérias.
Encontra-se em maior porcentagem na contagem global total. Possuem a função
básica de fagocitose e morte de microrganismos. Subdividem-se em dois tipos:
adultos (maduros, segmentados), caracterizados por
possuírem núcleos lobulados e bastonetes (imaturos, não
segmentados). A média de vida desse grupo celular é de 9 dias.
Linfócitos: Ocupam o
segundo lugar em número na corrente sanguínea. São componentes fundamentais do
sistema imune. Possuem particularidade de recircular e preservar a capacidade
de mitose. São constituídos por subpopulações
distintas quanto às suas funções. Linfócitos B (produtores de anticorpos) e
linfócitos T, que possuem função de regular as respostas imunes aos antígenos
protéicos e servir como células efetoras para eliminação de microrganismos
intracelulares.
Eosinófilos: Constituem
cerca de 2% da contagem total. Sua produção encontra-se aumentada nas infecções
parasitárias. Participa também na resposta aguda inflamatória.
Monócitos: Desempenham
papel importante na defesa contra microrganismos intracelulares como
fungos, vírus e algumas bactérias. Atuam também na
formação da resposta imune por atuarem como células apresentadoras de
antígenos. São importantes também no processo inflamatório por secretarem
substâncias biologicamente ativas e serem responsáveis pela remoção e
processamento de células senescentes e debris,
filtração de bactérias e toxinas do sangue portal. Os monócitos após entrarem
na circulação permanecem no máximo 24 horas e migram para tecidos nos quais se
diferenciam em macrófagos.
Basófilos: Tal grupo
celular assemelha-se aos grandes mastócitos. Liberam heparina, impedindo a coagulação sanguínea assim como
aceleram a remoção de partículas de gordura do sangue. Constitui a classe menos
numerosa de leucócitos e não são frequentemente
observados.
O HEMOGRAMA + LEUCOGRAMA SÃO IMPORTANTES
PARA DETECTAR:
Anemias como: anemias ferropriva em animais jovens (má aplicação de ferro ou
mesmo produtos de baixa qualidade); anemia em adultos (PCV2-Circovírus
lesa tecidos renais que produzem eritropoietina,
estimulante da medula a produzir hemácias), além das tradicionais verminoses
que ainda ocorrem em suínos em sistema criados em instalações que utilizam
cama, lâmina d'agua; etc.
Leucopenia é
importante para detecção de infecções virais, como tem havido muito em leitões
com Influenza ou mesmo outras viroses.
A Leucocitose já aparece
confirmando casos de infecções bacterianas (primarias ou mesmo secundarias).
Como se trata de saúde de população, SEMPRE recomendamos realizar uma amostragem adequada. O número de
amostras deve ser correto para ter validade, boa
interpretação dos resultados e perfeita implantação de medidas corretivas e
preventivas, isto porque um número baixo de amostras pode levar a resultados de
pouco valor diagnóstico e epidemiológico.
De um modo prático, recomendamos que sejam remetidas 5-10 amostras de animais doentes e 5-10 amostras de animais ao caso para monitoria do estado de saúde do lote.