DIAGNÓSTICO SOROLÓGICO
DE DOENÇAS CAUSADORAS DE FALHAS REPRODUTIVAS – PARTE I
INTRODUÇÃO
Nos últimos anos, houve grande
desenvolvimento no sistema de produção de suínos, principalmente quanto à
genética, nutrição, manejo e sanidade. Os animais passaram a ser criados de
forma cada vez mais intensiva, os rebanhos ficaram maiores e, conseqüentemente,
com maior predisposição às doenças, dentre elas, as doenças reprodutivas. Estas
são consideradas as maiores causadoras de prejuízo econômico no setor.
A monitoria é uma ferramenta importante para o conhecimento do perfil sanitário
de uma granja. É um dos componentes capazes de garantir que a produção não
sofra influência negativa das doenças, assegurando bons índices produtivos e
segurança alimentar ao consumidor.
Embora o método mais seguro de diagnosticar uma
infecção seja o isolamento e
caracterização do agente infeccioso, isto nem sempre
é possível de ser
alcançado devido à localização do agente
(ex. encéfalo), a não disposição de
métodos simples, práticos e/ou seguros para o isolamento
e cultivo do agente
infeccioso (ex. vírus). Além disso, a
administração de drogas anti-infecciosas inibem o crescimento in vitro. Nessas circunstâncias, as técnicas de imunodiagnóstico são muito importantes, já que
permitem confirmar a infecção através da presença de antígenos ou anticorpos
dos agentes infecciosos.
PARVOVIROSE SUÍNA (PVS)
A
PVS está amplamente distribuída na
população suína mundial, tanto doméstica
quanto selvagem, sendo raras as
granjas livres do vírus. A possibilidade de sua presença
deve ser lembrada
sempre que forem observados sinais clínicos como retorno ao cio,
atraso na data
de parição, presença de fetos mumificados,
natimortos e leitegadas com reduzido
número de leitões, especialmente em fêmeas de
primeiro e segundo parto. Também
pode ocorrer baixo volume abdominal durante a gestação,
ocorrência de falsa
gestação e diminuição do ganho de peso das
fêmeas no último mês de gestação.
No Brasil, estudos sorológicos
utilizando a prova de inibição da hemaglutinação (HI) em suínos provenientes de granjas comerciais indicaram que
o vírus já está estabelecido no país há pelo menos duas décadas. Outros
trabalhos relataram a soroprevalência do PVS superior
a 80% em granjas comerciais, demonstrando que o vírus circula no plantel de
suínos brasileiro.
A doença ocorre quando as fêmeas,
que apresentam baixos títulos de anticorpos, adquirem o vírus durante a
gestação e, como o Parvovírus suíno apresenta avidez
por células em divisão, o feto e o envoltório fetal podem ser atingidos.
Raramente afeta leitões, pois são considerados imunes por possuírem anticorpos
protetores adquiridos através do colostro. Esta imunidade passiva diminui
progressivamente, permanecendo até quatro a seis meses de idade. Após o
amadurecimento do sistema imune, os animais adquirem imunidade ativa contra o Parvovírus suíno que, aparentemente, persiste por toda a
vida do animal, podendo ser reforçada por repetidas exposições ao vírus de
campo.
Podem-se definir duas formas para um
suíno se infectar com o Parvovírus suíno: a transmissão
horizontal onde o animal entra em contato com o vírus presente em fezes,
secreções, fetos ou materiais infectados no ambiente e a vertical, que é
passada da mãe para a leitegada via intra-uterina.
O diagnóstico envolve a observação
dos sinais e sintomas reprodutivos, devendo ser confirmado por exames
laboratoriais. Como os fetos/leitões podem carrear vírus ou ter anticorpos,
deve-se usar um conjunto de técnicas buscando a detecção do agente, como hemaglutinação e a inibição
da hemaglutinação (HI).
De uma forma geral, a distinção
entre títulos vacinais e oriundos de desafios de campo poderia ser realizada
através do nível de anticorpos, por que a estimulação humoral realizada pelas
vacinas geralmente não excede títulos de 512.
É imprescindível fazer o diagnóstico diferencial para leptospirose, brucelose e doença de Aujeszky, com testes sorológicos, uma vez que os sinais podem ser
semelhantes.
SÍNDROME RESPIRATÓRIA E REPRODUTIVA SUÍNA (PRRS)
A PRRS (Porcine
Reproductive and Respiratory Syndrome) é uma
doença viral infecto-contagiosa, de elevada importância econômica,
caracterizada por falhas reprodutivas em porcas e problemas respiratórios em
leitões e suínos em crescimento e terminação.
Ressalta-se que não há evidências
clínicas, laboratoriais ou epidemiológicas que justificassem a presença do
vírus no rebanho brasileiro. O longo período de transmissibilidade e a
movimentação de animais infectados foram importantes causas dos surtos da
doença na Europa. Também, devido a isso, a enfermidade pode facilmente ser
introduzida em outros países, através da importação de animais infectados.
O diagnóstico é baseado nos sinais
clínicos (figura 1), nas lesões, na epidemiologia e nos achados virológicos e sorológicos. O diagnóstico também pode ser
feito pela detecção de anticorpos específicos por testes de ELISA por exemplo.
Figura 1: Na fase aguda são observados sinais reprodutivos como aumento de
leitões natimortos. Fonte: thepigsite
O diagnóstico diferencial da PRRS deve
ser realizado para Parvovírus Suíno, Doença
de Aujeszky, Circovírus
tipo 2, Enterovírus Suíno, Vírus da Influenza Suína,
Peste Suína Clássica, Citomegalovírus e Leptospirose.
De acordo com a Instrução Normativa
31, de 10 de maio de 2002, do MAPA, os suínos destinados à exportação para o
Brasil serão submetidos a testes de diagnóstico durante a quarentena na origem
e no destino. O Certificado Zoossanitário para
exportação para o Brasil, de suínos destinados à reprodução, contido nessa
Instrução Normativa, determina que na quarentena, os animais deverão ser
submetidos ao teste de ELISA para detecção de anticorpos contra PRRS. Além
disso, devem ser realizados outros testes para detecção de Brucelose,
Tuberculose, Peste Suína Clássica, Doença de Aujeszky,
Gastroenterite Transmissível (TGE), Encefalomielite
por Enterovírus e Leptospirose.
Os animais importados destinados a
estabelecimentos criadores que possuem certificação do Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento como livres de rinite
atrófica progressiva, pneumonia enzoótica (Mycoplasma hyopneumoniae), pleuropneumonia
contagiosa suína (Actinobacillus pleuropneumoniae), disenteria suína (Brachyspira hyodysenteriae),
deverão ser submetidos aos testes de diagnóstico para estas doenças durante a
quarentena.
DOENÇA DE AUJESZKY (DA)
A Doença de Aujeszky
(DA) é uma doença infecto-contagiosa que tem como hospedeiros primários os suídeos (suínos domésticos e selvagens). Estes podem
apresentar infecção latente, o que não acontece com outras espécies animais.
Nos gatos, cães e bovinos, o vírus produz encefalite de curso agudo fatal, o
que reduz a importância epidemiológica desses hospedeiros na manutenção e
disseminação da enfermidade. A ocorrência da doença nessas espécies, no
entanto, pode servir como indicador epidemiológico da presença de atividade
viral.
Os sinais clínicos da infecção pelo vírus da doença de Aujeszky
(VDA) variam de acordo com fatores epidemiológicos como endemicidade
e suscetibilidade dos indivíduos. A ocorrência do VDA em áreas endêmicas é
associada a manifestações reprodutivas. A introdução do vírus em rebanhos
livres resulta em sinais clínicos característicos. Em animais jovens predominam
sinais neurológicos com a taxa de mortalidade aproximando-se dos 100%. Animais
adultos apresentam febre, taxas variáveis de aborto, reabsorção fetal,
dificuldade respiratória e eventualmente vômitos. A mortalidade nessa faixa
etária é geralmente baixa. As perdas ocorrem por transtornos reprodutivos e transtornos
respiratórios em animais da terminação com estabelecimento de infecção latente
em suínos e recorrência viral.
A propriedade biológica de maior importância epidemiológica do VDA é a
capacidade de estabelecer infecções latentes no sistema nervoso do hospedeiro
após a infecção aguda. A infecção latente persiste por toda a vida do animal,
podendo ser reativada natural e/ou experimentalmente, resultando em excreção e
transmissão de vírus. Por isso, os animais soropositivos constituem-se
em reservatórios e fontes potenciais de disseminação do VDA.
A primeira notificação no Brasil ocorreu em 1912, desde então, já foi
identificada nos estados de Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Paraná, Minas
Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Ceará, Goiás, Mato Grosso do Sul e
Distrito Federal. Nos últimos anos, a infecção foi mais freqüentemente relatada
em Santa Catarina, o que levou a implementação de um
programa de erradicação.
Figura 2: Mapa atual de distribuição
da Doença de Aujeszky (Jul-Dez
2011). Fonte: OIE.
Os testes imunoenzimáticos do tipo ELISA são muito utilizados devido à sua
alta sensibilidade, especificidade, capacidade de processamento de grande
número de amostras, relativa rapidez de execução e, além disso, estabilidade
dos reagentes.
O teste de ELISA realizado no TECSA Laboratórios é um imunoensaio enzimático para a detecção de anticorpos em
soro suíno contra o antígeno do vírus da pseudoraiva
(PRV/Doença de Aujeszky). A presença de anticorpos ao
gpl indica exposição à cepa de campo e/ou vacinas
contendo antígeno gpl. Quando usado com vacina “VDA gpl deletado” é um teste
diferenciado para pseudoraiva.
Texto compilado da Tese de
Elena Souza de Lima, 2010.
CODIGO |
EXAMES |
PRAZO DIAS |
S81 |
CHECK UP DOENÇAS REPRODUTIVAS Exames: Parvovirose; Leptospirose; Erisipela; Doença de Aujeszky;
PRRS; Toxoplasmose Material: 20 Soros de Matrizes/Reprodutoras |
5 |
S10 |
PARVOVIROSE - HI Material: Sangue total ou soro. |
3 |
S11 |
PESQUISA PARVOVIROSE Material: Feto ou tecidos fetais. |
3 |
S06 |
PRRS - ELISA Material: Sangue total ou soro. |
5 |
S33 |
AUJESZKY Material: Sangue total ou soro. |
3 |
V04B |
VACINA
AUTOGENA CONTRA HPS + STREPTO |
15 |
V06 |
VACINA
AUTOGENA CONTRA COLIBACILOSE + CLOSTRIDIOSE |
15 |