Informativo Técnico Nº. 174

DIAGNÓSTICO SOROLÓGICO DE DOENÇAS CAUSADORAS DE FALHAS REPRODUTIVAS – PARTE I

 

INTRODUÇÃO

 

Nos últimos anos, houve grande desenvolvimento no sistema de produção de suínos, principalmente quanto à genética, nutrição, manejo e sanidade. Os animais passaram a ser criados de forma cada vez mais intensiva, os rebanhos ficaram maiores e, conseqüentemente, com maior predisposição às doenças, dentre elas, as doenças reprodutivas. Estas são consideradas as maiores causadoras de prejuízo econômico no setor.

            A monitoria é uma ferramenta importante para o conhecimento do perfil sanitário de uma granja. É um dos componentes capazes de garantir que a produção não sofra influência negativa das doenças, assegurando bons índices produtivos e segurança alimentar ao consumidor.

            Embora o método mais seguro de diagnosticar uma infecção seja o isolamento e caracterização do agente infeccioso, isto nem sempre é possível de ser alcançado devido à localização do agente (ex. encéfalo), a não disposição de métodos simples, práticos e/ou seguros para o isolamento e cultivo do agente infeccioso (ex. vírus). Além disso, a administração de drogas anti-infecciosas inibem o crescimento in vitro. Nessas circunstâncias, as técnicas de imunodiagnóstico são muito importantes, já que permitem confirmar a infecção através da presença de antígenos ou anticorpos dos agentes infecciosos.

 

PARVOVIROSE SUÍNA (PVS)

 

A PVS está amplamente distribuída na população suína mundial, tanto doméstica quanto selvagem, sendo raras as granjas livres do vírus. A possibilidade de sua presença deve ser lembrada sempre que forem observados sinais clínicos como retorno ao cio, atraso na data de parição, presença de fetos mumificados, natimortos e leitegadas com reduzido número de leitões, especialmente em fêmeas de primeiro e segundo parto. Também pode ocorrer baixo volume abdominal durante a gestação, ocorrência de falsa gestação e diminuição do ganho de peso das fêmeas no último mês de gestação.

No Brasil, estudos sorológicos utilizando a prova de inibição da hemaglutinação (HI) em suínos provenientes de granjas comerciais indicaram que o vírus já está estabelecido no país há pelo menos duas décadas. Outros trabalhos relataram a soroprevalência do PVS superior a 80% em granjas comerciais, demonstrando que o vírus circula no plantel de suínos brasileiro.

A doença ocorre quando as fêmeas, que apresentam baixos títulos de anticorpos, adquirem o vírus durante a gestação e, como o Parvovírus suíno apresenta avidez por células em divisão, o feto e o envoltório fetal podem ser atingidos. Raramente afeta leitões, pois são considerados imunes por possuírem anticorpos protetores adquiridos através do colostro. Esta imunidade passiva diminui progressivamente, permanecendo até quatro a seis meses de idade. Após o amadurecimento do sistema imune, os animais adquirem imunidade ativa contra o Parvovírus suíno que, aparentemente, persiste por toda a vida do animal, podendo ser reforçada por repetidas exposições ao vírus de campo.

Podem-se definir duas formas para um suíno se infectar com o Parvovírus suíno: a transmissão horizontal onde o animal entra em contato com o vírus presente em fezes, secreções, fetos ou materiais infectados no ambiente e a vertical, que é passada da mãe para a leitegada via intra-uterina.

O diagnóstico envolve a observação dos sinais e sintomas reprodutivos, devendo ser confirmado por exames laboratoriais. Como os fetos/leitões podem carrear vírus ou ter anticorpos, deve-se usar um conjunto de técnicas buscando a detecção do agente, como hemaglutinação e a inibição da hemaglutinação (HI).

De uma forma geral, a distinção entre títulos vacinais e oriundos de desafios de campo poderia ser realizada através do nível de anticorpos, por que a estimulação humoral realizada pelas vacinas geralmente não excede títulos de 512.

É imprescindível fazer o diagnóstico diferencial para leptospirose, brucelose e doença de Aujeszky, com testes sorológicos, uma vez que os sinais podem ser semelhantes.

 

 

SÍNDROME RESPIRATÓRIA E REPRODUTIVA SUÍNA (PRRS)

 

A PRRS (Porcine Reproductive and Respiratory Syndrome) é uma doença viral infecto-contagiosa, de elevada importância econômica, caracterizada por falhas reprodutivas em porcas e problemas respiratórios em leitões e suínos em crescimento e terminação.

Ressalta-se que não há evidências clínicas, laboratoriais ou epidemiológicas que justificassem a presença do vírus no rebanho brasileiro. O longo período de transmissibilidade e a movimentação de animais infectados foram importantes causas dos surtos da doença na Europa. Também, devido a isso, a enfermidade pode facilmente ser introduzida em outros países, através da importação de animais infectados.

O diagnóstico é baseado nos sinais clínicos (figura 1), nas lesões, na epidemiologia e nos achados virológicos e sorológicos. O diagnóstico também pode ser feito pela detecção de anticorpos específicos por testes de ELISA por exemplo.

 

Fig 01
Figura 1: Na fase aguda são observados sinais reprodutivos como aumento de leitões natimortos. Fonte: thepigsite

 

O diagnóstico diferencial da PRRS deve ser realizado para Parvovírus Suíno, Doença de Aujeszky, Circovírus tipo 2, Enterovírus Suíno, Vírus da Influenza Suína, Peste Suína Clássica, Citomegalovírus e Leptospirose.

De acordo com a Instrução Normativa 31, de 10 de maio de 2002, do MAPA, os suínos destinados à exportação para o Brasil serão submetidos a testes de diagnóstico durante a quarentena na origem e no destino. O Certificado Zoossanitário para exportação para o Brasil, de suínos destinados à reprodução, contido nessa Instrução Normativa, determina que na quarentena, os animais deverão ser submetidos ao teste de ELISA para detecção de anticorpos contra PRRS. Além disso, devem ser realizados outros testes para detecção de Brucelose, Tuberculose, Peste Suína Clássica, Doença de Aujeszky, Gastroenterite Transmissível (TGE), Encefalomielite por Enterovírus e Leptospirose.

Os animais importados destinados a estabelecimentos criadores que possuem certificação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento como livres de rinite atrófica progressiva, pneumonia enzoótica (Mycoplasma hyopneumoniae), pleuropneumonia contagiosa suína (Actinobacillus pleuropneumoniae), disenteria suína (Brachyspira hyodysenteriae), deverão ser submetidos aos testes de diagnóstico para estas doenças durante a quarentena.

 

DOENÇA DE AUJESZKY (DA)

 

A Doença de Aujeszky (DA) é uma doença infecto-contagiosa que tem como hospedeiros primários os suídeos (suínos domésticos e selvagens). Estes podem apresentar infecção latente, o que não acontece com outras espécies animais. Nos gatos, cães e bovinos, o vírus produz encefalite de curso agudo fatal, o que reduz a importância epidemiológica desses hospedeiros na manutenção e disseminação da enfermidade. A ocorrência da doença nessas espécies, no entanto, pode servir como indicador epidemiológico da presença de atividade viral.

            Os sinais clínicos da infecção pelo vírus da doença de Aujeszky (VDA) variam de acordo com fatores epidemiológicos como endemicidade e suscetibilidade dos indivíduos. A ocorrência do VDA em áreas endêmicas é associada a manifestações reprodutivas. A introdução do vírus em rebanhos livres resulta em sinais clínicos característicos. Em animais jovens predominam sinais neurológicos com a taxa de mortalidade aproximando-se dos 100%. Animais adultos apresentam febre, taxas variáveis de aborto, reabsorção fetal, dificuldade respiratória e eventualmente vômitos. A mortalidade nessa faixa etária é geralmente baixa. As perdas ocorrem por transtornos reprodutivos e transtornos respiratórios em animais da terminação com estabelecimento de infecção latente em suínos e recorrência viral.

            A propriedade biológica de maior importância epidemiológica do VDA é a capacidade de estabelecer infecções latentes no sistema nervoso do hospedeiro após a infecção aguda. A infecção latente persiste por toda a vida do animal, podendo ser reativada natural e/ou experimentalmente, resultando em excreção e transmissão de vírus. Por isso, os animais soropositivos constituem-se em reservatórios e fontes potenciais de disseminação do VDA.

            A primeira notificação no Brasil ocorreu em 1912, desde então, já foi identificada nos estados de Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Paraná, Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Ceará, Goiás, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal. Nos últimos anos, a infecção foi mais freqüentemente relatada em Santa Catarina, o que levou a implementação de um programa de erradicação.

 

Fig 02

Figura 2: Mapa atual de distribuição da Doença de Aujeszky (Jul-Dez 2011). Fonte: OIE.

 

            Os testes imunoenzimáticos do tipo ELISA são muito utilizados devido à sua alta sensibilidade, especificidade, capacidade de processamento de grande número de amostras, relativa rapidez de execução e, além disso, estabilidade dos reagentes.

            O teste de ELISA realizado no TECSA Laboratórios é um imunoensaio enzimático para a detecção de anticorpos em soro suíno contra o antígeno do vírus da pseudoraiva (PRV/Doença de Aujeszky). A presença de anticorpos ao gpl indica exposição à cepa de campo e/ou vacinas contendo antígeno gpl. Quando usado com vacina “VDA gpl deletado” é um teste diferenciado para pseudoraiva.

 

 Texto compilado da Tese de Elena Souza de Lima,  2010.

 

CODIGO

EXAMES

PRAZO DIAS

S81

CHECK UP DOENÇAS REPRODUTIVAS

Exames: Parvovirose; Leptospirose; Erisipela; Doença de Aujeszky; PRRS; Toxoplasmose

Material: 20 Soros de Matrizes/Reprodutoras

5

S10

PARVOVIROSE - HI

Material: Sangue total ou soro.

3

S11

PESQUISA PARVOVIROSE

Material: Feto ou tecidos fetais.

3

S06

PRRS - ELISA    

Material: Sangue total ou soro.

5

S33

AUJESZKY

Material: Sangue total ou soro.

3

V04B

VACINA AUTOGENA CONTRA HPS + STREPTO

15

V06

VACINA AUTOGENA CONTRA COLIBACILOSE + CLOSTRIDIOSE

15

 


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