SUINOCULTURA.

Informativo Técnico N. 182

FUNGOS ( Fusarium)

FUSARIUM (F.graminearum e F.roseum) produzem a toxina (zearalenona) com atividade estrógena causando distúrbios reprodutivos como veremos a seguir.

O fungos desta espécie (fusarium), são de ocorrência quase que por predileção nas próprias lavouras, infestando as áreas agrícolas, principalmente milho, ainda antes da colheita, se bem que poderá contaminar estes cereais por ocasião da colheita e ou transporte e finalmente na armazenagem, quando armazenamos grãos, em silos ou armazéns fechados sem aeração (ventilação forçada). Principalmente quando o fungo encontra condições satisfatórias para proliferar, como temperaturas e umidade altas e ainda grandes variações de temperatura em um mesmo período e pouca ventilação.

Temos observado ao longo nos últimos anos, em épocas distintas, normalmente no início das safras de milho/sorgo onde estes cereais são colhidos e estocados com umidade acima de 15% em algumas regiões; e em outras granjas onde o estoque de matérias-primas como milho, sorgo, quirera de arroz, farelo de soja, farelo de arroz, ou ainda farelo de trigo, são mal armazenadas, ou estocadas por longos períodos predispondo ao aparecimento de zearalenona.

A zearalenona quando ingerida pelos suínos tem um ação hormonal estrogênica, inibindo a ação da progesterona.

Uma vez contaminado o sistema de produção de ração, como armazéns, silos, roscas transportadoras, elevadores, balanças, trituradores e misturadores, deveremos proceder uma limpeza rigorosa em todo o sistema, para eliminarmos o problema antes de recebermos novo estoque de matéria-prima.

Sintomatologia:

Já no inicio do consumo das rações contaminadas pelo zearalenona, observamos o seguinte quadro:

Partos prematuros ocorrendo por volta de 110/111 dias de gestação. Com grande número de leitões inviáveis, com baixo peso ao nascer, com mortalidade e ou natimortalidade muito alta.

Partos atrasados ocorrendo por volta de 116/118 dias de gestação. Com o nascimento de grande número de leitões natimortos. Ocorrência de grande número de leitões em uma mesma leitegada com problema de perna aberta, principalmente quando a ingestão de ingredientes contaminados ocorre no terço final da gestação.

E observamos ainda, partos anormais, onde as matrizes iniciam ao parto sem ao menos nenhum sintoma, não fazem força, e percebe-se claramente que não existe contração ou dilatação suficiente para um parto normal, e quase sempre após parir 3 a 4 leitões, estas matrizes, se apresentam em um estado de tranqüilidade, (chegando a dormir), e as vezes 2 a 3 dias após expelem o restante da leitegada com todos os leitões natimortos.

Incidência de leitões (fêmeas) na maternidade ou ainda, leitoas na fase de crescimento com vulva avermelhada e inchada; ou ainda fêmeas (leitoas) apresentando o aparelho mamário edemaciado.

Observamos ainda com alguma regularidade animais; machos castrados e fêmeas ainda na idade de crescimento por volta de 120 a 130 dias de idade, ou até menos, já montando uns nos outros.

Aparecimento de cio, e quase sempre infértil, em matrizes lactantes, por volta de 17 a 21 dias de lactação.

Retorno de cio em matrizes desmamadas por volta de 1 a 3 dias após a desmama.

Problemas de prolapso retal e ou vaginal em animais na terminação.

Partos com pequenas leitegadas, de 1 a 6 leitões, e mesmo os partos que ocorrem em períodos normais (114 dias), podemos observar grande número de natimortos.

Repetições de cio acima de 21% devido a problemas de fertilidade dos reprodutores, pois a toxina zearalenona está diminuindo espermatogênese.

Desenvolvimento retardado nos animais de crescimento e terminação.

A ocorrência dos sintomas acima, isolados ou associados é um grande indicativo de temos na granja problemas de contaminação por fungos, que são centenas, mas neste trabalho técnico estamos abordando a incidência do FUSARIUM, que produz a toxina ZEARALENONA que tem sido a mais comum, e observada com bastante regularidade nas granjas do Brasil Central, e que tem causado prejuízos principalmente do aspecto reprodutivo em boa parte das granjas.

Procedimentos para controle:

Baixar os estoques de matérias-primas, e não estocar farelo de soja por mais de 20 dias e principalmente o farelo de trigo, farelo de arroz, por mais de 15 dias.

Não armazenar milho com mais de 13,5% de umidade.

Rever o sistema (silos) de armazenamento de milho e eliminar pontos onde eventualmente possa ficar aderido crostas ou resíduos que estarão disseminando o fungo em todo o sistema. E checar se está havendo infiltrações (água) ou se o silo está "suando" por dentro.

Promover uma limpeza rigorosa em todo o sistema de produção de rações, como já alertado acima.

Quando usamos rações ensacadas que são transportadas da fábrica de rações, para a granja, e a mesma sacaria é usada diversas viagens, trocar periodicamente estas embalagens, pelo menos uma vez por mês.

Ficar atento com os sintomas acima descritos, e estar alerta para o início de qualquer ocorrência.

sossuinos@uol.com.br


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