SUINOCULTURA

S.O.S. Suínos

Informativo Técnico 19

PESO ÓTIMO PARA ABATE DE SUÍNOS

O peso vivo entre 90 e 100 Kg tem sido o mais comum para abate de suínos em diversos países, embora sejam encontradas variações desde 50 Kg, usado para o chamado suínos leve no Reino Unido, ate 150 a 200 Kg usado na Itália para produção de pernil parma.

Muitos são os questionamentos sobre o peso ideal para abate dos suínos, pois nesta decisão estão envolvidos muitos fatores, tais como: implicações sobre o manejo da granja, sobre o custo de cada Kg de suíno produzido decorrente das variações na eficiência de conversão alimentar e ou, outros custos variáveis, sobre o giro do capital empregado na atividade e sobre vários aspectos da qualidade de carcaça.

As decisões neste sentido são complexas porque muitos destes fatores estão sujeitos a flutuações acentuadas como no caso do custo da alimentação, preço do suíno abatido e custos financeiros. Entretanto, as alterações nos parâmetros biológicos inerentes à eficiência de crescimento e à qualidade de carcaça são previsíveis com razoável grau de segurança e o objetivo deste documento é exatamente quantificar estas variações para serem usadas como uma referencia pelos suinocultores e pela industria de abate e processamento de suínos. Obviamente, no caso em que o produtor também industrializa seus próprios cevados a decisão referente ao melhor peso para abate se torna muito mais relevante e, ao mesmo tempo, bem mais complexa porque é necessário conciliar as implicações da variação do peso final no custo de produção do cevado com as conseqüências no valor das carcaças, aspectos estes muitas vezes conflitantes.

A tipificação de carcaças suínas, que já está iniciando em algumas industrias brasileiras e espera-se sua difusão gradativa para a grande parte dos frigoríficos, é um mecanismo de pagamento mais justo pelos suínos abatidos porque estabelece prêmio diferenciado pela qualidade da carcaça. Fazendo isto, a tipificação de carcaça transfere da industria para o produtor grande parte da responsabilidade pela qualidade das carcaças processadas e o diferencial de preço que o produtor recebe pela carcaça em função de sua qualidade é mais um fator importante que precisa ser analisado quando for decidir sobre o peso de venda dos seus cevados.

TENDÊNCIA DE AUMENTO DO PESO DE ABATE

Dentre os fatores que contribuem para que sejam abatidos suínos mais pesados estão incluídos os seguintes:

1- O melhoramento genético, quer por seleção em populações puras ou pela substituição de populações, tem produzido suínos com muito menos gordura na carcaça e com maior eficiência de crescimento.

2- Machos inteiros, que atualmente representam mais de 50% de todo o abate de machos no Reino Unido produzem carcaça com muito menos gordura do que os castrados;

3- Os custos do abate e processamento da carcaça são mais ou menos fixos por animal e não por Kg de suíno ou carcaça;

4- A crescente proporção de carne vendida após a desossa ou o processamento posterior reduz a preocupação com respeito ao tamanho dos cortes. Os produtores e o processador devem fazer um balanço dos complexos grupos de fatores econômicos envolvidos em todo o processo.

VANTAGENS E DESVANTAGENS DO ABATE DE SUÍNOS MAIS PESADOS

Vantagens dos Suínos mais pesados para Abate

1- Os custos fixos de produção são distribuídos em um peso maior de suínos produzidos;

2- Os custos fixos do abate e processamento da carcaça são, da mesma forma, distribuídos para uma maior "tonelagem de carcaça".

3- Melhora a % de rendimento no abate (relação entre o peso da carcaça e o peso do suíno vivo);

4- Os suínos, durante a fase de acabamento, são criados em instalações mais simples, crescem rápido e comem rações mais baratas.

Desvantagens dos Suínos mais Pesados para Abate

1- As instalações para acabamento são fixas, podendo não haver disponibilidade de espaço para manutenção dos suínos por mais tempo;

2- Ha um maior giro do capital empregado na produção;

3- Ha uma elevação da porcentagem de gordura na carcaça, ou então será necessário o emprego de restrição alimentar para produzir carcaças mais magras, com conseqüente redução na taxa de crescimento;

4- Pode ocorrer um decréscimo na proporção de cortes de alto valor na carcaça.

QUANTIFICAÇÃO DAS VARIACOES EM CARACTERÍSTICAS DE CRESCIMENTO E CARCAÇA, SEGUNDO O PESO DE ABATE.

Os fatores econômicos envolvidos com variações do peso de abate, devem ser considerados para cada tipo de mercado, mas os parâmetros biológicos básicos tem uma ampla validade nos diferentes mercados. Estes parâmetros são sumarizados a seguir. Para cada aumento de 10 Kg no peso vivo dentro de uma amplitude de variação de 80 a 130 Kg esperamos:

A. Um aumento na ingestão media diária de ração da ordem de 90 g/dia;

B. Um ganho médio diário de peso vivo constante;

C. Uma pior conversão alimentar, da ordem de 0,14 unidades;

D. Um aumento do rendimento no abate em 0,9%;

E. Um aumento de 2,25 mm na espessura de toicinho;

F. Um aumento de 1,25% na porcentagem de gordura na carcaça;

G. Um decréscimo de 1% na porcentagem de carne magra na carcaça. Estes valores representam a melhor estimativa obtida a partir de diversos trabalhos que, conforme esperado em função das diferentes situações em que são realizados e das diferenças em qualidade genética dos animais utilizados, diferem quanto a resposta final. O quadro seguinte mostra estes limites de variações observados e também a melhor estimativa obtida dentro destes limites.

Limite inferior, superior e melhor estimativa para características de crescimento e de carcaça por 10 Kg de variação no peso vivo de abate.

Limites das estimativas
Inferior Superior Melhor estimativa
Ingestão de ração (g/dia) 75 124 90
Ganho de Peso vivo (g/dia) -7,0 25,0 0,0
Conversão alimentar 0,09 0,16 0,14
% de rendimento no abate 0,59 1,19 0,90
Espessura de toicinho (mm) 1,43 2,80 2,25
% de gordura na carcaça 0,90 1,80 1,25
% de carne magra na carcaça 0,70 2,80 1,00

Com base nas melhores estimativas obtidas dentro dos limites de variações observados para cada características temos o quadro seguinte, que resume as mudanças na eficiência de crescimento e características da carcaça, à medida que se aumenta 10 Kg no peso de abate.

Características Valor assumido aos 90 Kg (a) valor previsto para:
80Kg 100Kg 110Kg 120Kg
Rendimento no abate (%) 79,0 (b) 78,1 79,9 80,8 81,7
% de gordura na carcaça 22,0 (b) 20,8 23,3 24,5 25,8
Espes. toicinho P2(mm) 14,0 (c) 12,9 15,1 16,2 17,3
% carne magra carcaça 53,0 (b) 54,0 52,0 51,0 50,0
Ingestão ração(Kg/dia) 1,50 (d) 1,41 1,59 1,68 1,77
Ganho peso vivo(Kg/dia) 0,60 (d) 0,60 0,60 0,60 0,60
Conversão alimentar 2,50 (d) 2,36 2,64 2,78 2,92

(a) Valores tomados apenas como referencia para estimar, a partir destes, as variações em cada característica com o peso de abate.

(b) Valores tomados em relação à carcaça com cabeça, pés, cauda, banha rama e rim.

(c) Medida tomada em cima da ultima costela, a 6,5 cm afastado da linha do lombo.

(d) Valores considerados desde o nascimento ate o peso de abate.

CONCLUSÃO

A variação do peso de abate dos suínos influencia, em ultima analise, a lucratividade da produção de cevados e o valor das carcaças para o frigorifico. Algumas das variações nas diversas características de crescimento e carcaça, provocadas pelo aumento do peso de abate, são economicamente antagônicas. Por outro lado, a importância econômica relativa de cada uma das características afetadas pelo peso de abate sofre alterações segundo as condições do mercado e vários fatores inerentes a produção. Por tudo isto a correta decisão com o respeito ao melhor peso de abate requer uma analise minuciosa, segundo cada situação especifica de mercado.

sossuinos@uol.com.br


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