Informativo Técnico Nº. 193

CRITÉRIOS PARA UTILIZAÇÃO DE VACINAS AUTÓGENAS NA SUINOCULTURA – PARTE II

 

Haemophilus parasuis

 

O Haemophilus parasuis (H. parasuis) é o agente da Doença de Glässer (DG), doença infecciosa septicêmica caracterizada por inflamação serofribrinosa das serosas, resultando em pleurite, pericardite, peritonite (figura 1), artrite e meningite em diferentes combinações. A infecção pode resultar em alta mortalidade de leitões, elevado número de refugos entre os sobreviventes e condenação de carcaças por ocasião do abate. Existem pelo menos 15 sorotipos do agente, e os sorotipos 4 e 5 representam 40% dos isolamentos nos USA e Europa. Pode-se isolar mais de um sorotipo de um mesmo animal ou de um surto e ocorre grande variação de virulência entre as cepas.

 

Fig 01

Figura 1: Presença visível de fibrina na cavidade peritoneal (peritonite fibrinosa) e cavidade pericárdica (pericardite fibrinosa). Fonte: Retirado do site pig333.

 

A imunidade tem uma grande importância para evitar que a bactéria invada o organismo do animal a partir do ponto de entrada, evitando assim uma infecção sistêmica. Pela diversidade antigênica, as vacinas mais usadas são autógenas, consideradas eficientes para controlar a infecção. A falha na eficiência de bacterinas autógenas contra a infecção pelo H. parasuis poderia ser explicada pela existência no rebanho de um sorotipo diferente daquele da vacina ou da existência na granja de mais de um sorotipo patogênico.

A vacinação dos leitões pode ser feita aos seis e oito semanas de idade. Em alguns casos, pode ser necessário vacinar também as porcas, principalmente em surtos afetando os leitões com menos de seis semanas de idade.

 

Erysipelothrix rhusiopathiae

 

            A erisipela é uma enfermidade do tipo hemorrágico que apresenta lesões cutâneas (figura 2), articulares, cardíacas e/ou septicemia em suínos e pode cursar com aborto em porcas em gestação. O agente é o Erysipelothrix rhusiopathiae (E. rhusiopathiae), que pode ser dividido em 23 sorotipos baseado na análise de antígenos termoestáveis, que se constituem de fragmentos do peptídeoglicano (camada mais externa da parede celular das bactérias Gram-positivas), através de reações de precipitação. Em torno de 75 a 80% das amostras comumente isoladas de suínos podem ser classificadas nos sorotipos 1 e 2.

 

Fig 02

Figura 2: Lesões cutâneas em suíno, características de erisipela.

Fonte: Retirado do site Suinocultura em foco.

 

Em propriedades com problemas, o controle pode ser obtido usando vacina apenas contra a erisipela, em leitões de 21 a 35-40 dias de idade. Leitoas e porcas devem ser vacinadas antes da cobertura. Os machos adultos devem ser vacinados a cada seis meses. Em casos de surtos severos, leitões filhos de porcas já vacinadas podem receber a vacina na creche e/ou recria.

 

Actinobacillus pleuropneumoniae

 

            A pleuropneumonia suína é uma doença infecciosa caracterizada por pneumonia e pleurite (figura 3) em animais nas fases de creche, crescimento e terminação. O agente é o Actinobacillus pleuropneumoniae (App) que, antigenicamente, possui 6 antígenos somáticos e 12 capsulares (baseado nas características dos lipopolissacarídeos- LPS). O App produz 4 diferentes citotoxinas denominadas ApxI, ApxII, ApxIII e ApxIV. Esta última é produzida por todos os sorotipos, mas apenas “in vivo”. A toxina ApxI é a mais citotóxica, seguida pela ApxII e pela ApxIII. Os 12 sorotipos capsulares produzem diferentes associações dessas toxinas, o que explica, em parte, a diferença de virulência entre eles.

 

Fig 03

Figura 3: Pleuropneumonia fibrinosa em um suíno de 3 meses de idade assossiada à infecção por A. pleuropneumonia. Fonte: Retirado do site do Departamento de Agricultura da Irlanda.

 

Para o controle da doença, a vacinação dos leitões no mínimo duas semanas antes da exposição ao App representa uma boa opção de controle para reduzir a mortalidade, todavia não impede a infecção.

Os esquemas de vacinação geralmente incluem a aplicação de duas doses nos leitões (aproximadamente aos 30-40 e 50-60 dias de idade). A vacinação das porcas é realizada em algumas situações, sendo recomendadas duas doses nas leitoas (70 e 90 dias de gestação) e uma dose nas porcas (aos 90 dias de gestação).

 

Streptococcus suis

 

O principal agente das infecções estreptocócicas em suínos é o Streptococcus suis (S. suis). É um coco Gram positivo, alfa hemolítico. A infecção pelo agente causa em suínos uma forma de septicemia que cursa principalmente com sinais nervosos (figura 4), febre e, algumas vezes, morte súbita. A lesão central do quadro clínico é a meningite, mas no curso da infecção pode ocorrer septicemia, pneumonia, endocardite e artrite e, ocasionalmente, endometrite e aborto. A sorotipagem é a principal forma de classificar e estimar o polimorfismo do agente.

 

Fig 04

Figura 4: Suíno com sinais nervosos causada pelo Streptococcus suis.

Fonte: Retirado do site Thepigsite.com

 

Para o S. suis, são reconhecidos até o momento 35 sorotipos. O sorotipo 2 é o mais importante e o mais prevalente, correspondendo a mais de 50% dos isolamentos em diversos países, incluindo o Brasil. A imunidade é sorotipo específica, gerando dificuldade em formular produto comercial aplicável a todos os surtos de infecção pelo agente. Em função das dificuldades representadas pela diversidade antigênica, uma alternativa usada seria a formulação de vacinas autógenas, que podem reduzir a taxa de mortalidade e representar uma alternativa para rebanhos em que a ocorrência da doença é alta. O uso de adjuvantes oleosos parece melhorar a eficiência do imunógeno, provavelmente por uma melhor estimulação da imunidade celular.

O esquema de vacinação envolve duas aplicações nos leitões e, eventualmente, também nas porcas, principalmente quando a doença estiver ocorrendo em idade precoce.

 

Dica compilada do texto de Barcellos, D.E.S.N.; Borowski, S.M.; Almeida, M. N. apresentado no XIII congresso ABRAVES.

 

            ATENÇÃO: Não altere o esquema vacinal utilizado na sua granja sem antes consultar o MÉDICO VETERINÁRIO RESPONSÁVEL.

 

CÓD.

EXAMES

PRAZO DIAS

S51

BACTERIOLOGIA SISTEMA RESPIRATÓRIO

Amostra: Swabs nasais e de pulmão ou estes órgãos (cabeça e pulmão).

Preservação: refrigerado, sem congelamento.

Pesquisa: Actinobacillus pleuropneumoniae, Bordetella bronchseptica, Haemophillus parasuis, Pasteurella multocida e Streptococcus suis com antibiogramas.

5

S73

DIAGNÓSTICO ENTÉRICO - DIARRÉIA 

Amostra: 1 swab retal ou fragmento de alça intestinal sob refrigeração, sem congelar.

Pesquisa: Escherichia coli, Clostridium perfringens e dificilli e

Salmonella sp com antibiogramas.                        

5

V02

VACINA AUTÓGENA CONTRA RINITE ATRÓFICA DOS SUÍNOS

Amostra: Cepas isoladas na propriedade.

15

V11

VACINA AUTÓGENA CONTRA STREPTOCOCOSE DOS SUÍNOS

Amostra: Cepas isoladas na propriedade.

15

V20

VACINA AUTÓGENA CONTRA ESTREPTOCOCOSE DOS SUÍNOS E HPS

Amostra: Cepas isoladas na propriedade.

15

V15

VACINA AUTÓGENA CONTRA ERISIPELA DOS SUÍNOS

Amostra: Cepas isoladas na propriedade.

15

VOL06

VACINA AUTÓGENA CONTRA COLIBACILOSE E CLOSTRIDIOSE DOS SUÍNOS – OLEOSA

Amostra: Cepas isoladas na propriedade.

15


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