CRITÉRIOS PARA UTILIZAÇÃO DE VACINAS AUTÓGENAS
NA SUINOCULTURA – PARTE II
Haemophilus parasuis
O Haemophilus
parasuis (H. parasuis) é o agente da Doença de Glässer (DG), doença infecciosa septicêmica
caracterizada por inflamação serofribrinosa das
serosas, resultando em pleurite, pericardite, peritonite (figura 1), artrite
e meningite em diferentes combinações. A infecção pode resultar em alta
mortalidade de leitões, elevado número de refugos entre os sobreviventes e
condenação de carcaças por ocasião do abate. Existem pelo menos 15 sorotipos do
agente, e os sorotipos 4 e 5 representam 40% dos isolamentos nos USA e Europa.
Pode-se isolar mais de um sorotipo de um mesmo animal ou de um surto e ocorre
grande variação de virulência entre as cepas.
Figura 1: Presença visível de
fibrina na cavidade peritoneal (peritonite fibrinosa)
e cavidade pericárdica (pericardite fibrinosa).
Fonte: Retirado do site pig333.
A imunidade tem uma grande
importância para evitar que a bactéria invada o organismo do animal a partir do
ponto de entrada, evitando assim uma infecção sistêmica. Pela diversidade
antigênica, as vacinas mais usadas são autógenas, consideradas eficientes
para controlar a infecção. A falha na eficiência de bacterinas
autógenas contra a infecção pelo H. parasuis poderia
ser explicada pela existência no rebanho de um sorotipo diferente daquele da
vacina ou da existência na granja de mais de um sorotipo patogênico.
A vacinação dos leitões pode ser
feita aos seis e oito semanas de idade. Em alguns casos, pode ser necessário vacinar
também as porcas, principalmente em surtos afetando os leitões com menos de
seis semanas de idade.
Erysipelothrix rhusiopathiae
A erisipela é uma enfermidade do tipo hemorrágico que apresenta lesões cutâneas
(figura 2), articulares, cardíacas e/ou septicemia em suínos e pode cursar com
aborto em porcas em gestação. O agente é o Erysipelothrix
rhusiopathiae (E. rhusiopathiae),
que pode ser dividido em 23 sorotipos baseado na análise de antígenos
termoestáveis, que se constituem de fragmentos do peptídeoglicano
(camada mais externa da parede celular das bactérias Gram-positivas),
através de reações de precipitação. Em torno de
Figura 2: Lesões cutâneas em suíno,
características de erisipela.
Fonte: Retirado do site Suinocultura
em foco.
Em propriedades com problemas, o
controle pode ser obtido usando vacina apenas contra a erisipela, em leitões de
Actinobacillus pleuropneumoniae
A pleuropneumonia suína é uma doença infecciosa
caracterizada por pneumonia e pleurite (figura 3) em animais nas fases de
creche, crescimento e terminação. O agente é o Actinobacillus
pleuropneumoniae (App)
que, antigenicamente, possui 6 antígenos somáticos e 12 capsulares (baseado nas
características dos lipopolissacarídeos- LPS). O App produz 4 diferentes citotoxinas
denominadas ApxI, ApxII, ApxIII e ApxIV. Esta última é produzida por todos os sorotipos, mas
apenas “in vivo”. A toxina ApxI
é a mais citotóxica, seguida pela ApxII e pela ApxIII. Os 12 sorotipos capsulares produzem diferentes
associações dessas toxinas, o que explica, em parte, a diferença de virulência
entre eles.
Figura 3: Pleuropneumonia
fibrinosa em um suíno de 3 meses de idade assossiada à infecção por A. pleuropneumonia.
Fonte: Retirado do site do Departamento de Agricultura da Irlanda.
Para o controle da doença, a
vacinação dos leitões no mínimo duas semanas antes da exposição ao App representa uma boa opção de controle para reduzir a
mortalidade, todavia não impede a infecção.
Os esquemas de vacinação geralmente
incluem a aplicação de duas doses nos leitões (aproximadamente aos 30-40 e
50-60 dias de idade). A vacinação das porcas é realizada em algumas situações,
sendo recomendadas duas doses nas leitoas (70 e 90 dias de gestação) e uma dose
nas porcas (aos 90 dias de gestação).
Streptococcus suis
O principal agente das infecções
estreptocócicas em suínos é o Streptococcus
suis (S. suis). É um coco Gram positivo, alfa hemolítico. A infecção pelo agente
causa em suínos uma forma de septicemia que cursa principalmente com sinais
nervosos (figura 4), febre e, algumas vezes, morte súbita. A lesão central do
quadro clínico é a meningite, mas no curso da infecção pode ocorrer
septicemia, pneumonia, endocardite e artrite e, ocasionalmente, endometrite e aborto. A sorotipagem
é a principal forma de classificar e estimar o polimorfismo do agente.
Figura 4: Suíno com sinais nervosos
causada pelo Streptococcus suis.
Fonte: Retirado do site
Thepigsite.com
Para o S. suis, são
reconhecidos até o momento 35 sorotipos. O sorotipo 2 é o mais importante e o
mais prevalente, correspondendo a mais de 50% dos isolamentos em diversos
países, incluindo o Brasil. A imunidade é sorotipo específica, gerando
dificuldade em formular produto comercial aplicável a todos os surtos de infecção
pelo agente. Em função das dificuldades representadas pela diversidade
antigênica, uma alternativa usada seria a formulação de vacinas autógenas,
que podem reduzir a taxa de mortalidade e representar uma alternativa para
rebanhos em que a ocorrência da doença é alta. O uso de adjuvantes oleosos
parece melhorar a eficiência do imunógeno, provavelmente por uma melhor
estimulação da imunidade celular.
O esquema de vacinação envolve duas
aplicações nos leitões e, eventualmente, também nas porcas, principalmente
quando a doença estiver ocorrendo em idade precoce.
Dica compilada do texto de Barcellos, D.E.S.N.; Borowski, S.M.; Almeida, M. N. apresentado no XIII congresso ABRAVES.
ATENÇÃO: Não altere o esquema vacinal utilizado na sua granja sem antes
consultar o MÉDICO VETERINÁRIO RESPONSÁVEL.
CÓD. |
EXAMES |
PRAZO DIAS |
S51 |
BACTERIOLOGIA SISTEMA
RESPIRATÓRIO Amostra:
Swabs nasais e de pulmão ou estes
órgãos (cabeça e pulmão). Preservação:
refrigerado, sem
congelamento. Pesquisa: Actinobacillus pleuropneumoniae,
Bordetella bronchseptica,
Haemophillus parasuis, Pasteurella multocida e Streptococcus suis com antibiogramas. |
5 |
S73 |
DIAGNÓSTICO ENTÉRICO -
DIARRÉIA Amostra: 1 swab
retal ou fragmento de alça intestinal sob refrigeração, sem congelar. Pesquisa: Escherichia
coli, Clostridium perfringens e dificilli e Salmonella sp com antibiogramas.
|
5 |
V02 |
VACINA AUTÓGENA CONTRA
RINITE ATRÓFICA DOS SUÍNOS Amostra: Cepas isoladas na propriedade. |
15 |
V11 |
VACINA AUTÓGENA CONTRA
STREPTOCOCOSE DOS SUÍNOS Amostra: Cepas isoladas na propriedade. |
15 |
V20 |
VACINA AUTÓGENA CONTRA
ESTREPTOCOCOSE DOS SUÍNOS E HPS Amostra: Cepas isoladas na propriedade. |
15 |
V15 |
VACINA AUTÓGENA CONTRA
ERISIPELA DOS SUÍNOS Amostra: Cepas isoladas na propriedade. |
15 |
VOL06 |
VACINA AUTÓGENA CONTRA
COLIBACILOSE E CLOSTRIDIOSE DOS SUÍNOS – OLEOSA Amostra: Cepas isoladas na propriedade. |
15 |