Informativo Técnico 197

Novas estratégias do manejo reprodutivo.

M.V.Z. M.Sc Joaquín Becerril **

Material apresentado no V Congresso Centroamericano Y del Caribe de Porcicultura.

Até alguns anos atrás, os conceitos sobre manejo reprodutivo em suinocultura eram muito diferentes dos que conhecemos e praticamos atualmente, nas granjas com níveis excelentes do índice de leitões por matriz por ano. Os avanços na fisiologia reprodutiva, nos programas nutricionais, e sanitários, tem demonstrado que o manejo da fêmea moderna, exige aceitarmos idéias que antes eram repelidas, e nem sempre compreendidas totalmente. Muitos destes paradigmas demoraram em ser aceitados como uma prática rotineira, apesar de sua fácil aplicação em uma suinocultura, e dos resultados imediatos.

Para compreender a maneira que admitimos novas idéias e como os novos conceitos técnicos devem ser avaliados para ser finalmente aceitos, apresentamos abaixo algumas recomendações feitas pelo Dr: Allen D. Leman, que nos últimos anos apresentou novos conceitos de manejo reprodutivo, com a finalidade de obter alta fertilidade ( acima de 90% ), assim como alta prolificidade ( acima de 11 nascidos vivos). Considere que as observações abaixo são exemplos e sugestões técnicas que em alguma ocasião puderam ter validade pratica ou não, dependendo da granja, do ambiente, do status sanitário, do manejo, entre centenas de variáveis, veja o caso da ( IA ) Inseminação Artificial, onde com a aplicação adequada de técnicas e procedimentos os resultados sempre superaram as expectativas, segundo temos comprovado nas granjas no México, durante mais de 20 anos e experiência profissional. É muito importante que quando discutimos e revemos as técnicas sugeridas pelos formadores de opinião sobre alguma nova técnica ou método de produção, sejamos prudentes e possamos analisar com profundidade os comentários, e podemos avaliar a praticidade da utilização destas técnicas em nossa granja.

Regras para obtermos mais de 90% de fertilidade e menos de 45 (DNP) dias não produtivos.

1) Use sempre gaiolas de gestação. Isto ajudará a diminuir a fertilidade estacional, (variações de fertilidade ao longo do ano).

2) Mantenha a lactação por períodos superiores a 20 dias ( por volta de 21/23 dias), lactações inferiores à 20 dias estão associadas a intervalos desmama - estro mais prolongados e com subsequentes problemas reprodutivos (*).

3) Maneje toda a leitegada com reagrupamento, homogeneização de modo que possamos desmamar todas as matrizes de uma sala no mesmo dia, e tenhamos um intervalo de desmama - cobertura menor que 6 dias.

4) Inicie a detecção do cio da matrizes já a partir de 2 a 3 dias após o desmame (*). Quando as cobertura ocorrem no terceiro dia tanto a fertilidade como o tamanho da leitegada serão maiores (*).

5) Duas coberturas com 24 horas de intervalo e o recomendável e o suficiente(*).

6) Elimine as matrizes com repetição de cio, se são fêmeas F-1 de alto custo de reposição, elimine-as na segunda repetição. Se são matrizes de reposição do próprio plantel com menor custo de reposição, elimine-as na primeira repetição.

7) Elimine qualquer matriz que retorne ao cio, e que apresente descarga vaginal.

8) Não use inseminação artificial, já que está técnica reduzirá a fertilidade e o tamanho da leitegada (*).

9) Estabeleça um programa rígido de diagnostico da gestação: Aos 21 dias observe a conduta das matrizes, especialmente as que se mantém de pé, que não comem, e as que apresentem excesso de descarga de muco vaginal, ou apresentem uma resposta a presença do reprodutor. Aos 30 à 50 dias se possível use equipamento de ultrasom. Aos 90 dias realize inspeção visual, buscando as fêmeas que não apresentem ventre abaulado.

10) Estabeleça um estrito programa de limpeza semanal especialmente nas baias de monta, e baias de reprodutores.

11) Mantenha os funcionários motivados, e que dispensem maiores cuidados e atenção aos animais.

12) Proporcione pelo menos 16 horas de luz e 8 horas de escuro por dia.

13) Proporcione uma nutrição de acordo com o genotipo. E mantenha um alto consumo de ração durante a lactação(*).

14) Avalie com precisão o motivo das repetições de cio, e fêmeas vazias.

15) Efetue o primeiro serviço nas matrizes de reposição, com uma idade média de 200 a 210 dias e devendo pesar por volta de 120 kg.

16) Elimine qualquer matriz que apresente alto risco de manter uma gestação normal. As áreas de cobrição CIA, e gestação devem estabelecer a prioridade entre taxa de fertilidade, e taxa de descarte. Para alcançar a máxima fertilidade devemos ter liberdade para descartar as fêmeas que acreditamos não chegarem ao fim de uma gestação normal.

17) Mantenha na mente esta formula: P0 a P1 a P2 = 90. O objetivo é que 90% das matrizes cheguem ao parto; e que 90% das que chegaram a P1 cheguem a P2.

Regras para conseguir mais de 11 leitões nascidos por parto.

1) As marrãs de reposição devem ter entre 200 e 210 dias de idade ao primeiro serviço.

2) O intervalo entre a desmama e a cobertura deverá ser de 3 a 4 dias.

3) Ao pularmos o primeiro cio depois da desmama das matrizes de primeiro parto, e só cobrirmos no cio seguinte, aumentará de 1 a 2,5 leitões no segundo parto.

4) Avalie e determine se o tamanho da leitegada, é devido a prática de haver saltado o primeiro cio pós desmama, nas matrizes de primeiro parto(*).

5) A duração ótima de uma lactação é provavelmente de 22 dias. As matrizes de primeiro e segundo parto são especialmente mais sensíveis a lactações menores que 17 dias. Esperamos uma melhora de 0,1 leitão a cada dia que aumentamos a lactação acima de 17 dias, até os 22 dias(*).

6) A repetitividade do tamanho da leitegada é de aproximadamente 10% para cada parto. Estes históricos são acumulados a cada parto. As matrizes com histórico de leitegadas numerosas, continuarão produzindo leitegadas com muitos leitões nascidos vivos.

7) A heterose materna ( fêmeas cruzadas ), poderá aumentar 1 leitão mais que a média dos cruzamentos de raça pura.

8) Existem diferenças raciais. No primeiro parto as híbridas comerciais Large White x Landrace são superiores a qualquer outra combinação. Em matrizes com um número maior de partos as diferenças tendem a ser menos evidentes.

9) A distribuição do número de partos em uma granja é importante para determinarmos o tamanho médio das leitegadas de todas as matrizes inventariada. As matrizes de P3 a P5 são as que apresentam leitegadas mais numerosas.

10) A presença de natimortos resultará em uma diminuição do tamanho da leitegada nascida viva. Podemos presenciar a ocorrência de natimortos, em matrizes com histórico, e matrizes com idade avançada, acima de P8 a P9, ou matrizes com leitegadas numerosas. Para mantermos níveis baixos de natimortos, não mais que 20% das matrizes poderão ter um só natimorto; e menos de 20% das outras matrizes poderão ter dois ou mais natimortos.

11) O efeito do reprodutor não é importante para determinar o tamanho da leitegada, nos sistemas de monta natural, em granjas confinadas(*).

12) As equações genéticas podem predizer o tamanho da leitegada dentro de 0,2 leitões sobre a média real da granja. O restante 0,2 seria inexplicável e poderia estar relacionada a fatores humanos, e ou de meio ambiente.

13) Ainda que o tamanho da leitegada nascida viva em uma granja possa ser predeterminada, o desempenho individual de cada matriz é fundamental, e devemos avaliar o desvio padrão para o tamanho da leitegada que permanece em quase 2,5 leitões, e somente 67% da matrizes produzirá entre 8 e 13 leitões por parto.

As informações com (*) asterisco, são as técnicas mais resistentes à mudanças, mas que tem sido aceitas pela maioria dos suinocultores no México. De acordo com as observações, na prática as mudanças mais notáveis, foram as ocorridas, com respeito a imensa aceitação da utilização da ( IA ) Inseminação Artificial, em todos os níveis de produção, e em segundo plano podemos citar as técnicas de manejo adotadas com a matriz no período pós parto, e ao uso de lactação menores de 18 dias pelos principais produtores de suínos do México, que trabalham incessantemente para conseguir aumentar o número de leitões desmamados por matriz por ano. Este índice também vem sendo perseguido por suinocultores de todo o Mundo, e estas mesmas granjas tem optado por períodos de lactação menores. Conforme últimas informações dos EUA e Canadá, foi levantado em 612 granjas, que desmamaram com 18,9 dias com 18,6 leitões desmamados por fêmea anos (LDFA), e outro grupo de granjas desmamou com 14,5 dias com 21,9 (LDFA). No Canadá a idade média de desmama nas granjas foi de 21,3 dias com 20,9 (LDFA), e as 10% melhores granjas desmamaram com 16,4 dias com 23,6 (LDFA). Obviamente estes parâmetros são resultados de uma combinação de diversos fatores: Genotipo, Nutrição, Instalações, Treinamento do Pessoal da granja, Status sanitário do plantel, entre outros.

E preciso reiterar que qualquer recomendação, que venhamos utilizar para a melhoria do numero de leitões por fêmea por ano, (LDFA), deverá ser revisada periodicamente, e avaliada a sua praticidade para implementação, e considerarmos que a fêmea moderna tem mudado muito em seu comportamento geral. Estas mudanças são por sua vez resultados de adaptações em sua fisiologia reprodutiva, à estímulos externos sobre o seu metabolismo, e as interações endócrino-nutricionais, inerentes aos diverso estados reprodutivos: ( puberdade, pré-cobertura, gestação, parto, lactação, e puerpério).

Considerar ainda que a cada geração as diversas linhas genéticas tem sido manipuladas, para que sejam cada vez mais eficientes, em todos os aspectos reprodutivos. Exemplo as recomendações sobre alimentação, que eram vigentes para as fêmeas nutrizes, à alguns anos atrás; e hoje não são aplicadas as mesmas recomendações aos genótipos atuais.

A partir destas modificações em seu metabolismo as novas linhas genéticas são mais exigentes, e os funcionários responsáveis pelo manejo diário deverão estar capacitados, para aplicar as novas técnicas especificas para cada genótipo.

A respeito de quais tem sido os mais recentes avanços na área de reprodução das matrizes modernas, podemos descrever e distribuir nas diversas etapas do ciclo reprodutivo.: ( Fêmeas em Reposição, Fêmeas Gestantes, Fêmeas Lactantes, Fêmeas em período de Puerpério). Hoje manejamos de forma diferente as matrizes de reposição, do que fazíamos à alguns anos atrás. E estas mudanças em particular tem muito a ver com duas situações fundamentais : sanitária e reprodutiva.

Com relação ao aspecto sanitário, devido a uma serie de problemas infeciosos ( SRRS) Síndrome Reprodutiva e Respiratória dos Suínos (ex. Doença Misteriosa). Olho Azul, Gastroenterite Transmissível, etc...,

E devemos implementar nestas granjas programas específicos de recebimento, quarentena, ( isolamento e adaptação ), para que as marrãs de reposição possam ingressar ao plantel com o mínimo de riscos sanitários. E para um melhor programa de introdução e adaptação de marrãs em um plantel ( quarentena ), seria com fêmeas de 70 dias de idade com um peso médio 30 kg. Em outras granjas promovemos uma reposição com leitoinhas recém desmamadas.

O manejo reprodutivo, assim como o programa nutricional, para cada grupo de marrãs ( futuras matrizes de reposição ), será adotado conforme o status sanitário de cada granja que recebe estas fêmeas.

Quanto ao aspecto reprodutivo, devemos compreender que a marrã de reposição, tem um forte impacto na produtividade global da granja, e que sua longevidade como matriz produtora, dependerá de diversas respostas e estímulos do meio ambiente, da nutrição, do manejo, dos cuidados dispensados pelos funcionários da granja. A marrã de reposição influenciará de maneira definitiva a produtividade da granja em pelo menos três formas:

1) A disponibilidade de marrãs de reposição determinará diretamente os alvos de cobertura ( serviços por semana ) que deverão ser alcançados, e por tanto o número de partos por grupo semanal já está definido, e desta forma também definido o número de leitões desmamados por semana.

2) Índices de reposição de acima de 30% contribuem para aumento significativo dos DNP ( dias não produtivos ) de toda a granja, tendo por conseqüência um enorme efeito no número de partos por fêmea por ano, e no número de leitões desmamados por fêmea por ano.

3) O manejo reprodutivo ( incluindo o manejo nutricional ), determinará de maneira significativa a futura produtividade do plantel e em particular a longevidade das matrizes. Um efeito direto destas práticas ocorrerá sobre as taxas de reposição anual, necessárias em cada granja em particular.

As matrizes de reposição ( marrãs ) devem ser alimentadas de maneira diferente dos cevados de engorda ( animais de terminação ). Recomendamos que as coberturas ocorram por volta do terceiro cio, e que tenham um peso acima dos 120/130 kg e uma camada de gordura com no mínimo 18 a 19 mm de espessura. Com respeito ao programa nutricional recomendamos uma alimentação á vontade ( ad libitum ) nos 10 dias que antecedem à cobertura, como o qual buscamos assegurar um desenvolvimento normal dos folículos que serão ovulados no seguinte cio.

Finalmente o manejo reprodutivo das marrãs modernas requer considerar conceitos antigos, mas muito válidos, até hoje sobre a interação sexual, que deve ter com o reprodutor, para que ocorra uma adequada estimulação e se possa alcançar a puberdade. Se recomenda que o contato direto com o reprodutor dure no mínimo 15 minutos por dia , e que o grupo de marrãs a serem estimuladas não sejam maiores que 5 a 6 fêmeas por baia. É aconselhável utilizar machos vasectomizados que possam efetuar rotação diária em todas as baias de marrãs à serem cobertas. Uma vez que tenhamos identificado as marrãs em cio, deverão ser agrupadas em um novo lote ( programação das coberturas semanais ), para se criar uma norma das fêmeas em pré-cobertura, nas próximas semanas, de acordo com as respectivas idades.

Para as matrizes gestantes, os avanços recentes, se deram principalmente, nas inter-relações da fisiologia reprodutiva e na nutrição, assim como os efeitos a curto e longo prazo, que tem sobre a baixa produtividade da matriz; nos dias não produtivos ( DNP ), e por tanto, no número de partos por matriz por ano.

Ao considerarmos os DNP, podemos incluir diversos intervalos como: período da introdução da marrã na granja, até a sua primeira cobertura, período do desmame ao primeiro serviço, período entre repetições de cio ( serviço/serviço ), período da desmama até o descarte da matriz. O intervalo da desmama até o próximo serviço ( desmama/cobertura ) poderá ser mais afetado por um manejo reprodutivo inadequado das matrizes em gestação e lactação.

Sabemos que a genetriz necessita de uma correta alimentação desde o momento da concepção ( momento da monta ou inseminação ). Um consumo inadequado de alimento no início da gestação, poderá ter um efeito negativo sobre a sobrevivência embrionária. No caso de um aporte inadequado de nutrientes durante a média gestação, a matriz poderá mobilizar suas reservas corporais, com conseqüências negativas, na fase seguinte do seu ciclo reprodutivo, ( lactação ) e em situações extremas prejudicará a leitegada, e poderá criar um ciclo de problemas a curto e longo prazo.

Sem dúvida em algumas granjas o problema não é a falta de alimento, durante a gestação, e sim o contrário, se oferece mais alimento que o requerido pela matriz, ( 1,5 vezes mais que os níveis de requerimento), que poderá provocar efeitos adversos no desenvolvimento da leitegada, particularmente quando se oferece quantidades elevadas de ração imediatamente após o serviço ( cobertura ou inseminação ). Um programa nutricional correto para as matrizes em gestação deveria resultar em um aumento gradual de 30 a 40 Kg de tecido magro, e um deposição de 6 a 8 mm de gordura dorsal ao momento do parto.

A super-alimentação durante a prenhez tem um efeito negativo muito importante para o desempenho da matriz no período de lactação, pois a predisporá a um consumo voluntário diminuído de alimento, que resultará em uma perda de peso excessiva até a desmama. Este efeito de pouco apetite durante a lactação pode também observar em certos genótipos, que tendem a consumir menos durante a lactação. Sabemos que o excesso de energia durante a fase em que ocorre o maior desenvolvimento de tecido mamario ( dia 70 à dia 105 de gestação), pode proporcionar um efeito negativo na quantidade de células secretoras de leite. Isto pode ser devido a uma invasão de tecido gorduroso, no parénquima mamário, limitando o espaço de crescimento dos alvéolos secretórios pré parto. É evidente que deveremos avaliar o material genético usado e cada granja em particular.

A alimentação das matrizes durante o ultimo terço da gestação ( último mês ) deveremos considerar o grande desenvolvimento fetal. Pois nesta fase os fetos crescem mais de 60% do peso final ( até o parto ), portanto devemos proporcionar suficiente nível nutricional, para evitar que as matrizes ( normalmente as primíparas ) tenham que utilizar suas próprias reservas corporais, para manter o rápido crescimento fetal, e ao chegar o momento do parto, apresente um desequilíbrio metabólico. Em algumas granjas tem como rotina administrar ração lactação durante as últimas semanas de gestação com a finalidade de se aumentar o peso da leitegada ao nascimento e prevenir a possibilidade de mobilização de reservas de energia corporal da matriz no final da gestação.

Para a nutriz ( matriz lactante ) é de vital importância o manejo geral durante o terço final da gestação. Que dependendo da atenção dada durante esta fase, poderemos observar os efeitos imediatos sobre a matriz e sua leitegada, mas o efeito mais importante ( más que não vemos imediatamente ), será em suas subseqüentes gestações e lactações. Em outras palavras a longevidade da matriz ficará assegurada, isto devido aos cuidados durante a lactação. Sabemos à muitos anos que durante a lactação a matriz passa por um período de alto desgaste metabólico e que devemos alimentar e cuidar corretamente para prevenir os efeitos negativos.

A qualidade do alimento, bem como o programa nutricional, são os fatores que devemos cuidar para evitarmos os problemas metabólicos da fêmea lactante. O consumo de baixos níveis de proteína e energia durante a lactação, influirá diretamente na produção de leite, no peso à desmama da leitegada, e na condição corporal da matriz, e consequentemente no desempenho reprodutivo futuro desta matriz. Observaremos um maior intervalo no período de desmama/ cio/cobertura, redução da sobrevivência embrionária, e portanto um diminuição no tamanho da próxima leitegada. Sabemos que um maior consumo de ração durante a lactação, o desempenho reprodutivo será melhor. Nas granjas em que foram mantidos consumos médios diários superiores à 5,5 Kg, tivemos menos problemas reprodutivos, do que nas granjas onde o consumo médio diário foi menor que 4 Kg,. De acordo com esta observação pudemos estabelecer que para cada Kg de incremento de alimento no consumo diário para lactações menores que 19 dias, pudemos aumentar o peso da leitegada à desmama em mais de 1,2 Kg, e o tamanho da leitegada aumentou em 0,12 leitões, e o intervalo entre a desmama e o estro foi reduzido em 0,11 dias.

Baseado nas observações de campo, existe uma tendência da diminuição da duração da lactação. Em alguns casos a decisão de se optar por lactações mais curtas ( menores de 16 dias ), estão fundamentadas em aspectos sanitários, e aspecto econômico, pois teremos um melhor uso da maternidade ( instalações caras ), mas principalmente a resposta será uma maior produção de leitões desmamados por matriz por ano. Segundo visto anteriormente os produtores que alcançam os melhores resultados, no parâmetro: de leitões desmamados por matriz por ano, são os que tem se adaptado e praticado as lactações mais curtas.

Para compreender porque atualmente podemos desmamar com menos de 16 dias sem prejudicar a produtividade global de uma suinocultura, ( desmamados por matriz por ano), e preciso avaliar os aspectos básicos da fisiologia reprodutiva. Uma vez que logo após o parto, inicia-se o período puerperal , onde as principais mudanças regenerativas, presentes em todos os orgãos reprodutivos, assim como no eixo hipotálamo-hipofisiário-gonadal.

O processo de involução natural uterina e de reinicio da atividade ovariana, terá como finalidade preparar o aparelho reprodutor, para que a seguinte gestação possa ocorrer normalmente. A duração deste processo pode durar até 21 dias. Sem dificuldade é possível que aos 15 dias pós-parto o aparelho reprodutivo esteja já recuperado em sua totalidade ( o útero já alcançou o tamanho previsto, já a partir de 15 dias pós parto). Estas diferenças poderão ser definidas por genótipo, de acordo com o tamanho da leitegada, ( efeito da sucção ), quanto maior o consumo de leite pelos leitões, maior será a capacidade de involução natural do aparelho reprodutivo, assim como o nível nutricional no período de gestação e lactação, especialmente na primeira semana pós parto. Com relação a regeneração endometrial acreditamos que as lactações com mais de 21 dias seja mais adequada, mas a sobrevivência embrionária será maior quando desmamamos com menos de 21 dias. Sem nenhuma dificuldade nas granjas onde o desmame é feito com 16 dias ou menos, a provável diminuição da sobrevivência enbrionária é compensada por um maior número de leitões desmamados, e uma maior produtividade por fêmea por ano, maior número de leitões desmamados por fêmea por ano.

Após o parto, quando ocorre o primeiro cio pós-desmame, o aparelho reprodutor da matriz, segundo o ponto de vista dos endocrinologista, passa por três fases distintas:

1) Hipergonadotrópica: com duração de 2 a 3 dias, onde existe uma elevada concentração de gonadotropinas hipofisiárias ( FSH e LH ) que diminuem rapidamente devido ao efeito da sucção ( mamada ) da leitegada. Mas existe ainda uma grande concentração de folículos de grande dimensão. É importante considerar que aquelas matrizes, que são desmamadas sem haver amamentado a sua leitegada; será mais suscetível a apresentar transtornos endócrinos, como: quistos foliculares, anestro prolongados, e estros freqüentes e irregulares. A presença destes problemas dependerá de fêmeas primíparas, ou multíparas. Nas matrizes de primeiro parto será mais freqüente o aparecimento de anestro, entretanto nas fêmeas multíparas, ocorrerão com mais freqüência os retornos irregulares de cio prolongados.

2) Transição: esta fase ocorre em todas as matrizes que amamentaram sua leitegada, e será uma etapa intermediária entre as fases hipergonadotrópicas e a fase hipogonadotrópica. Os níveis de gonadotropinas chegam ao seu nível mais baixo e os folículos de tamanho ovulatório desaparecem. Podemos considerar esta como uma etapa de preparação hormonal. Sua duração vai do terceiro dia até 14 dias pós-parto.

3) Normalização: Duas semanas pós-parto a matriz estará preparada para responder ao estímulo da desmama. Quanto maior o período de lactação, mais rápido poderá ser o retorno do cio, pós-desmama, porém este intervalo estará determinado também de acordo com o número de leitões em lactação, ( novamente o efeito da sucção), e ainda o consumo de ração pela matriz na maternidade, e idade reprodutiva da fêmea, por genótipo, e condições de meio ambiente. Nesta fase ocorrem as mudanças preparatórias de nível hormonal, tais como o incremento dos níveis de estrógenos, LH e FSH, os quais aumentarão paulatinamente até o dia do desmame. De todos os fatores que mais influem nesta fase, os mais importantes são a duração da lactação, e o consumo de alimento durante este período, particularmente com as matrizes de primeiro parto.

4) Conforme o item anterior, podemos definir que as mudanças hormonais e anatômicas que ocorrem na matriz desmamada precocemente, podem ser modificados de acordo com programas específicos de manejo e nutrição. É muito importante assinalar que existirão diferenças metabólicas e por tanto um efeito maior nas matrizes primiparas, do que nas matrizes multíparas, e que isto dependerá muito da qualidade e quantidade do alimento ingerido durante a lactação. O principal efeito dos programas nutricionais na lactação será sobre a fisiologia reprodutiva e em particular sobre os intervalos desmama e primeiro serviço, e desmama e cobertura efetiva. E recentemente trabalhamos para conhecer o detalhe da duração dos intervalos do desmame até o início do cio, assim como a duração ( em horas ) do cio e sua relação com o momento da ovulação. Tudo isto relacionando-se com as praticas de alimentação. Entre os pontos interessantes que temos identificado estão: que existe uma variação muito grande entre os funcionários de cada granja, para detectar o início do cio, e sua duração; que a ovulação ocorre mais perto do período final do cio ( quando mais de 70% do período do cio já tenha transcorrido), e que existe uma relação inversa entre intervalo de desmame / cio, e a duração do cio.

Com base nos conhecimentos atuais poderíamos perguntar-lhes.

O que seria mais recomendável para otimizar o desempenho das matrizes desmamadas, depois de uma lactação curta ?

A seguir descrevemos algumas idéias:

a) Temos sugerido que ao deixar passar o primeiro ciclo estral, poderia melhorar o tamanho da leitegada seguinte. Contudo deveremos considerar desde o ponto de vista econômico, se este aumento do intervalo entre partos ( e por tanto um maior número de DNP, dias não produtivos, e menos leitegadas por matriz ano ) é benéfico produtivo, e economicamente ao final das contas.

b) O tratamento no dias da desmama com uma combinação de gonadotropinas extrahipofisiarias ( PG600, Intervet; Sincrovet, Lapisa), poderíamos usar, principalmente nas matrizes de primeiro parto com a finalidade de diminuir os riscos de prolongados intervalos desmama / cio. Também poderíamos aplicar em matrizes submetidas e strees na maternidade, e que tenham consumo inadequado de alimento na fase de lactação.

c) Em alguns casos de matrizes desmamadas do primeiro parto, e que no momento da desmama tenham uma baixa condição corporal ( score 1 e 2 ), temos utilizado um progestágeno sintético ( Regumate, Hoechst ) com a finalidade de aumentar intencionalmente o intervalo de desmama / cio seguinte, para que estas matrizes tenham oportunidade de se recuperarem, para um ( score corporal 3 ). Este produto ( Regumate ) deve ser administrado diariamente desde o momento da desmama e pode ser usado durante um período de ( 5 a 7 dias ) ao fim do qual ao suspender a medicação a matriz apresentaria cio entre 4 a 6 dias depois. O uso de Regumate também é muito útil para uniformizar grupos de fêmeas, para serem cobertas na mesma semana, e poder cumprir o alvo de coberturas estipuladas para cada granja, principalmente quando se iniciam grupos semanais em granjas novas, ou em fase de ampliação de plantel.

d) Ainda que este tratamento não seja aplicado no momento da desmama, seu efeito ocorre no período pós-parto imediato e em especial terá uma notável repercussão após a desmama. O benefício da utilização da prostaglandina (PG) durante o pós-parto resulta em um melhoramento de diversos parâmetros reprodutivos, em particular, com menores intervalos desmama / cio, e um aumento no tamanho da leitegada seguinte. Esta técnica tem sido muito utilizada de maneira rotineira em granjas, seja aplicando a PG somente ou em combinação com ocitocina. O momento da aplicação da PG será entre as 24 a 36 horas pós parto, com uma aplicação de ocitocina entre 6 a 24 horas depois da aplicação da PG. O uso destes tratamentos tem tido uma boa aceitação nas granjas onde presenciamos transtornos reprodutivos, como as descargas vulvares.

Com referência o que podemos esperar dos próximos avanços na biotecnologia da reprodução suína, em suas diferentes áreas, e importante assinalar que ocorreram mudanças notáveis com o uso de novas técnicas, medicamentos, equipamentos de ultrasom, para o controle preciso do momento da ovulação, e por tanto será mais eficiente a utilização de reprodutores testados, ( que se requerem menos doses ) de sêmen por unidade de produção. Outra área de oportunidade que nos ajudaria a manejar melhor todos os recursos genéticos, corresponderia ao uso de óvulos fertilizados e de embriões congelados. Sem dúvida até o momento os avanços alcançados não prometem uma imediata disponibilidade prática.

Com aspecto a novas estratégias para o aumento do tamanho da leitegada, tem se trabalhado continuamente, com base nos desenvolvimentos de linhas mais prolíficas, e com a incorporação de animais que transmitem gens específicos que alterem o tamanho da leitegada. Ainda como mencionamos anteriormente, também se tem buscado melhorar os programas nutricionais, com a finalidade de se obter algum benefício, com relação ao aumento da leitegada ao nascimento. Ás áreas que mais se tem investigado nos últimos anos, compreende na relação dos níveis de diferentes nutrientes como: Energia metabolisavel, aminoácidos digestivos ( em particular Lisina ), minerais como Cálcio, Fósforo, Zinco e Cromo. Assim como as vitaminas A,E, Acido Fólico, Riboflavina, Biotina e Colina.

Outra área que promete grandes avanços, e tem uma pronta aplicação prática, é a que se refere a inseminação artificial ( IA ). Em particular, poderá ser possível realizar depósito intrauterino ( diretamente no cornos uterinos ), e com a vantagem de se usar doses inseminantes com baixa concentração ( < 500 milhões de espermatozoides ). A diferença do excessivo uso atual de 3.000 a 4.000 milhões de espermatozoides, para cada dosi. Estes avanços nos dão nítida vantagem de podermos produzir mais leitegadas a partir de um mesmo reprodutor, e por conseqüência a um menor custo, e podermos cada vez mais usarmos machos indexados, e testados ( mais caros ). Poderemos ainda chegar ao momento de usarmos sêmen previamente sexado ( com doses selecionadas de espermatozoides "x" para produção de leitoas de reposição; e de espermatozoides "y" para a produção de animais machos para o abate).

O manejo dos programas de IA estara complementando com outras opções, como o caso da disponibilidade de sêmen congelado que proporcione resultados semelhantes, aos que temos com sêmen diluído e mantido entre 15 e 18ºC, porém com as vantagens de um maior período de armazenamento, maior facilidade de transporte, e com grande versatilidade para os programas de melhoramento genético e sobre tudo da segurança de se dispor de sêmen processado dentro das mais modernas normas de higiene.

Finalmente é importante mencionar que no manejo reprodutivo moderno não podemos deixar de lado as mesmas recomendações que há várias décadas tem sido propostas, e quanto a aplicação prática do mais simples princípios da fisiologia reprodutiva, como é o caso da utilização eficiente do reprodutor para a detecção do cio ( calores ), e da presença do macho durante a IA, como estimulador de uma melhor ovulação. Na atualidade o uso da estimulação direta e freqüente de reprodutores para a detecção do cio e para a IA receberá mais atenção devido aos enormes benefícios obtidos, seja com machos para coleta de sêmen, como para machos rufião, ( vasectomisados ou não ) e ainda machos que realizam normalmente as montas naturais. E o uso de machos - robô, este último conceito se resume na movimentação de um reprodutor ( por controle remoto ) fechado em uma jaula ( gaiola ) que é movimentada entre as fêmeas da granja.

Em resumo, o manejo reprodutivo da matriz tem sido modificado de maneira notável nos últimos anos, devido a inúmeros fatores. Por um lado está na exigência dos suinocultores para manter os mais altos níveis dos parâmetros reprodutivos. Por outro lado, cada dia se publicam investigações recentes e melhores recomendações para o manejo adequado, das novas linhas de matrizes, com a finalidade de produzir mais cevados, e de maneira mais eficiente.

** Dr: Joaquin Becerril.
Médico Veterinario/ Zootecnista.M.Sc.
Presidente da ( AMVEC ) Asociación Mexicana de Veterinários Especialistas en Cerdos.
E-mail : becerril@dns.lapiedad.com.mx

sossuinos@uol.com.br


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