Informativo Técnico nº 198
Linfadenite
Tuberculóide em Suínos:
O
que pode ser feito para seu controle.
A linfadenite tuberculóide dos suínos, também conhecida por “linfadenite”, é causada por micobactérias atípicas, principalmente aquelas pertencentes ao Complexo Mycobacterium-avium-intracellulare (MAI). A doença é de evolução crônica, não afeta o desenvolvimento dos suínos, mas provoca lesões de necrose caseosa com calcificação, envolvendo predominantemente os linfonodos da cabeça e intestino. Essas lesões, geralmente, são detectadas pelo Serviço de Inspeção por ocasião do abate e podem ser motivo de condenação ou destino condicionado das carcaças, ocasionando prejuízos tanto para o produtor como para a indústria.
Fontes
de infecção para o suíno.
As
possíveis fontes de micobactérias atípicas que podem introduzir ou manter a
infecção nos rebanhos suínos são:
Água
de bebida.
Aves domésticas ou selvagens com acesso às instalações dos suínos, à fábrica de ração e ao depósito de maravalha ou serragem usadas como cama.
Serragem,
palha, ou maravalha usadas como cama para os suínos.
Suínos
infectados introduzidos no rebanho.
Alimento
contaminado, especialmente quando sobras de ração de aves são fornecidos aos
suínos.
Solo
Contaminado.
Após
a contaminação dos suínos, que ocorre por via oral, as micobactérias invadem
os linfonodos do trato digestivo, onde se multiplicam e desenvolvem as lesões
que, geralmente, ficam limitadas a esses
linfonodos. Uma vez infectados, os suínos eliminam as micobactérias pelas
fezes, com maior intensidade entre 35 a 42 dias após a infecção, contaminando
o ambiente e servindo de fonte de infecção a outros animais.
As
micobactérias são extremamente resistentes ao álcool, aos ácidos, à dissecação
e a muitos desinfetantes, podendo sobreviver por vários meses nas instalações
e por anos no solo. Entretanto, são destruídas pelo calor a 65,6º C por 10
minutos. Os desinfetantes com maior ação microbicida sobre essas bactérias são
aqueles a base de hipoclorito de sódio, aldeídos e fenóis.
Principais medidas de controle.
O sucesso de um
esquema de controle da linfadenite tuberculóide num rebanho infectado dependerá
da correta identificação e eliminação da fonte de infecção e do
cumprimento de medidas higiênico-sanitárias básicas no sentido de reduzir as
possibilidades de ingestão das micobactérias.
A
simples tuberculinização dos reprodutores, com tuberculina bovina e aviária,
eliminando os animais positivos, não garantirá o controle da doença. Nesse
contexto, as principais medidas a serem tomadas são:
Utilizar
o sistema de produção em lotes, com vazio sanitário, principalmente nas fases
de maternidade e creche.
Nas
desinfecções, usar desinfetantes com ação microbicida sobre as micobactérias
( hipoclorito de sódio, aldeídos, ou fenóis).
Usar
somente cama de boa qualidade que tenha sido armazenada adequadamente, tanto na
fábrica, como na granja.
Limpar
e desinfetar com hipoclorito de sódio as caixas de água, uma vez a cada 3
meses.
Tomar
todas as providências para que o alimento e a água dos suínos não sejam
contaminados com fezes.
Não
fornecer aos suínos sobras de alimentos de outras espécies de animais.
Fazer
limpeza das baias, pelo menos duas vezes ao dia, para reduzir o contato dos suínos
com as fezes.
Impedir
a entrada de aves domésticas e selvagens e outros animais nas instalações dos
suínos, na fábrica de rações e ou depósitos de rações e outros
ingredientes usados na alimentação dos suínos, e nos depósitos de maravalha
e produtos usados na cama.
Para
reposição do plantel, introduzir somente animais oriundos de rebanhos com
atestado negativo para tuberculina bovina e aviária.
Evitar
a superlotação nas baias.
Creche:
no máximo 3 leitões por metro quadrado.
Recria:
no máximo 1,5 leitões por metros quadrado.
Terminação:
no máximo 1 suíno por metro quadrado.
Fazer
um rígido controle de roedores ( ratos e camundongos ).
Afugentar e manter afastado da granja e fábrica de rações, pássaros, aves domésticas e silvestres, bem como outros animais.
Nelson Mores, Méd.Vet., M.Sc., Embrapa Suínos e Aves. |
Virginia Santiago Silva, Méd.Vet., ACCS |
Valéria Dutra, Méd.Vet., ACCS. |