Informativo Técnico   199

DIAS NÃO PRODUTIVOS.        ( D.N.P. ).

 A eficiência reprodutiva de um plantel, é definida pelo número de leitões desmamados por fêmea por ano (D.F.A.), sendo diretamente influenciado pela percentagem de dias não produtivos no rebanho, ( D.N.P.).

É considerado como dias não produtivos ( D.N.P. ), quando a matriz não estiver gestando ou lactando. Existe uma correlação negativa entre o número de D.N.P. acumulados por fêmea e o número de partos/fêmea/ano ( P.F.A.), o que indica que a redução nos DNP conduz à maior eficiência reprodutiva.

A proporção da vida útil que a fêmea desperdiça em dias não produtivos; gira em torno de 20%, incluem-se nestes diversos intervalos: entrada da matriz ( admissão); ao plantel até o primeiro serviço ( cobertura ); admissão-descarte, admissão-morte, desmame-próximo serviço, desmama-descarte, desmame-morte, serviço-retorno, serviço-aborto, serviço-detecção de não prenhez, serviço-falha em parir, serviço-descarte, serviço-morte, detectada vazia-novo serviço, detectada  vazia-descarte, detectada vazia-morte. Como vemos acima temos 15 situações que podem colaborar para ao dias não produtivos  de um plantel. Os dois  maiores  acúmulos de DNP são: no intervalo (ADMISSÃO – PRIMEIRO SERVIÇO ), que pode corresponder seguramente a um terço dos DNP, acumulados pelo plantel de reprodução durante o ano. E a situação de ( SERVIÇO – DETECÇÃO DE NÃO PRENHEZ ) que pode ser responsável por mais um terço dos DNP do rebanho.

Manejo:

O alojamento de um grande número de leitoas ( marrãs virgens ), para formar grupos de cobertura semanal, é pratica de rotina nas granjas, muitas vezes,  sem levar em consideração as necessidades de área e lotação, onde a densidade recomendada é de 1,2 m2 de área útil por animal, e a lotação de no máximo 6 animais por baia. Assim, quando estes parâmetros são desrespeitados, podem influenciar negativamente o comportamento sexual com,: puberdade atrasada, anestro, dificuldade na detecção de estro e aumento do retorno ao estro ( R.E. ) pós cobertura. Observou-se recentemente que o aumento da densidade tem uma correlação positiva ao aparecimento do primeiro cio, no entanto quando a densidade e lotação foram aumentadas, obteve-se diminuição nos índices de estro, com aumento do anestro, além de aumentar o número de animais que retornaram ao estro pós-inseminação e ou cobertura.

Trabalhos desenvolvidos mostram que podem ser obtidos percentuais de 80 a 87% de leitoas em estro num período de 15 a 20 dias compreendidos da admissão até a manifestação do estro, quando submetidas a prática de reflexo de tolerância ao macho (RTM). Entretanto, quando existem falhas no manejo, como o uso de machos não aptos ( idade inferior a 12 meses ), ocorrem atrasos na manifestação do estro.

Com o objetivo de reduzir o acúmulo de dias não produtivos (D.N.P.), associados a um manejo inadequado das leitoas de reposição, maior ênfase deve ser dada no desenvolvimento de programas de condicionamento corporal, específico para leitoas, além da indução hormonal, como tratamentos com gonadotrofinas exógenas, podem favorecer o desenvolvimento do aparelho genital.

Estes programas devem assegurar que as leitoas atinjam a puberdade, com um peso ideal de aproximadamente 100 Kg, o mais precoce possível.

Das fêmeas descartadas de uma granja, em torno de 16% são leitoas, sendo as principais causas: puberdade atrasada, a ausência de sinais de estro ( anestro ), e RE pós cobertura. Independente do manejo, os DNP podem ser registrados de maneira errada, o que dificulta a interpretação destes índices, Isto ocorre quando as fêmeas de reposição são registradas com a datada cobertura, e não no momento em que entram na granja, não computando o intervalo ( admissão-primeiro serviço ) assim o número de leitões desmamados por fêmea ano ( LD/F/A ), fica superestimado.  Da mesma forma, isto pode ocorrer quando da remoção  de fêmeas, onde estas são retiradas dos registros quando da opção pelo descarte e não no momento da saída da fêmea da granja, contribuindo também para superestimar o número de  LD/F/A. , Considerar que as vezes cadastramos o descarte da matriz hoje, e a mesma ainda permanece na granja por mais 15 a 20 dias, comendo ração e ocupando espaço e mão de obra.

Nutrição:

A eficiência do desempenho corporal inclui além do crescimento e alimentação utilizada, boa performance reprodutiva, sendo que a variabilidade encontrada na idade à puberdade, é baseada no peso, caracterizando o incremento no desenvolvimento reprodutivo. Com isso pode-se reduzir os DNP na admissão-primeiro serviço, fornecendo uma dieta que busque aumentar o ganho de peso, favorecendo a maturidade sexual, e antecipando o momento da primeira cobertura.

A nutrição deve suprir corretamente as necessidades da leitoa durante as fases de crescimento, considerando com atenção o efeito de determinadas vitaminas e minerais que estimulam a atividade e o desenvolvimento do aparelho genital. As vitaminas A, D3, E, e Selênio, administrados antes do início da puberdade favorecem o desenvolvimento ao aparelho reprodutivo.

Alguns trabalhos demonstram que leitoas submetidas a restrição alimentar durante a fase de crescimento, quando ingeriram maior quantidade de alimento, através do “flushing” (aumento do aporte energético 14 dias pré cobertura), sofrem mudanças fisiológicas que resultam em aumento na taxa  de crescimento durante o início do período de acasalamento, diminuindo os DNP e aumentando a taxa de ovulação, e o número de embriões. Já as leitoas submetidas ao consumo de ração à vontade durante toda a fase de crescimento, podem ter sido superalimentadas, atingindo a puberdade mais tarde. Esta pratica também induz a um aumento das perdas embrionárias ao primeiro serviço.

Genética:

A evolução no desenvolvimento de novas linhagens híbridas, caracterizada pela alta taxa de crescimento e menor deposição de gordura corporal, gera alterações na relação tecido muscular e gorduroso, entretanto pouca atenção tem sido dada na seleção das características reprodutivas.

A eficiência reprodutiva também depende da genética utilizada, já que as linhas hiper-prolíficas permitem aumentar o tamanho da leitegada.

A viabilidade do tamanho do aparelho genital e a idade esperada para a puberdade dependem da raça e do indivíduo. Está  fortemente marcada pela seleção a que foi submetida. A manutenção e análise de dados referentes a produção da granja, possibilitando a identificação dos fatores limitantes em termos de performance e o ajuste do manejo em função dos riscos importantes dentro de um sistema de produção.

Existe uma relação importante entre a dieta fornecida e a genética utilizada na granja, para tanto e de suma importância à conscientização do produtor na utilização da dieta ideal, buscando atribuir ao desenvolvimento uma melhor performance reprodutiva com antecipação da primeira cobertura. Na tabela 1 encontra-se uma recomendação quanto as quantidades de ração fornecidas a  cada arraçoamento.

 Tabela 1 . Alimentação das fêmeas de reposição.

Fase/ idade 65 a 150 dias 150 dias – 14 dias pré-serviço
Tipo de ração Crescimento                   Reposição
Quantidade (kg) À vontade 2,0 a 2,4 Kg dia

Uma vez que isto tenha sido atingido, e o ciclo estral seja conhecido as leitoas poderão ser manejadas para atender as necessidades de cobertura semanais do rebanho, leitoas que respondem mal ao estímulo para indução da puberdade devem ser eliminadas do plantel o mais cedo possível, minimizando as perdas econômicas do rebanho.

  A idade e o peso são parâmetros freqüentemente considerados para determinar a maturidade sexual, adquirindo condições suficientes para a primeira cobertura portanto uma das alternativas para se manter uma  prolificidade alta durante a vida reprodutiva, é determinar o momento certo da cobertura ( primeiro serviço ), das fêmeas nulparas´permitindo um desenvolvimento adequado do aparelho genital, que é o ponto chave para a resposta ótima dos parâmetros reprodutivos e particularmente da prolificidade do primeiro parto.       

Geralmente as leitoas podem ser cobertas e ou inseminadas com idade entre 200 a 220 dias, e com um peso de 120 a 130 Kg com 18mm de espessura de toucinho.

Como diminuir os DNP. ( dias não produtivos ) de um plantel.

 

De:

Denis Cristiano Reche (*)

Carolina Serret(*)

Gissele Rambo(*)

(*)Integrantes da Fundação Centro de Agronegócios/Centro de Biotecnologias ( Pigpel) da Universidade Federal de Pelotas. UFPEL.

Este artigo tem a orientação de Thomaz Lucia Junior e Marcio Nunes Correia.

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