Informativo Técnico Nº. 200

DIAGNÓSTICO SOROLÓGICO DE DOENÇAS CAUSADORAS DE FALHAS REPRODUTIVAS – PARTE II

 

PESTE SUÍNA CLÁSSICA (PSC)

 

A Peste Suína Clássica (PSC) é uma doença de curso febril, de distribuição mundial, sendo considerada endêmica na América do Sul, China, Índia e Rússia. É uma doença multissistêmica viral altamente contagiosa que acomete os suídeos e está na lista A da OIE.

 

fig 01

Figura 1: Mapa atual de distribuição da Peste Suína Clássica (Jul-Dez 2011). Fonte: OIE.

 

A infecção ocorre pela via oro-nasal, sendo as tonsilas o primeiro sítio de replicação do vírus, que em seguida, penetra na corrente sanguínea alcançando linfonodos, baço, rins, porção distal do íleo e cérebro principalmente. A infecção pode ocorrer de diferentes formas clínicas, dependendo da virulência da cepa viral. A forma aguda é causada por uma estirpe do vírus virulento e, geralmente, resulta em alta mortalidade. A infecção com o vírus de baixa virulência pode ser desenvolvido sob forma inaparente ou atípica.

Quando uma fêmea gestante é exposta à cepa de vírus de baixa virulência, este, ao ser transmitido ao feto, pode dar origem a natimortos, leitegada de tamanho reduzido, como também leitões aparentemente sadios, mas persistentemente infectados. Do ponto de vista epidemiológico e econômico, as infecções uterinas são o maior perigo atribuído aos pestivirus, em virtude de originar suínos persistentemente infectados.

Para diagnóstico pode ser utilizada a técnica de imunofluorescência e o teste de ELISA para a detecção dos antígenos virais.

 

CIRCOVIROSE SUÍNA (PCV2)

 

            A síndrome da circovirose suína é uma infecção viral de grande importância econômica, com distribuição mundial, causada pelo circovírus suíno tipo 2 (PCV2). A severidade da doença nos rebanhos infectados varia muito de granja para granja e, até, de país para país. As infecções podem causar lesões nos tecidos linfóides e imunossupressão, porém foram também encontradas granjas em que uma alta porcentagem de suínos está infectada com PCV2, mas mantêm-se clinicamente saudáveis.

A síndrome da circovirose suína pode se manifestar de seis formas diferentes: SDNS (Síndrome da dermatite e nefropatia suína), pneumonias, enterites, falhas reprodutivas, tremores congênitos e SMDS (Síndrome multissitêmica da refugagem pós desmame) que é a doença mais importante e mais estudada. Essas infecções caracterizam-se por pneumonia intersticial proliferativa e necrosante; enterite granulomatosa com ou sem refugagem; falhas reprodutivas que levam a abortos, natimortalidade, mumificação fetal e mortalidade de leitões pré-desmame com miocardite perinatal. Tremor congênito em leitões e doenças do sistema nervoso central, que levam leitões desmamados à morte súbita, também já foram relatados em associação a infecção pelo PCV2.

 

fig 02

Figura 2: Principais lesões anatomo-patológicas da circovirose suína.

 Fonte: TECSA Laboratórios.

 

            O PCV2 pode ser transmitido de suínos infectados para não infectados pela forma horizontal e vertical. O contato com suínos infectados, instalações, equipamentos e fômites são fatores prováveis na transmissão horizontal do vírus; fatores de risco causadores de estresse, como densidade elevada, baixa qualidade do ar, água e ração, mistura de lotes com procedência e idades diferentes e presença de enfermidades concomitantes podem intensificar as manifestações clínicas e favorecer o desenvolvimento da doença.

            Os prejuízos determinados pela SDMSD, além das mortes, devem-se ao declínio das taxas de crescimento e à queda na conversão alimentar determinada pela elevação do número de suínos refugos e/ou debilitados.

            O PCV2 é necessário, mas não suficiente para causar a circovirose. Co-fatores infecciosos (estirpe do PCV2 e outros microrganismos) e não infecciosos (genética, estresse, nutrição, manejo, dentre outros) são importantes para a manifestação do quadro clínico, gravidade das lesões e elevada carga viral no hospedeiro. A presença de enfermidades concomitantes pode aumentar a manifestação clínica e favorecer o desenvolvimento da doença, como o parvovírus suíno (PVS), vírus da síndrome reprodutiva e respiratória dos suínos (PRRSV), vírus da Doença de Aujeszky, dentre outros.

            A determinação da ocorrência da circovirose suína em uma granja é tarefa difícil, devido às participações de co-infecções que agravam a doença ou modificam os sinais clínicos, mascarando o diagnóstico diferencial. Recomenda-se conjugar pelo menos três fatores: histórico clínico do plantel, presença de achados de necrópsia e demonstração do antígeno viral dentro das lesões histopatológicas.

            Para diagnosticar as falhas reprodutivas devido à infecção pelo PCV2 é importante seguir três critérios diagnósticos como: presença de abortos e/ou natimortos e/ou mumificados, presença de PCV2 em lesões do miocárdio e presença em outros tecidos fetais como nos linfonodos. O PCV2 pode ser detectado nos tecidos fetais através da técnica de imunoistoquímica.

 

BRUCELOSE SUÍNA

 

            A brucelose suína é causada pela Brucella suis, prevalente na América Latina, Ásia e, eventualmente, nos Estados Unidos. É uma zoonose de distribuição universal e, atualmente, os casos de brucelose humana têm sido associados à doença profissional. A doença manifesta-se com lesões inflamatórias crônicas nos órgãos reprodutivos e também podem ocorrer lesões em ossos e articulações.

A infecção é transmitida por via horizontal e pode ser autolimitante em alguns casos. Causa transtornos reprodutivos graves, tais como, abortos em qualquer fase de gestação. Normalmente, 33 dias após a infecção da fêmea leva ao aumento de natimortos, queda na produção de leitões e endometrite em porcas. Nos machos causa orquite, alterações nas glândulas acessórias, perda da libido, esterilidade temporária ou permanente. Em leitões geralmente ocasiona espondilite associada à paralisia dos membros posteriores e transtornos ósseos e articulares tais como: claudicação, incoordenação e paralisia posterior, levando à eliminação de animais de alto valor zootécnico e, conseqüentemente, prejuízos econômicos, ocasionados pela falência reprodutiva, traduzidos pela queda na produção de carne.

            Além dos problemas causados à saúde pública, a brucelose também gera prejuízos econômicos ao tornar o produto vulnerável às barreiras sanitárias, comprometendo a sua competitividade no comércio internacional.

            De acordo com a Normativa 19, de 15 de fevereiro de 2002, toda granja de suídeos certificada (GRSC) deverá ser livre de brucelose, sendo esta doença de notificação obrigatória. Os animais deverão ser submetidos a provas sorológicas com intervalo de 6 em 6 meses, utilizando o antígeno acidificado tamponado, devendo os soros reativos serem submetidos a provas complementares do 2-Mercaptoetanol (2-ME) ou fixação de complemento (FC ou RFC) (MAPA, 2002).

            No Brasil, a brucelose suína já foi considerada a principal fonte de infecção para humanos, sendo a B. suis altamente patogênica para o homem, suplantada apenas pela B. melitensis.

O sorodiagnóstico é a base do combate à brucelose em rebanhos. Permite o monitoramento tanto de propriedades como de regiões inteiras, além de vigiar zonas de onde a doença já foi erradicada.

            O Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e Tuberculose (PNCEBT) no Brasil, em 10 de janeiro de 2001, preconizou o uso do Teste do Antígeno Acidificado Tamponado (AAT), que é uma prova qualitativa rápida, prática e de boa sensibilidade como prova de triagem.

 

fig 03

Figura 3: Teste do Antígeno Acidificado Tamponado mostrando reações negativas e uma positiva ao centro.

 

 Texto compilado da Tese de Elena Souza de Lima,  2010.

 

CODIGO

EXAMES

PRAZO DIAS

S81

CHECK UP DOENÇAS REPRODUTIVAS

Exames: Parvovirose; Leptospirose; Erisipela; Doença de Aujeszky; PRRS; Toxoplasmose

Material: 20 Soros de Matrizes/Reprodutoras

5

S32

PESTE SUÍNA CLÁSSICA

Material: Sangue total ou soro.

3

S83

IMUNOHISTOQUÍMICA PARA CIRCOVÍRUS

Material: Fragmento ou órgão fixado

5

S04

BRUCELOSE SUINA - AAT

Material: Sangue total ou soro.

2

V04B

VACINA AUTOGENA CONTRA HPS + STREPTO

15

V06

VACINA AUTOGENA CONTRA COLIBACILOSE + CLOSTRIDIOSE

15


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