Informativo Técnico N º  212

CISTICERCOSE.

Cisticercose atual no contexto da saúde pública:

Importância da medicina veterinária.

 Dr. Germano Francisco  Biondi.

      A cisticercose é a forma de infecção parasitária causada pela larva do Cysticercus cellulosae,  a qual se origina da fase adulta do metacestódeo  Taenia solium, que alberga o intestino delgado do hospedeiro definitivo obrigatório, o homem.

      A presença da forma larvar cística produz reações inflamatórias locais e à distância nos tecidos atingidos, tanto dos animais quanto do homem. Trata-se, portanto, de uma importante zoonose no contesto da saúde pública.

      O homem passa a ser o maior responsável para que esta entidade parasitológica persista no nosso convívio, uma vez que o portador de teníase e devido aos seus hábitos de higiene inadequados, lançando seus dejetos a céu aberto, faz com que o suíno tenha acesso a seus excrementos contaminados com proglotes de tênia, fazendo com que a larva do cisticerco se instale nos tecidos animais.

 A distribuição das teníases por Taenia solium tem sua maior prevalência nos países em desenvolvimento cujos aspectos voltados à educação sanitária são deficitários, alem das situações socioeconômicas de cada país.

      No Brasil, as teníases e cesticercoses decorrentes da Taenia solium ainda persistem nas criações de fundo de quintal, bem como em regiões rurais onde os animais vivem completamente soltos, tendo um convívio muito íntimo com o homem e outros animais.

        Em contrapartida, não ocorre naquelas criações onde o manejo está voltado à suinocultura bem dirigida e tecnificada.

      O suíno, como típico hospedeiro intermediário, tolera bem a presença do cisticerco. Quando a infecção é branda ou moderada, geralmente não causa qualquer quadro clínico. Porém, em trabalhos experimentais realizados em confirmação de sintomas variados nos animais, da mesma forma que se observa no homem o cisticerco pode se localizar no sistema nervoso central (SNC) do suíno e  levar à sintomatologia clássica que são as convulsões epilépticas.

      No homem,  a presença da cisticercose pode aparecer com mais freqüência no SNC e clinicamente pode resultar em sintomas que variam desde uma cefaléia, até um quadro convulsivo, com suas complicaçõe clinicas, dependendo da localização anatômica, número de cisticercos e resposta imunológica individual. Outras vezes pode ser assintomático, permanecendo inertes durante toda a vida do homem.

      Como forma de prevenir este agravo para a saúde pública, existem várias estratégias a serem aplicadas: educar a população envolvida e combater a parasitose dos animais atravéz de detecção de foco de suínos infectados, como elo importante da cadeia epidemiológica.

      O papel  da medicina veterinária seria a aplicação de medidas preventivas no combate à cisticercose suína atravéz de rastreamento das regiões tidas como endêmicas, por meio de exames sorológicos para situar o problema. E como medida efetiva seria atravéz da inspeção de carnes voltada ao controle do abate, atravéz do exame “pós-mortem” dos animais procedentes de regiões sabidamente endêmicas, e com isso quebrar a cadeia cíclica desta parasitose, evitando que a carne  suína chegue à mesa do consumidor contaminada com cisiticercos.

      Existem outras medidas factíveis de serem aplicadas, como medicar a população envolvida, separar os animais enfermos detectados por sorologia, combater o abate clandestino.

      Porém, jamais se conseguirá controlar e muito menos erradicar esta zoonose tão perniciosa no nosso meio, se não formos capazes de apregoar educação sanitária, bem dirigida e equacionada, com apoio das ações governamentais ligadas à saúde. E, o mais importante, não haver descontinuidade dos programas de controle deste complexo teníase-cisticercose.

 Prof. Dr. Germano Francisco Biondi.

Departamento de Higiene Veterinária e Saúde Pública.

Faculdade de medicina Veterinária e Zootecnia.

UNESP / Campus de Botucatu – SP

 Material apresentado na 3º Rodada Goiana de Tecnologia em Manejo de Suínos.


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