DOENÇAS DE CONTROLE OFICIAL NAS GRANJAS GRSC
INTRODUÇÃO
Todas as granjas de suídeos que comercializam ou
distribuem animais para reprodução, sejam elas granjas núcleos ou
multiplicadoras, são monitoradas semestralmente para peste suína clássica,
doença de Aujeszky, tuberculose, brucelose e leptospirose, no caso de não utilizar vacina.
Para que essas granjas possam vender ou distribuir seus animais elas devem
estar livres para as doenças monitoradas.
Em granjas comerciais as prevalências
da brucelose e tuberculose são muito baixas. A tuberculose, identificada pelo
serviço de inspeção de carnes no abate dos suínos, aparece em aproximadamente
de 0,002% dos suínos abatidos. A linfadenite
granulomatosa, causada por micobactérias
do complexo avium, aparece em menos de 0,5% dos
suínos abatidos.
DOENÇA DE AUJESZKY
A Doença de Aujeszky
(DA) é uma doença infecto-contagiosa que tem como hospedeiros primários os suídeos (suínos domésticos e selvagens). Estes podem
apresentar infecção latente, o que não acontece com outras espécies animais.
Nos gatos, cães e bovinos, o vírus produz encefalite de curso agudo fatal, o
que reduz a importância epidemiológica desses hospedeiros na manutenção e
disseminação da enfermidade. A ocorrência da doença nessas espécies, no
entanto, pode servir como indicador epidemiológico da presença de atividade
viral.
Os sinais clínicos da infecção pelo vírus da doença de Aujeszky
(VDA) variam de acordo com fatores epidemiológicos como endemicidade
e suscetibilidade dos indivíduos. A ocorrência do VDA em áreas endêmicas é
associada a manifestações reprodutivas. A introdução do vírus em rebanhos
livres resulta em sinais clínicos característicos. Em animais jovens predominam
sinais neurológicos com a taxa de mortalidade aproximando-se dos 100%. Animais
adultos apresentam febre, taxas variáveis de aborto, reabsorção fetal,
dificuldade respiratória e eventualmente vômitos. A mortalidade nessa faixa etária
é geralmente baixa. As perdas ocorrem por transtornos reprodutivos e
transtornos respiratórios em animais da terminação com estabelecimento de
infecção latente em suínos e recorrência viral.
A propriedade biológica de maior importância epidemiológica do VDA é a
capacidade de estabelecer infecções latentes no sistema nervoso do hospedeiro
após a infecção aguda. A infecção latente persiste por toda a vida do animal,
podendo ser reativada natural e/ou experimentalmente, resultando em excreção e transmissão
de vírus. Por isso, os animais soropositivos constituem-se em
reservatórios e fontes potenciais de disseminação do VDA.
A primeira notificação no Brasil ocorreu em 1912, desde então, já foi
identificada nos estados de Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Paraná, Minas
Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Ceará, Goiás, Mato Grosso do Sul e
Distrito Federal. Nos últimos anos, a infecção foi mais freqüentemente relatada
em Santa Catarina, o que levou a implementação de um
programa de erradicação.
Figura 1: Mapa atual de distribuição
da Doença de Aujeszky (Jul-Dez
2011). Fonte: OIE.
Os testes imunoenzimáticos do tipo ELISA são muito utilizados devido à sua
alta sensibilidade, especificidade, capacidade de processamento de grande
número de amostras, relativa rapidez de execução e, além disso, estabilidade
dos reagentes.
O teste de ELISA realizado no TECSA Laboratórios é um imunoensaio enzimático para a detecção de anticorpos em
soro suíno contra o antígeno do vírus da pseudoraiva
(PRV/Doença de Aujeszky). A presença de anticorpos ao
gpl indica exposição à cepa de campo e/ou vacinas
contendo antígeno gpl. Quando usado com vacina “VDA gpl deletado” é um teste
diferenciado para pseudoraiva.
BRUCELOSE
A brucelose suína é causada pela Brucella
suis, prevalente na América Latina, Ásia e, eventualmente, nos Estados Unidos.
É uma zoonose de distribuição universal e, atualmente, os casos de brucelose
humana têm sido associados à doença profissional. A doença manifesta-se com
lesões inflamatórias crônicas nos órgãos reprodutivos e também podem ocorrer
lesões em ossos e articulações.
A infecção é transmitida por via
horizontal e pode ser autolimitante em alguns casos.
Causa transtornos reprodutivos graves, tais como, abortos em qualquer fase de
gestação. Normalmente, 33 dias após a infecção da fêmea leva ao aumento de
natimortos, queda na produção de leitões e endometrite
em porcas. Nos machos causa orquite, alterações nas
glândulas acessórias, perda da libido, esterilidade temporária ou permanente.
Em leitões geralmente ocasiona espondilite associada
à paralisia dos membros posteriores e transtornos ósseos e articulares tais
como: claudicação, incoordenação e paralisia
posterior, levando à eliminação de animais de alto valor zootécnico e,
conseqüentemente, prejuízos econômicos, ocasionados pela falência reprodutiva,
traduzidos pela queda na produção de carne.
Além dos problemas causados à saúde pública, a brucelose também gera prejuízos
econômicos ao tornar o produto vulnerável às barreiras sanitárias,
comprometendo a sua competitividade no comércio internacional.
De acordo com a Normativa 19, de 15 de fevereiro de 2002, toda granja de suídeos certificada (GRSC) deverá
ser livre de brucelose, sendo esta doença
de notificação obrigatória. Os animais deverão ser submetidos a provas
sorológicas com intervalo de 6 em 6 meses, utilizando o antígeno
acidificado tamponado, devendo os soros reativos serem
submetidos a provas complementares do 2-Mercaptoetanol
(2-ME) ou fixação de complemento (FC ou RFC) (MAPA, 2002).
No Brasil, a brucelose suína já foi considerada a principal fonte de infecção
para humanos, sendo a B. suis
altamente patogênica para o homem, suplantada apenas pela B.
melitensis.
O sorodiagnóstico é a base do combate à brucelose em rebanhos. Permite o
monitoramento tanto de propriedades como de regiões inteiras, além de vigiar
zonas de onde a doença já foi erradicada.
O Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e Tuberculose
(PNCEBT) no Brasil, em 10 de janeiro de 2001, preconizou o uso do Teste do Antígeno Acidificado Tamponado
(AAT), que é uma prova
qualitativa rápida, prática e de boa sensibilidade como prova de triagem.
Figura 2: Teste do Antígeno
Acidificado Tamponado mostrando reações negativas e uma positiva ao centro.
LEPTOSPIROSE
A infecção pode ocorrer por via
oral, venérea, através da pele lesada, via conjuntiva ou através das mucosas.
Na fase de leptospiremia, os organismos podem ser
encontrados em vários órgãos, embora o fígado e rins sejam os mais atingidos.
Dez dias após a infecção, inicia-se
a produção de anticorpos e as leptospiras são
eliminadas dos tecidos pela reação imunológica (a exceção ocorre pelos rins). O
aborto e demais complicações reprodutivas ocorrem pela infecção dos fetos, na
fase de leptospiremia na fêmea.
Leptospirose aguda: os sinais clínicos nesta forma
podem passar despercebidos na granja. Consistem de prostração, anorexia e
elevação da temperatura corporal. Pode ocorrer icterícia na infecção de leitões
(figura 3).
Figura 3: Feto suíno. Icterícia
observada na calota craniana.
Fonte: suinotec
Leptospirose crônica: os transtornos reprodutivos ocorrem
no terço final da gestação. Porcas infectadas podem abortar,
ocorrer natimortos em excesso ou parição de leitões fracos, que morrem poucas
horas após o nascimento.
O diagnóstico da Leptospirose pode
ser feito através do teste de
micro-aglutinação(figura 4)
no soro dos reprodutores. É possível concluir que a infecção por leptospiras é a causa de transtornos reprodutivos mediante
o uso de testes sorológicos consecutivos com intervalo de 20 dias, em todos os
animais da granja (amostra pareada). Isso ocorre porque os soros das porcas que
haviam recém abortado podem repetir o mesmo título na segunda avaliação, mas
outros suínos podem apresentar títulos ainda em elevação, significando infecção
recente. Anticorpos detectados em líquido da cavidade torácica de
natimortos são reveladores de infecção.
Figura 4: Microscopia de campo
escuro do Teste de micro-aglutinação.
Fonte: emedicine
O diagnóstico sorológico fornece dados sobre a situação do
rebanho, mas não é definitivo para casos individuais. Aconselha-se que a
sorologia seja feita em pelo menos 15% dos reprodutores machos e fêmeas da
granja.
Na interpretação do resultado de
exames sorológicos é importante considerar que:
a- o teste detecta IgM , ou seja, infecção ATIVA e não resposta vacinal.
b- o histórico de uso da vacina na
propriedade, pois alguns animais podem apresentar baixos títulos que tendem a
diminuir até atingir níveis não perceptíveis ao diagnóstico sorológico, ou
seja, basta retestar animais reagente e outros não
reagente ao 1o teste (sentinelas).
c- Diagnostico deve ser dado com o
somatório dos dados laboratoriais, sinais clinicos e epidemiologicos.
Leptospiras podem ser detectadas nos tecidos
(rins, útero e ovidutos) por histopatologia com coloração especial - impregnação pela prata (figura 5).
Figura 5: Leptospiras
coradas pela prata em fragmento de fígado.
Fonte: emedicine
Texto compilado da Tese de Elena
Souza de Lima, 2010.
CODIGO |
EXAMES |
PRAZO DIAS |
S02 (< 40 amostras) S03 (> 40 amostras) |
LEPTOSPIROSE – MICROAGLUTINACAO Material: sangue em tubo tampa vermelha |
2 |
S62 |
LEPTOSPIRA PESQUISA & CULTURA Material: URINA RECENTE, soro de animal febril ou
orgãos |
2 |
S81 |
CHECK UP DOENÇAS REPRODUTIVAS Exames: Parvovirose; Leptospirose; Erisipela; Doença de Aujeszky; PRRS; Toxoplasmose Material: 20 Soros de Matrizes/Reprodutoras |
5 |
BIO |
HISTOPATOLOGIA – BIOPSIA Material: rins e/ou fígado fixado em formol |
5 |
HISTO CE |
HISTOPATOLOGIA COM COLORAÇÃO ESPECIAL
(PRATA) Material: rins e/ou fígado fixado em formol |
7 |
S04 |
BRUCELOSE SUINA - AAT Material: sangue em tubo tampa vermelha |
2 |
S33 |
AUJESZKY Material: sangue em tubo tampa vermelha |
|