Informativo Técnico Nº. 229

 IMPORTÂNCIA DOS SUÍNOS NA TRANSMISSÃO DE ZOONOSES – PARTE II

 

LEPTOSPIROSE

 

A leptospirose é uma doença infecciosa caracterizada, principalmente, por transtornos reprodutivos, tais como abortos, natimortos, fetos mumificados e nascimento de leitões fracos, que dificilmente sobrevivem.

A doença é causada por uma espiroqueta aeróbica. Atualmente, existem identificados 23 sorogrupos da Leptospira interrogans. Os mais comumentes encontrados infectando suínos e causando transtornos reprodutivos são os sorovares L. pomona, L. icterohaemorrhagiae, L. tarassovi, L. canicola, L. gryppotyphosa, L. bratislava e L. muenchen.

Roedores e animais silvestres atuam como portadores de leptospiras. Os ratos, que podem excretar leptospiras vivas pela urina e são uma freqüente fonte de infecção tanto para o suíno como para o homem. Os suínos se infectam através do contato com água ou alimentos contaminados, com urina, fetos abortados e descargas uterinas de animais portadores. A infecção pode ocorrer por via oral, venérea, através da pele lesada, por via conjuntiva ou através das mucosas.

Nos suínos, a maioria das infecções é subclínica. Dois grupos de suínos podem apresentar sinais clínicos mais evidentes: leitões jovens e porcas gestantes. Animais com a doença na forma aguda apresentam prostração, anorexia e elevação da temperatura corporal. Os suínos se recuperam espontaneamente em uma ou duas semanas. Estes sintomas podem passar sem serem percebidos nas granjas. As complicações reprodutivas ocorrem devido à infecção dos fetos na fase de leptospiremia na fêmea.

A leptospirose é uma importante zoonose ocupacional, especialmente para produtores e pessoas que trabalham diretamente no abate de suínos. Durante o período de leptospiremia, o humano apresenta febre, mialgias, conjuntivite, rigidez da nuca, náusea e vômito. Podem ser observadas petéquias na pele, hemorragias gastrointestinais, hepatomegalia e icterícia.

 

SALMONELOSE

 

A Salmonella sp. é uma enterobactéria encontrada em diferentes espécies animais. Os suínos são suscetíveis a uma variedade de sorotipos entretanto, os principais são o Choleraesuis e o Thyphimurium, sendo somente este de importância em humanos.

A salmonelose é provavelmente, a zoonose mais difundida no mundo, sendo importante por promover toxinfecções alimentares em humanos, mediadas por produtos de origem animal. Os produtos de origem suína são considerados importantes fontes de infecção de Salmonella para humanos, sendo superados apenas por produtos de origem avícola.

A salmonelose pode se apresentar clinicamente nos animais na forma entérica com diarréia ou na forma generalizada, afetando vários sistemas, resultado de septicemia. Morte súbita e refugagem também podem ser observados.

O animal infectado pode ou não desenvolver sintomas clínicos da doença, entretanto o estado de portador e conseqüente disseminador de salmonela é a forma mais importante de manutenção do agente nos rebanhos e entrada nos frigoríficos. O ciclo de infecção é fecal-oral, porém a salmonela pode se alojar nos linfonodos e ser excretada quando o animal for submetido a um fator estressante. Humanos podem infectar-se através do manejo com os animais, a partir da manipulação de suínos abatidos nos frigoríficos, porém a principal fonte de infecção é o alimento contaminado. A infecção por Salmonella causa uma infecção intestinal, que se caracteriza por um período de incubação de 8 a 48 horas depois da ingestão do alimento. Os sintomas mais comuns são dores abdominais, náuseas, vômitos e diarréia.

 

Fig 01

Figura: Ùlceras em botão no ceco. Fonte: Retirado do site Suinocultura em foco.

 

TOXOPLASMOSE

 

A toxoplasmose é causada pelo Toxoplasma gondii, um protozoário que pode ser encontrado mundialmente em diferentes espécies animais, incluindo o homem. Animais e humanos infectam-se através da ingestão de água ou alimento contaminado com oocistos esporulados ou através do consumo de carne contendo cistos nos tecidos. Felinos, entre eles o gato, são os únicos a excretarem oocistos nas fezes, sendo importantes na transmissão para suínos e outros animais. Cistos somente são encontrados em músculos de animais contaminados e contém bradizoítos em vários estágios de multiplicação. Estes cistos permanecem viáveis por muitos anos. Depois da ingestão, os oocistos ou bradizoítos passam através do estômago e no intestino do hospedeiro trocam de estágio, transformando-se em taquizoítos. Estes se multiplicam na lâmina própria do intestino e, eventualmente, disseminam-se pelo corpo. A infecção pré-natal pode ocorrer se a mãe for infectada durante a gestação, já que os taquizoítos do sangue materno podem atravessar a barreira placentária.

A presença de T. gondii infectando gatos e roedores foram identificados como a principal fonte de infecção para suínos.

No homem, a infecção em geral é subclínica e pode ser congênita ou adquirida, sendo que a primeira é a mais grave. A toxoplasmose congênita inicia com uma parasitemia, passando a uma infecção generalizada que pode provocar aborto ou nascimento prematuro. Alguns bebês manifestam encefalite nos primeiros dias após o nascimento. A toxoplasmose adquirida geralmente é menos grave. Possui manifestações variadas, sendo que a forma mais comum é uma linfoadenopatia, acompanhada ou não de febre. Em geral, o paciente recupera-se espontaneamente. Por outro lado, a forma ocular da toxoplasmose pode atingir índices muito elevados em algumas regiões geográficas, caracterizando-se por retinites progressivas que podem levar à cegueira. Os fatores que determinam os altos índices de manifestações oculares em algumas regiões não está completamente definido, suspeitando-se que variações de virulência nas linhagens de Toxoplasma possam ter alguma influência.

A maioria das infecções nos suínos é subclínica. Aborto é raro, mas pode ocorrer se a infecção for durante a gestação. Através da infecção transplacentária, os leitões infectados podem nascer prematuros, mortos ou fracos, podendo morrer logo após o nascimento. Leitões que sobrevivem podem apresentar diarréia, tremores, incoordenação ou tosse. Leitões infectados até os dois meses de idade podem apresentar transtornos digestivos e respiratórios, deixando lesões em vários órgãos.

 

CISTICERCOSE

 

Esta infecção do suíno é causada pela Taenia solium (Cysticercus cellulosae), tendo importância em saúde pública porque o homem é o hospedeiro definitivo e um potencial hospedeiro intermediário para os cisticercos. A cisticercose em suínos adultos e a teníase em humanos não têm importância clínica, mas a cisticercose em humanos pode ser letal.

O homem é o hospedeiro definitivo da T. solium, albergando o parasita adulto no intestino, que libera proglotes grávidos nas fezes. A ingestão dos proglotes, contendo ovos, pelo suíno (hospedeiro intermediário) é que dá origem à infecção. No intestino do animal, os ovos são rompidos e as larvas liberadas migram nos tecidos musculares, fixando-se no tecido conjuntivo intermuscular, onde são envolvidas por uma cápsula adventícia, fechando o ciclo do parasita.

Ao comer carne crua ou mal passada dos suínos que contenha os cisticercos, o homem passa a desenvolver a doença chamada Teníase, também conhecida por "solitária". Três meses após a ingestão do cisticerco, a tênia já localizada no intestino delgado do homem, começa a soltar proglotes com ovos que são eliminados nas fezes completando o ciclo do parasita. O homem com teníase pode se auto-contaminar com os ovos, ao não fazer corretamente a higiene após evacuar e levar a mão à boca. Nestes casos, o humano desenvolverá a cisticercose, pois atuará como hospedeiro intermediário.

 

Texto de Ana Maria Jung Vargas, Fernando Bortolozzo, Ivo Wentz e Marisa Cardoso, retirado do site Suinocultura em foco.

 

CODIGO

EXAMES

PRAZO DIAS

S16

ISOLAMENTO-Streptococcus suis

Material: Cabeça ou swab do sistema nervoso central, auticulações e pulmão.

5

S04

BRUCELOSE SUINA – AAT

Material: Sangue total ou soro.

2

S38

ERISIPELOSE (RUIVA) SOROLOGIA

Material: Sangue total ou soro.

3

S02

Leptospira   

Material: Sangue total ou soro.

4

A18/S

PESQUISA DE Salmonella SUINA

Material: Swab retal ou fezes.

5

S61

TOXOPLASMOSE     

Material: Sangue total ou soro.

2

S23

EXAME PARASITOLÓGICO DE FEZES

Material: Fezes recentes

1

HISTO CE

HISTOPATOLOGIA - COLORAÇÃO ESPECIAL (BAAR, Zichl-Neelsen para micobacterioses)

Material: linfonodos, fígado, baço e pulmão.

7

BIO

HISTOPATOLOGIA - BIOPSIA   

Material: Músculo ou órgãos com suspeita de cisticercos, em formol 10%

5


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