IMPORTÂNCIA DOS SUÍNOS NA TRANSMISSÃO DE
ZOONOSES – PARTE II
LEPTOSPIROSE
A leptospirose é uma doença
infecciosa caracterizada, principalmente, por transtornos reprodutivos, tais
como abortos, natimortos, fetos mumificados e nascimento de leitões fracos,
que dificilmente sobrevivem.
A doença é causada por uma
espiroqueta aeróbica. Atualmente, existem identificados 23 sorogrupos da Leptospira interrogans.
Os mais comumentes encontrados infectando suínos e
causando transtornos reprodutivos são os sorovares L.
pomona, L. icterohaemorrhagiae,
L. tarassovi, L. canicola,
L. gryppotyphosa, L. bratislava e L. muenchen.
Roedores e animais silvestres atuam
como portadores de leptospiras. Os ratos, que podem
excretar leptospiras vivas pela urina e são uma
freqüente fonte de infecção tanto para o suíno como para o homem. Os suínos se
infectam através do contato com água ou alimentos contaminados, com urina,
fetos abortados e descargas uterinas de animais portadores. A infecção pode
ocorrer por via oral, venérea, através da pele lesada, por via conjuntiva ou
através das mucosas.
Nos suínos, a maioria das infecções
é subclínica. Dois grupos de suínos podem
apresentar sinais clínicos mais evidentes: leitões jovens e porcas gestantes.
Animais com a doença na forma aguda apresentam prostração, anorexia e elevação
da temperatura corporal. Os suínos se recuperam espontaneamente em uma ou duas
semanas. Estes sintomas podem passar sem serem percebidos nas granjas. As
complicações reprodutivas ocorrem devido à infecção dos fetos na fase de leptospiremia na fêmea.
A leptospirose é uma importante zoonose
ocupacional, especialmente para produtores e pessoas que trabalham
diretamente no abate de suínos. Durante o período de leptospiremia,
o humano apresenta febre, mialgias, conjuntivite, rigidez da nuca, náusea e
vômito. Podem ser observadas petéquias na pele,
hemorragias gastrointestinais, hepatomegalia e
icterícia.
SALMONELOSE
A Salmonella
sp. é
uma enterobactéria encontrada em diferentes espécies
animais. Os suínos são suscetíveis a uma variedade de sorotipos entretanto, os principais são o Choleraesuis
e o Thyphimurium, sendo somente este de
importância em humanos.
A salmonelose
é provavelmente, a zoonose mais difundida no mundo, sendo importante por
promover toxinfecções alimentares em humanos,
mediadas por produtos de origem animal. Os produtos de origem suína são
considerados importantes fontes de infecção de Salmonella
para humanos, sendo superados apenas por produtos de origem avícola.
A salmonelose
pode se apresentar clinicamente nos animais na forma entérica com diarréia ou
na forma generalizada, afetando vários sistemas, resultado de septicemia. Morte
súbita e refugagem também podem ser observados.
O animal infectado pode ou não
desenvolver sintomas clínicos da doença, entretanto o estado de portador e
conseqüente disseminador de salmonela é a forma mais importante de manutenção
do agente nos rebanhos e entrada nos frigoríficos. O ciclo de infecção é
fecal-oral, porém a salmonela pode se alojar nos linfonodos
e ser excretada quando o animal for submetido a um
fator estressante. Humanos podem infectar-se através do manejo com os animais,
a partir da manipulação de suínos abatidos nos frigoríficos, porém a principal
fonte de infecção é o alimento contaminado. A infecção por Salmonella causa uma infecção intestinal, que se
caracteriza por um período de incubação de
Figura: Ùlceras
em botão no ceco. Fonte: Retirado do site Suinocultura em foco.
TOXOPLASMOSE
A toxoplasmose é causada pelo Toxoplasma
gondii, um protozoário que pode ser encontrado
mundialmente em diferentes espécies animais, incluindo o homem. Animais e
humanos infectam-se através da ingestão de água ou alimento contaminado com
oocistos esporulados ou através do consumo de carne
contendo cistos nos tecidos. Felinos, entre eles o gato, são os únicos
a excretarem oocistos nas fezes, sendo importantes na transmissão para
suínos e outros animais. Cistos somente são encontrados em músculos de animais
contaminados e contém bradizoítos em vários estágios
de multiplicação. Estes cistos permanecem viáveis por muitos anos. Depois da
ingestão, os oocistos ou bradizoítos passam através
do estômago e no intestino do hospedeiro trocam de estágio, transformando-se em
taquizoítos. Estes se multiplicam na lâmina própria
do intestino e, eventualmente, disseminam-se pelo corpo. A infecção pré-natal
pode ocorrer se a mãe for infectada durante a gestação, já que os taquizoítos do sangue materno podem atravessar a barreira
placentária.
A presença de T. gondii infectando gatos e roedores foram identificados
como a principal fonte de infecção para suínos.
No homem, a infecção em geral é subclínica e pode ser congênita ou adquirida, sendo
que a primeira é a mais grave. A toxoplasmose congênita inicia com uma parasitemia, passando a uma infecção generalizada que pode
provocar aborto ou nascimento prematuro. Alguns bebês manifestam encefalite nos
primeiros dias após o nascimento. A toxoplasmose adquirida geralmente é menos
grave. Possui manifestações variadas, sendo que a forma mais comum é uma linfoadenopatia, acompanhada ou não de febre. Em geral, o
paciente recupera-se espontaneamente. Por outro lado, a forma ocular da
toxoplasmose pode atingir índices muito elevados em algumas regiões
geográficas, caracterizando-se por retinites
progressivas que podem levar à cegueira. Os fatores que determinam os altos
índices de manifestações oculares em algumas regiões não está completamente
definido, suspeitando-se que variações de virulência nas linhagens de Toxoplasma
possam ter alguma influência.
A maioria das infecções nos suínos é
subclínica. Aborto é raro, mas pode ocorrer se a
infecção for durante a gestação. Através da infecção transplacentária,
os leitões infectados podem nascer prematuros, mortos ou fracos, podendo morrer
logo após o nascimento. Leitões que sobrevivem podem apresentar diarréia,
tremores, incoordenação ou tosse. Leitões infectados
até os dois meses de idade podem apresentar transtornos digestivos e
respiratórios, deixando lesões em vários órgãos.
CISTICERCOSE
Esta infecção do suíno é causada
pela Taenia solium
(Cysticercus cellulosae),
tendo importância em saúde pública porque o homem é o hospedeiro definitivo e
um potencial hospedeiro intermediário para os cisticercos. A cisticercose em
suínos adultos e a teníase em humanos não têm importância clínica, mas a
cisticercose em humanos pode ser letal.
O homem é o hospedeiro definitivo da
T. solium, albergando o parasita adulto no
intestino, que libera proglotes grávidos nas fezes. A
ingestão dos proglotes, contendo ovos, pelo suíno
(hospedeiro intermediário) é que dá origem à infecção. No intestino do animal,
os ovos são rompidos e as larvas liberadas migram nos tecidos musculares,
fixando-se no tecido conjuntivo intermuscular, onde são envolvidas por uma
cápsula adventícia, fechando o ciclo do parasita.
Ao comer carne crua ou mal
passada dos suínos que contenha os cisticercos, o homem passa a desenvolver
a doença chamada Teníase, também conhecida por "solitária".
Três meses após a ingestão do cisticerco, a tênia já localizada no intestino
delgado do homem, começa a soltar proglotes com ovos
que são eliminados nas fezes completando o ciclo do parasita. O homem com
teníase pode se auto-contaminar com os ovos, ao não
fazer corretamente a higiene após evacuar e levar a mão à boca. Nestes casos, o
humano desenvolverá a cisticercose, pois atuará como hospedeiro intermediário.
Texto de Ana Maria Jung Vargas,
Fernando Bortolozzo, Ivo Wentz
e Marisa Cardoso, retirado do site Suinocultura em foco.
CODIGO |
EXAMES |
PRAZO
DIAS |
S16 |
ISOLAMENTO-Streptococcus suis Material:
Cabeça ou swab do sistema nervoso central, auticulações
e pulmão. |
5 |
S04 |
BRUCELOSE SUINA – AAT Material:
Sangue total ou
soro. |
2 |
S38 |
ERISIPELOSE (RUIVA) SOROLOGIA Material:
Sangue total ou
soro. |
3 |
S02 |
Leptospira Material:
Sangue total ou
soro. |
4 |
A18/S |
PESQUISA DE Salmonella
SUINA Material:
Swab retal ou fezes. |
5 |
S61 |
TOXOPLASMOSE
Material:
Sangue total ou
soro. |
2 |
S23 |
EXAME PARASITOLÓGICO DE FEZES Material:
Fezes recentes |
1 |
HISTO CE |
HISTOPATOLOGIA - COLORAÇÃO
ESPECIAL (BAAR, Zichl-Neelsen para micobacterioses) Material:
linfonodos, fígado, baço e pulmão. |
7 |
BIO |
HISTOPATOLOGIA -
BIOPSIA Material:
Músculo ou órgãos
com suspeita de cisticercos, em formol 10% |
5 |