Informativo técnico 24.

Obs: Este informativo ilustra a forma como o assunto era tratado na década de 1980.

ILEÍTE.

Enterite Proliferativa Hemorrágica.

Sinônimos.

- Adenomatose Intestinal Proliferativa.
- Ileíte Terminal ou Regional
- Enterite Necrótica
- Tifocolite Proliferativa

Etiologia

Doença de etiologia indefinida. Alguns pensam tratar-se de uma doença causada por Campylobacter (Campylobacter mucosalis., C. hyointestinalis., C. coli.,). Acontece, porem que culturas destes agentes não reproduzem experimentalmente a doença a outros suínos. Isto exclue a etiologia monofatorial (um só agente causal), ou não seria causada por esses Campylobacter cultivados em meios de culturas usuais. Triturado de tecido fresco de lesões e capaz de reproduzir experimentalmente a doença a suínos e hamster. Como nas lesões são encontrados organismos intracelulares similares ao Campylobacter, admite-se, hoje, ser causada por um agente bacteriano, denominado de CLO (Campylobacter Like Organisni). Estudos recentes mostram que o CLO seria filtrável ( 0.65 u ) e cultivável em ovos embrionados.

Alguns pesquisadores especulam a possibilidade da participação de fatores predisponentes como: clima e nutrição, responsáveis por stress.

Em suma, parece tratar-se de uma doença transmissível de etiologia bacteriana (CLO ), ainda não cultivada em meios usuais de cultura, sensível a varias drogas e que depende de algum fator de meio ou manejo para a sua precipitação.

A Ileíte, também conhecida como complexo PIA , trata-se de um problema ainda pouco conhecido, e pesquisado no Brasil, com relação aos fatores predisponentes, ao aparecimento do sintoma clássico e o sorotipo de Campylobacter causador. Sabe-se por exemplo que como em muitas outra doenças, a simples existência de Campylobacter, que é comum na microflora dos suínos não implica necessariamente no aparecimento da doença. Para que isto ocorra, sempre, torna-se necessário o envolvimento de fatores stressantes do meio.

Esta doença normalmente tende a se manifestar em rebanhos de alto status sanitário, tanto em animais jovens (3 a 4 semanas de idade ) como em animais adultos, leitoas, e ou ainda cevados, por volta de (6 a 7 meses de idade). Os sintomas e os sinais clínicos comumente observados, caracterizam-se pela perda de apetite, deixam de ganhar peso, aliado a observação de animais pálidos e anêmicos devido a perda de sangue pela mucosa intestinal, levando a presença de fezes amolecidas, escuras e as vezes sanguinolentas. Alguns suínos podem morrer subitamente, antes porem, observa-se queda na temperatura corporal.

Para melhor ilustrar a complexidade do problema são apresentadas a seguir os depoimentos de alguns renomados pesquisadores sobre o assunto.

Dr.Hank Harris, dos (EUA), ressalta que não existe comprovação de que fatores nutricionais e climáticos estejam envolvidos, embora existam algumas suspeitas levantadas pelo Dr.George Daniels, da Universidade de Iowa, de que possa existir alguma associação neste sentido. O Dr.Hank Harris diz que o Ileíte e reconhecidamente uma doença correlacionada ao stress e ela não se enquadra nos modelos típicos de doença infecciosa. Por exemplo, em granjas que ele acompanhou no México, onde a dieta não é a base de milho e de soja, e também onde a temperatura é mais elevada a Ileíte não representa problema. Já nos USA como no Brasil há fortes evidencias de que a dieta e os fatores climáticos estão associados ao aparecimento do problema.

Segundo o Dr.Boob Clock, da Universidade do Colorado, (EUA), a única coisa realmente certa é que ninguém conhece bem sobre Ileíte. Ele relata que tentou induzir o aparecimento da doença alimentando os suínos de um mês de idade com ração de crescimento, mas não conseguiu demonstrar que este procedimento foi efetivo. Na opinião dele isto foi apenas mais um "stress" e que tudo o que ele poderia dizer com tranqüilidade é que qualquer stress pode ser considerado um fator predisponentes para o aparecimento do problema, apesar da dificuldade de se definir stress.

Fica claro portanto, que o Ileíte exige ainda muitos estudos para o seu melhor conhecimento e que as condições predisponentes em uma granja podem ser diferentes daquelas existente em outras. Tendo em conta estas ressalvas, são relatadas a seguir algumas recomendações gerais, visando minimizar stress e o risco do Ileíte se manifestar.

Sinais Clínicos.

Diarréias, fezes moles com ou sem a presença de sangue, redução de ganho de peso, em animais na fase de crescimento, principalmente na recria, terminação, e animais jovens, e ainda leitoas e varrões de reposição. Como conseqüência aparecem animais "brancos" ou anêmicos, com temperatura sempre um pouco abaixo do normal, e ainda refugos e mortes súbitas. A doença praticamente inexiste, ou pouco se manifesta em suínos com menos de 1 mês ou com mais de 1 ano de idade ( imunidade passiva e ativa respectivamente).

Lesões.

Hiperflaxia das criptas de mucosa das matrizes (terminal do jejuno e do íleo, ceco e cólon proximal. A mucosa lesada aparenta-se com pregas longitudinais com sulcos entre as pregas. Na superfície das pregas observam-se áreas hemorrágicas. Pode ser visto na forma crônica áreas necróticas (enterite necrótica). O grande espessamento da mucosa do íleo, torna-o semelhante a mangueira de jardim.

Diagnostico.

Baseia-se nos sinais clínicos, nas lesões e na histopatologia das lesões. Diferenciar da Salmonelose e Desinteria suína.

CONTROLE.

Praticar o sistema "all in, all out" ( tudo dentro, tudo fora ) associado à limpeza e desinfecção rigorosas das instalações e um bom programa nutricional. Reduzir praticas de manejo que aumentem o stress. O uso de drogas na ração como: tilosina, neomicina, tetraciclina, olaquindox, nitroforanos e sulfa-trimetropim têm dado resultados satisfatórios. A eficiência da droga varia entre focos, sugerindo a possibilidade de resistência bacteriana. Nas formas agudas tem sido utilizado, parenteralmente a espectinomicina ou tilosina.

Observar todos os aspectos de ambientais predisponentes como:(umidade, sujeira, temperatura, velocidade do vento dentro dos barracoes, gases no ambiente). Controlar a qualidade das matérias-primas usadas na fabricação da ração (micotoxinas).

Limitar o uso de gorduras nas rações e quando necessário elevar os níveis da vitamina E , de Selênio, Zinco e Cálcio.

sossuinos@uol.com.br

Revisão/ Agosto 2.006


<--Voltar