SISTEMA IMUNE DE LEITÕES E PRÁTICAS DE MANEJO
INTRODUÇÃO
O sistema imunológico é responsável
por detectar a presença de um antígeno e transmitir a informação ao resto do
corpo para que este possa responder com alterações metabólicas e comportamentais,
que afetem o desempenho e a exigência em nutrientes. Dessa maneira, o sistema
imunológico apresenta três principais reflexos metabólicos, que são: (1) uma
conexão direta entre o sistema nervoso central e tecidos do
sistema imune (timo, baço e linfonodos), com
respostas de comportamento ou liberação de hormônios pelo hipotálamo e/
ou hipófise; (2) conexão direta com o sistema endócrino regulando suas
secreções e (3) liberação de leucócitos, citocinas e
macrófagos.
Figura 1: Escherichia
coli enterotoxigênica -
coloração verde- na mucosa intestinal.
Fonte: Retirado do blog saudegeriatrica.
Uma
conseqüência prejudicial da
ativação do sistema imunológico é a
redução da síntese protéica, associada a maior taxa de degradação. A necessidade de nitrogênio
aumenta também para síntese de proteínas de fase aguda e de outros produtos
imunológicos. Ocorrem ainda maior deaminação de
aminoácidos e maior excreção de nitrogênio urinário.
Por essa razão, em estudos
realizados com leitões utilizando-se a técnica do desmame precoce segregado (na
qual o status de saúde dos animais é elevado), ocorreu melhoria no desempenho e
consumo de ração, com os animais atingindo o peso ao abate em menor tempo, se
comparado ao desmame convencional.
TRANSFERÊNCIA DE IMUNIDADE DA PORCA PARA
OS LEITÕES
Os fetos suínos estão muito bem protegidos da estimulação antigênica externa,
em função da característica epitélio-corial da
placenta materna, na qual seis camadas de tecidos separam a circulação materna
da fetal. Essa barreira física de proteção, no entanto, impede a transferência
de imunoglobulinas da mãe para os fetos via placenta. Assim, o leitão nasce
imunologicamente despreparado e é dependente da aquisição de imunidade passiva
transferida pela mãe, via colostro.
Essa imunidade é conferida pela
ingestão de imunoglobulinas colostrais (anticorpos).
Porém, leucócitos (neutrófilos, macrófagos e linfócitos) e outros fatores de
imunidade também são passivamente adquiridos e podem contribuir para a
imunidade do leitão recém-nascido. Os leitões podem receber essa imunidade
passiva adquirindo anticorpos da mãe via colostro nas primeiras
Figura 2: A primeira mamada do
leitão tem grande importância e acaba influenciando em toda a saúde e
sobrevivência do animal durante seu ciclo produtivo. Fonte: Retirado do site Porkworld
Altas concentrações de imunoglobulinas (IgG,
IgM e IgA) são encontradas
nas primeiras amostras de colostro após o parto. A participação relativa dessas
imunoglobulinas cai rapidamente com o transcorrer da lactação, e a IgG predominante no início (76% do
total) passa para cerca de 11% aos 21 dias de lactação.
A sobrevivência do leitão não depende somente da ingestão dessas
macromoléculas, mas também da sua própria capacidade para utilizá-las, reagindo
rapidamente a um desafio. Essa capacidade de reação do leitão, no entanto, é
bastante limitada, principalmente em virtude da imaturidade do sistema
imunológico, que passa por mudanças nas primeiras semanas de vida, incluindo o
aumento do número circulante de neutrófilos e aumento da habilidade de resposta
aos estímulos externos.
Deve-se considerar, ainda, que o processo de imunidade passiva é resultado de
desafios imunológicos vividos pela mãe, sejam eles oriundos de vacinação ou
exposição à patógenos. Assim, porcas mais velhas
tendem a produzir colostro com maior concentração e melhor padrão qualitativo
de imunoglobulinas, se comparadas às primíparas.
REFLEXO DE ESTRESSORES AMBIENTAIS SOBRE O SISTEMA IMUNOLÓGICO
Os fatores ambientais podem afetar os leitões de forma negativa, aumentando a
possibilidade de ocorrência e intensidade de doenças. Um microorganismo pode
agir sobre o estado geral de saúde de um animal, causando imunossupressão.
Pesquisadores apresentaram algumas evidências que esse fenômeno ocorre com Mycoplasma hyopneumoniae,
agente etiológico da pneumonia enzoótica. Como
conseqüência da imunossupressão, a resistência a outros agentes infecciosos é
diminuída, podendo resultar em índices maiores de doenças.
O estado imunitário dos leitões pode
ser alterado por estresses ambientais. Os estressores de origem física (excesso
de frio ou calor) são os principais vilões causadores de inativação do sistema imune
dos leitões na maternidade. A hipotermia é uma das principais causas de
mortalidade de leitões recém-nascidos.
Além dos estressores físicos, há os
de origem social, como a alteração da hierarquia, que ocorre quando da
introdução de animais novos ao grupo, como é o caso da prática do manejo de
transferência lateral de leitões. Nesses casos, o sistema neuro-humoral é
ativado, desencadeando a produção elevada de esteróides que afetam o status
imune do animal, resultando em menor resistência às infecções.
Quando fatores de estresse são
aplicados às porcas lactantes, o problema aumenta de forma geométrica, pois a
produção elevada desses esteróides promove aumento no catabolismo, interferindo
na utilização dos nutrientes. Além disso, esses hormônios reduzem a função dos granulócitos, monócitos e linfócitos, diminuindo o nível de
imunoglobulinas no sangue, conseqüentemente, diminuindo a transmissão de
imunidade passiva aos leitões.
ATIVAÇÃO DO SISTEMA IMUNE DE FORMA ADQUIRIDA OU INATA
O organismo animal tem capacidade de
resistir a quase todos os tipos de toxinas ou microorganismos que tendem a
lesar seus tecidos ou órgãos. Grande parte dessa imunidade se deve ao sistema
imune, especialmente à formação de anticorpos e linfócitos ativados, que atacam
e destroem os invasores. Esse tipo de imunidade é chamada de
imunidade adquirida. O outro componente da resposta imune resulta de
processos dirigidos ao organismo patogênico específico, denominada imunidade
inata.
A imunidade adquirida é a capacidade que o organismo possui de desenvolver
imunidade específica extremamente poderosa contra agentes invasores, como
vírus, bactérias e toxinas letais que, quase sempre, pode conferir um grau extremo
de proteção. Essa é a razão da importância do processo de vacinação.
Figura 4: Vacinação de marrãs e
porcas. Fonte: Retirado do site morrisvetcenter.
O organismo possui dois tipos
básicos de imunidade adquirida: em um deles, o organismo forma anticorpos
circulantes, que são moléculas de globulina capazes de atacar o agente invasor;
esse tipo de imunidade é de nominada imunidade humoral ou
imunidade das células B, e o outro tipo de imunidade adquirida, é obtido
pela formação de grande número de linfócitos ativados, produzidos
especificamente para destruir o agente estranho; esse tipo de imunidade é denominado
imunidade celular ou imunidade das células T.
DESMAME PRECOCE SEGREGADO
Por volta de 1994, o Desmame Precoce
Segregado (DPS) começou a ser estudado, quando especialistas chegaram à
conclusão de que a chave para o sucesso estava em desmamar precocemente e criar
os leitões isolados em outro sítio (daí o nome segregado).
Essa prática de manejo consiste em
um sistema no qual vários estágios de produção estão
localizados em diferentes sítios: dois, três ou múltiplos sítios. Algumas
literaturas recomendam, no mínimo, três sítios completamente separados, com
mão-de-obra independente. No primeiro sítio, ficam os reprodutores e a
maternidade. No segundo, ficam as salas de creche, e no terceiro sítio ficam a
recria e terminação.
Nos sítios de creche os animais são
criados em lotes isolados e esse mesmo lote vai para o sítio de
recria/terminação, permanecendo também isolado de outros lotes. Como o status
sanitário é diferente em cada lote, a mistura de lotes acima de 70 dias pode,
eventualmente, não ser suficiente para produzir sinais clínicos de doença, mas
o sistema imunológico pode ser ativado e seus efeitos fisiológicos podem
reduzir o desempenho dos animais afetados. A separação em diferentes estádios
de produção, associada ao desmame precoce, facilita a eliminação de várias
doenças infecciosas.
O desmame precoce segregado tem como
maior vantagem melhorar o desempenho dos animais, principalmente nas fases de
crescimento e terminação, em conseqüência da diminuição do número de patógenos, causando menor estímulo do sistema imunológico
nas fases de maior crescimento e deposição de tecido. Dessa maneira, menos
nutrientes serão direcionados para tal função, restando maior quantidade para
as atividades metabólicas normais de crescimento dos animais.
A idade mais susceptível às doenças
bacterianas e viróticas é, geralmente, depois da segunda semana após o
nascimento, coincidindo com a queda dos níveis de imunoglobulinas fornecidas
passivamente. Se o desmame for feito em torno da segunda semana, há grande chance
de se conseguir leitões com reduzida carga de bactérias, resultando em leitões
com altos níveis de saúde.
Para garantir uma boa imunidade
passiva dos leitões é necessário um bom acompanhamento das matrizes,
verificando a presença de MMA (Metrite, Mastite e Agalaxia) e edema de glândula mamária, que prejudicam o
aleitamento. Os leitões fracos não podem ser desmamados mais tarde, pois a
imunidade passiva não estaria mais efetiva e eles acabariam se tornando uma
fonte de infecção para os demais.
Para adoção do sistema, são necessários:
· Limpeza, desinfecção e outras
práticas de biossegurança (controle de roedores,
pássaros, moscas, e trânsito de veículos, evitando-se visitas e granja cercada)
para prevenir que as doenças cheguem aos animais em crescimento.
Figura 3: Limpeza de baias. Fonte:
Retirado do site ruralni. e porkmag.
· Criação de lotes uniformes. A distância
entre sítios deve ser de
· Vacinação das matrizes (
Vantagens
do Desmame segregado
· Menor
ativação das defesas imunológicas;
· Menor
número de microrganismos e outros contaminantes nas instalações;
· Menor
produção de substâncias mediadoras de processos inflamatórios, como as citocinas, que causam efeitos metabólicos negativos;
· Maior
liberação do hormônio de crescimento, insulina e IGF-1 ou os receptores desses
fatores tornam-se mais sensíveis.
CÓD. |
EXAMES |
PRAZO DIAS |
S51 |
BACTERIOLOGIA SISTEMA
RESPIRATÓRIO Amostra:
Swabs nasais e de pulmão ou estes
órgãos (cabeça e pulmão). Preservação:
refrigerado, sem
congelamento. Pesquisa: Actinobacillus pleuropneumoniae,
Bordetella bronchseptica,
Haemophillus parasuis, Pasteurella multocida e Streptococcus suis com antibiogramas. |
5 |
S73 |
DIAGNÓSTICO ENTÉRICO -
DIARRÉIA Amostra: 1 swab
retal ou fragmento de alça intestinal sob refrigeração, sem congelar. Pesquisa: Escherichia
coli, Clostridium perfringens e dificilli e Salmonella sp com antibiogramas.
|
5 |
V02 |
VACINA AUTÓGENA CONTRA
RINITE ATRÓFICA DOS SUÍNOS Amostra: Cepas isoladas na propriedade. |
15 |
V11 |
VACINA AUTÓGENA CONTRA
STREPTOCOCOSE DOS SUÍNOS Amostra: Cepas isoladas na propriedade. |
15 |
V20 |
VACINA AUTÓGENA CONTRA
ESTREPTOCOCOSE DOS SUÍNOS E HPS Amostra: Cepas isoladas na propriedade. |
15 |
V15 |
VACINA AUTÓGENA CONTRA
ERISIPELA DOS SUÍNOS Amostra: Cepas isoladas na propriedade. |
15 |
VOL06 |
VACINA AUTÓGENA CONTRA
COLIBACILOSE E CLOSTRIDIOSE DOS SUÍNOS – OLEOSA Amostra: Cepas isoladas na propriedade. |
15 |