Autor/s. : L. E. Rauber-Junior, A. C. Cavaler, G.
V. Araujo-Junior, S. V. Leiria e T. M. Zampieri, Acadêmicos do Curso de Medicina Veterinária da
Universidade Paranaense -UNIPAR-, PR, e L.S. Merlini e L.A. Martins, Docentes do Curso de Medicina Veterinária e
Mestrado em Ciência Animal da UNIPAR, PR.
Sumário
A leptospirose é uma doença zoonótica causada por
bactéria da família Leptospiraceae, gênero Leptospira representando risco para a saúde pública,
principalmente de médicos veterinários, magarefes, e funcionários de granjas
suínas que estão sujeitos ao contato direto com o agente, e trazendo grandes
prejuízos reprodutivos para os produtores tais como: aborto no terço final de
gestação, repetição de cio, fetal mumificações ou natimortos, nascimento de
leitões fracos, baixo número de leitões, descarga vulvar e morte embrionária.
Atualmente existem 23 sorogrupos de Leptospira interrogans com aproximadamente 200 sorovares
diferentes, neste trabalho usaram-se culturas vivas de 16 sorogrupos de Leptospira spp em amostras de 297
animais da região Noroeste do Paraná submetidas a
prova de soroaglutina microscópica com o objetivo de
identificar os sorovares predominantes na região.
Obteve-se 19,865% de amostras soropositivas para um ou
mais sorovares com titulações de 1:100, 1:200 e
1:400, na qual tiveram maior prevalência para o sorovar
hardjo com 57,627%, seguido pelos sorovares
pyrogenes 30,508%, hardjo C.T.G. 13,559%, icterohaemorrhagiae
5,084%, djasiman 1,694% e copenhageni
1,694%, concluindo que o sorovar Hardjo
como o mais prevalente na região noroeste do Paraná.
Palavras -chave: Leptospitose. Paraná. Suínos
Introdução
A leptospirose é uma doença zoonótica causada por
bactéria da família Leptospiraceae, gênero Leptospira (RENDE, 2007) de ampla distribuição geográfica,
geralmente de caráter ocupacional, representando risco para a saúde pública,
principalmente de médicos veterinários, magarefes, e funcionários de granjas
suínas que estão sujeitos ao contato direto com o agente (DELBEM, 2004).
Existem atualmente identificados 23 sorogrupos de Leptospira
interrogans, com aproximadamente 200 sorovares infectando várias espécies animais e os homens.
Estudos recentes classificam geneticamente as leptospiras
patogênicas, dividindo a espécie L. interrogans em 7
espécies: L. borgpetersenii, L. inadai,
L. interrogans, L. kirschneri,
L. alstonii, L. santarosai
e L. weilli (SOBESTIANSKY, 1997).
Nos suínos, a leptospirose caracteriza-se pela ocorrência de abortamento no
terço final de gestação, repetição de cio, mumificação fetal, natimortalidade, nascimento de leitões fracos, baixo número
de leitões, descarga vulvar e morte embrionária (DELBEM, 2004).
A fonte de infecção é, geralmente, o animal infectado que contamina a água
por meio da urina, fetos abortados ou descargas uterinas, nas quais a infecção
pode ocorrer por via oral, venérea, por intermédio da pele lesada, por via
conjuntiva ou por meio das mucosas. As leptospiras
alcançam o fígado por meio dos vasos linfáticos, em que se multiplicam durante
aproximadamente, cindo dias, seguindo-se leptospiremia
(estado febril).
A partir de 10 dias após a infecção, inicia-se a produção de anticorpos, e
as leptospiras são eliminadas dos tecidos por
fagocitose, com exceção dos rins, em que elas se multiplicam e sobrevivem nos
túbulos renais, fora do alcance dos fagócitos (SOBESTIANSKY, 1997).
Os suínos são considerados reservatórios de leptospiras
e se infectam pró contato com o material contaminado,
principalmente, de roedores e animais silvestres que atuam como portadores de leptospiras. Nesses animais, elas se localizam na luz dos
túbulos renais e podem ser excretadas vivas na urina, por várias semanas ou
meses, sendo os ratos a principal fonte de infecção na suinocultura atualmente
(SOBESTIANSKY, 1997).
A leptospirose possui duas formas, aguda e crônica, em que
que os principais sintomas na fase aguda que
podem não ser percebidos nas granjas são prostração, anorexia e elevação da
temperatura corporal. A fase crônica pode ser identificada por abortos ou
partos com natimortos e leitões fracos, que morrem poucas horas após o
nascimento (SOBESTIANSKY, 1997).
No Brasil, os exames de soroaglutinação
microscópica aplicados ao diagnóstico da leptospirose têm registrado a
predominância dos sorovares, todavia, os resultados
dependem da técnica empregada, coleção de antígenos utilizada, do ponto de
corte da reação de antígenos utilizada, do ponto de corte da reação e também de
variáveis relacionadas à localização das propriedades, período do ano em que as
colheitas foram efetuadas e da movimentação dos animais (FAVERO, 2002).
A imunização e controle da leptospirose suína devem ser fundamentadas
na imunização de suscetíveis feita com o sorovares de
leptospiras presentes na região. A diminuição da
quantidade de leptospiras lançadas no ambiente é
conseguida por meio da eliminação dos fatores que ampliam a sobrevivência do
agente no ambiente e a eliminação dos reservatórios, principalmente roedores, e
também pelo tratamento massal com antibiótico para
eliminação dos portadores renais (FAVERO, 2002).
O presente trabalho teve como objetivo a identificação dos sorovares predominante na região noroeste do Paraná, para
que, possa ser feito trabalho de tratamento para o correto sorovar
obtendo assim a diminuição da doença e região.
Material e Métodos
Foram colhidas amostras de frigorífico do noroeste do Paraná, que abate
animais de toda a região. Obteve-se amostras de 297 animais oriundas de cinco
lotes distintos de criações semi-intensiva, intensiva,
ciclo completo ou não, com ou sem histórico de problemas reprodutivos,
vacinadas ou não conta leptospirose, na tentativa de determinar uma possível
forma de infecção e disseminação de Leptospira spp. nos rebanhos positivos.
Uma alíquota de sangue de cada animal foi coletada da veia cava cranial no
momento sangria. Estas amostras foram transportadas até o Laboratório de
Medicina Veterinária Preventiva da UNIPAR e foram feitas as separações do soro
e armazenados a -20ºC, até o momento de serem feitas a realização da soroaglutinação microscópica (SAM).
Soroaglutinação
microscópica
Nas soroaglutinações microscópica foram utilizadas
culturas vivas de 16 sorovares de Leptospira
spp (bratislava;
castellonis; canicola; djasiman; gryppotifosa; copenhageni; icterohaemorrhagiae;
pomona; pyrogenes; hardjo; hardjo miniswajizak; hardjo C.T.G.; hardjo bovis; wolffi; tarassovi) para determinação dos animais reagentes, sendo
elas determinadas e desenvolvidas no Laboratório de Zoonoses – Departamento de
Higiene Alimentar e Saúde Publica – UNESP – Botucatu, segundo Shimabukuro el al. (2003).
Tabela 1: Número e frequência de suínos reagentes a Soroaglutinação
Microscópica (SAM), para diferentes sorovares de Leptospira spp, em diferentes
titulações.
O teste de soroaglutinação microscópica é o mais
utilizado para diagnóstico de leptospirose. A interpretação dos resultados
muitas vezes é complicada pelo elevado número de reações cruzadas (OLIVEIRA,
2007).
Dados semelhantes obtidos neste trabalho foram descritos por Favero et
al. (2002) ao testar suínos de vários estados brasileiros, obtendo um soroprevalência de 14,9%. Entretanto, o sorovar
mais prevalente no estado do Paraná foi Icterohaemorrhagiae,
contrastando com o sorovar Hardjo
mais prevalente neste trabalho (FAVERO, 2002).
Uma prevalência muito superior 40% e 55,5% foi descrita por Lobo et al. (2004) em suínos
provenientes da região de Santa Cruz do Sul, RS, nos anos de 2002 e 2003
respectivamente, destacando que em 2002 houve maior prevalência do sorovar Icterohaemorrhagiae, Hardjo e Autralis, e no ano de
2003 Pyrogenes, seguido de Autralis
e Bratislava (LOBO, 2004).
Oliveira et al. (2007)
examinaram 1633 amostras de soros suínos no estado do Rio Grande do Sul, e
obtiveram 995 (60,93%) de amostras reagentes ao teste de aglutinação
microscópica. Destes tiram mais predominância para o sorovar
Bratislava com 655 amostras, e também encontrados os sorovares Icterohaemorrhagiae
(214 amostras), Hardjo (143 amostras), Pyrogenes (7 amostras), entre outras.
Delbem et
al. (2004) examinando amostras de 298 matrizes oriundas de 22 granjas de ciclo
completo, com e sem histórico de problemas reprodutivos, vacinado ou não contra
leptospirose, da região norte do estado do Paraná, sendo detectado uma soropositividade de 44,3% para leptospirose. Neste estudo o
sorovar predominante foi Icterohaemorrhagiae.
Todas as granjas apresentaram suínos soropositivos iguais a 100. Este título
foi semelhante ao encontrado no presente trabalho, em que 49 das 65 reações
positivas também apresentaram título para 100.
Shimabukuro et
al. (2003) analisaram 131 amostras de soro pela prova de SAM e tiveram 48
(36,64%) amostras reagentes, para um ou mais sorovar
de Leptospira spp., sendo
que dos 25 sorovares de Leptospira
spp. testados, ocorreram
reações sorológicas apenas para nove.
Aguiar et al. (2006)
detectaram reações para 29 (32,9%) animais dos 88 animais pesquisados, e
obtiveram maior prevalência para o sorovar Castellonis com 17,3% (5 animais) e menores prevalências os
sorovares Hardjo, Icterohaemorrhagiae e Tarassovi
com 3,4% (1 animal cada). Apesar de o sorovar Hardjo apresentar menos prevalência neste trabalho deve-se
destacar que apresentou o maior título (800), quando comparado com as outras
reações positivas. Entretanto, este mesmo sorovar no
presente trabalho apresentou títulos de 100, 200 e 400 em 26, 5 e 3 reações
positivas respectivamente.
Este trabalho demonstrou que há uma grande variação do sorovares
na dependência da região, do tipo de criação e fatores de risco relacionados à
transmissão, condições sanitárias dos rebanhos suínos. Sendo assim, novos
trabalhos devem ser realizados na tentativa de caracterizar cada um destes
aspectos.
Conclusão
Conclui-se que o sorovar Hardjo
foi o mais prevalente na região noroeste do Paraná, seguido do Pyrogenes em amostras de sangue de animais abatidos na
região.