Informativo Técnico Nº. 246

 PLEUROPNEUMONIA – APP – EM SUÍNOS

 

INTRODUÇÃO

 

A pleuropneumonia em suínos, causada pelo Actinobacillus pleuropneumoniae (App), foi descoberta na Inglaterra por Pattison, C. S em 1957. Naquela época, o microrganismo casual era conhecido como Haemophilus pleuropneumoniae. Desde então, a presença de App já foi relatada em todo mundo. App é um bastonete gram-negativo pertencente à família Pasteurellaceae que inclui os gêneros Haemophillus, Actinobacillus e Pasteurella.

 

Fig 01

Figura 1: Colônia de App. Fonte: site micro-gen.ouhs.edu

 

Existem mais de 12 sorotipos classificados. O sorotipo 5 foi dividido nos subtipos A e B e estes 13 sorotipos pertencem ao biovar 1, sendo que existe ainda o grupo do biovar 2. O conhecimento de haver prevalência de sorotipos diferentes em uma região é necessário para que haja qualquer programa de controle com o uso da vacinação.

 

Cada área ou país tem seu(s) próprio(s) sorotipo(s) predominante(s), tais como: Japão - sorotipo 2; Canadá (região de Quebec - sorotipo 1), enquanto na parte oeste do país prevalece o sorotipo 5; Espanha - principalmente os sorotipos 4 e 5 e no Brasil - os sorotipos 1, 3, 5, 7 e 9. A prevalência do(s) sorotipo(s) predominante(s) pode até ser alterada com o tempo. Em algumas granjas ocorrem infecções mistas.

 

FATORES DE VIRULÊNCIA

 

Frequentemente, observa-se diferenças em virulência entre os sorotipos ou mesmo dentro do mesmo sorotipo. De modo geral, considera-se que as cepas dos sorotipos 1, 5, 9, 10 e 11 são mais virulentas do que aquelas de outros sorotipos. Cepas do biovar 2 de App raras vezes tem sido isoladas em surtos graves de pleuropneumonia. Por este motivo, são consideradas menos virulentas. Durante a última década, foram identificadas diversas exotoxinas da App em um grande número de centros de pesquisa. Todas tinham massas moleculares aparentes entre 103 kDa a 120 kDa. Dependendo de suas atividades biológicas foram chamadas de hemolisina (I, II), citolisina (I, II, III), pleurotoxina ou toxinamacrofágica. Recentemente, os 16 centros de pesquisa envolvidos concordaram com uma designação uniforme dessas exotoxinas e de seus genes. Essas exotoxinas pertencem ao grupo de toxinas RTX que formam esporos (RTX = repete toxina) e foi proposto, portanto, chamar-se as exotoxinas de App de Apx I, II e III.

 

Os 13 sorotipos de App expressam uma ou duas das três exotoxinas diferentes e todos tem uma proteína de membrana externa (OMP) de 42 kDa. Com base nos perfis de toxina Apx, todos os 13 sorotipos podem ser agrupados em quatro padrões de toxinas. De modo geral, as cepas mais virulentas pertencem aos padrões de toxina I e IV.

 

APRESENTAÇÕES CLÍNICAS

 

App tem uma alta especificidade de hospedeiros para suínos. O organismo é localizado no trato respiratório, em lesões necróticas dos pulmões (figura 2), nas amígdalas e, com menor freqüência, na cavidade nasal. Em infecções muito agudas e agudas ele pode ser encontrado em grande quantidade nas descargas nasais. A infecção pode se espalhar através de contato direto de suíno a suíno, gotículas em distâncias curtas, transmissão indireta de exsudato contaminado a partir do pessoal da granja. A sobrevivência do organismo no ambiente é tida como de duração curta.

 Fig 02

Figura 2: Lesão pulmonar clássica, causada por App. Áreas focais de pneumonia necrozante nas porções dorsais e ventrais do pulmão. Fonte: site micro-gen.ouhs.edu

 

Embora todas as categorias de idade (faixa etária) sejam suscetíveis, o pico da mortalidade ocorre em animais de aproximadamente três meses de idade. Isto ocorre devido ao fato de a imunidade maternal chegar a zero em cerca de 10 semanas após o nascimento do leitão. O período de incubação pode variar consideravelmente. Infecções experimentais, no entanto, demonstram que a alta exposição a cepas virulentas leva a morte dentro de algumas horas.

 

Os sintomas clínicos variam com o estado da imunidade e condições dos animais, estresse de condições ambientais adversas, o grau de exposição ao agente infeccioso e a virulência da(s) cepa(s) envolvida(s). O curso da doença pode ser muito agudo ou crônico.

 

Os sintomas típicos do estágio muito agudo são aparecimento repentino de animais gravemente doentes em uma ou mais baias, febre alta (41,5º C), sintomas respiratórios distintos, dispnéia, respiração pela boca, posição sentada, descargas espumosas manchadas com sangue através da boca e das narinas e pele cianótica. A forma crônica desenvolve após o desaparecimento dos sintomas agudos. Os animais tem tosse espontânea ou intermitente, perda de apetite e queda na taxa de crescimento. Em rebanhos com infecções crônicas muitas vezes há animais que estão doentes subclinicamente, cujos únicos sintomas observados são tosse, perda de crescimento e pleurite na linha de abate.

 

Fig 03

Figura 3: Suíno com grave dificuldade respiratória associada a infecção por App.

Fonte: site micro-gen.ouhs.edu

 

CONTROLE  

 

A pleuropneumonia decorrente de infecções por App em suínos é amplamente distribuída. Dependendo da virulência da(s) cepa(s) envolvida(s) e das condições encontradas nas granjas, as perdas econômicas (mortalidade, uso de medicamentos e retardo no crescimento) podem variar. Seus sintomas clínicos combinados às lesões patológicas são bastante típicos, tornando o diagnóstico relativamente fácil. É essencial diminuir os fatores de risco mencionados acima. Alguns são difíceis em granjas existentes, porém outras são possíveis como diminuir a densidade, diminuir tamanhos de compartimentos, controlar a rinite atrófica, etc.

 

O uso de antibióticos apresenta os riscos de resistências, resíduos e/ou reações locais. O isolamento da bactéria é necessário para estabelecer a sensibilidade. Já existe resistência à ampicilina, estreptomicina, sulfonamidas, tetraciclinas e cloranfenicol, principalmente nos sorotipos 1, 3, 5 e 7.

 

Para animais que já estão doentes é indicado tratá-los parenteralmente, pois estes terão um apetite diminuído (e às vezes também bebem menos), consumindo menos ou nenhum antibiótico pela ração. Em casos muito agudos o leitão pode morrer antes mesmo de iniciar o tratamento. Neste caso é necessário realizar uma profilaxia antibiótica nos outros animais.

 

Outra forma de diminuir o prejuízo e/ou prevenir a doença é com o uso de vacinas. Também é necessário que se tenha um monitoramento periódico para evitar que, devido a vacinação (ou entrada de animais de fora), um outro sorotipo venha a predominar em sua granja, para a qual a vacina não proteja.

 

Referência: Texto compilado do site da Associação Brasileira dos Criadores de Suíno (http://www.abcs.org.br/)

 

CODIGO

EXAMES

PRAZO DIAS

S51

BACTERIOLOGIA SISTEMA RESPIRATÓRIO

Material: Swabs nasais e de pulmão ou cabeça e pulmão;

Pesquisa: Actinobacillus pleuropneumoniae, Bordetella bronchseptica, Haemophillus parasuis,

Pasteurella multocida e antibiogramas.

5

S56

APP - MÉTODO ELISA   

Amostra: Soro

3

S64

Bordetella bronchiseptica

Amostra: Soro

2

S05

PMT - Pasteurella multocida TOXIGÊNICA

Amostra: Soro

2

S08

Mycoplasma hyopneumoniae - MH KIT IDEXX

Amostra: Soro                                                           

3

S06

PRRS – ELISA

Amostra: Soro

3

BIO

HISTOPATOLOGIA – BIOPSIA

Amostra: Fragmento de órgão em formol 10%

5


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