Autor/s. : Prof. José
Antonio Delfino Barbosa Filho, Núcleo de Estudos em Ambiência Agrícola e
Bem-estar Animal -NEAMBE-, Universidade Federal do
Ceará –UFC-, CE.
Um dos principais pontos críticos da produção animal em regiões de clima quente se encontra na dificuldade de adaptação dos animais, muitas vezes de raças originadas de regiões de clima temperado, aos elevados valores e grandes oscilações das variáveis ambientais, principalmente da temperatura e umidade relativa do ar.
Uma
maneira de contornar esse problema é fornecer certo grau de conforto e
bem-estar aos animais para que os mesmos possam expressar, de maneira
satisfatória, todo o seu potencial genético e produtivo. Para isso, é
necessário que as instalações ou locais onde os animais serão alojados tenham
condições de proporcionar, de maneira satisfatoria,
um ambiente com conforto térmico, conforto sonoro, sem poluição do ar por gases
e/ou poeira, além de possuir condições adequadas quanto aos aspectos sanitários
e de tratamento de dejetos.
Sendo assim, torna-se imprescindível, sob o ponto de vista da
concepção de instalações para criação de animais de alto desempenho produtivo,
a elaboração de projetos cuidadosamente pensados, que levem em consideração as
características ambientais da região, os quesitos de bem-estar dos animais e
acima de tudo as exigências térmicas dos usuários em questão. Estas exigências dizem respeito às
faixas de conforto térmico dos animais, ou seja, a região termoneutra
e os limites, inferior e superior, de estresse térmico por frio e calor,
respectivamente.
Conhecendo-se
as exigências dos usuários destas instalações é possível direcionar o projeto
para que se possa atender todas as necessidades dos animais e obter assim um
melhor desempenho produtivo. Na elaboração de instalações eficientes e
funcionais existe uma interação muito grande de variáveis, tais como os
componentes da construção, os materiais a serem
utilizados, a orientação da mesma, sua geometria, a forma de ocupação e o
conforto térmico que o animal ocupante necessitará para ter um desempenho
ideal.
A utilização
de materiais isolantes, tipos de coberturas com telhas especiais, que absorvam
menos calor, instalações mais abertas, com orientação correta e com pé direito
mais alto, privilegiando a ventilação natural, são medidas acessíveis e
relativamente fáceis de serem empregadas e que terão um impacto direto no
ambiente interno das instalações. A utilização de sobreamento
natural ou artificial também é de fundamental importância quando se analisam
sistemas de criação ao ar livre ou em regime de semi-confinamento.
Para
a maioria dos animais de produção não é tão comum encontrar referências de
modelos de instalações prontos ou de recomendações relacionadas a ambiência e bem-estar, uma vez que mais recentemente é que
pesquisas têm sido direcionadas para esse propósito. Sendo assim, as
recomendações e pesquisas de instalações que sejam mais adequadas aos animais,
bem como o estabelecimento de limites de conforto térmico ainda permanecem em
andamento.
Assim, por hora, talvez a melhor recomendação a ser feita, no
que se refere às instalações zootecnicas, seja a de
unir características construtivas modernas, materiais de construção e tipos de
coberturas isolantes, a projetos de instalações mais abertas, como orientação
correta e pé direito suficientemente alto para proporcionar e garantir uma boa
circulação de ar no interior das mesmas. Para a situação de criação a pasto, o ideal e
recomendável é que se disponibilizem áreas de sombreamento natural ou
artificial para que o animal possa se proteger do efeito direto do sol e das
temperaturas mais elevadas durante as horas mais quentes do dia. Quanto a essa
medida é importante destacar ainda que, no caso do sombreamento artificial,
parâmetros como o tipo de cobertura, a altura da mesma e a área mínima de
sombra por animal, deverão ser levados em consideração para que os efeitos
deste tipo de recurso sejam realmente significativos.
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