Com o aumento do custo das matérias-primas, especialmente do milho, é clara
a necessidade de utilizar ao máximo cada caloria disponível. Para atingir tal
objetivo, uma ferramenta muito importante na produção eficiente de suínos é a
gestão do tamanho de partícula, ou granulometria, do
milho. A redução do tamanho de partícula permite uma maior superfície de
contato e, por consequência, maior interação com as
enzimas digestivas.
Diversas pesquisas foram realizadas ao longo dos últimos anos neste tema e a
visão atual é que devemos buscar o menor tamanho de partícula que formos
capazes de gerenciar. Os principais gargalos envolvidos com a redução do
tamanho de partícula são: fluxo nas linhas de ração, aumento da quantidade de
poeira, aumento do custo de produção da ração e aumento da incidência de úlceras
gástricas. Portanto, para a redução do tamanho de partícula, o benefício deve
ser maior que as desvantagens citadas.
A redução no tamanho de partícula beneficia suínos de todas as idades, no
entanto, é mais significativo para suínos em fase de terminação. Uma estratégia
muito interessante e que tem sido usada por algumas empresas é a diminuição do
tamanho de partícula e a peletização da ração, desta
forma a quantidade de poeira é reduzida e também uma melhor qualidade de pellet
é produzida.
Quando verificamos a literatura científica e experimentos a campo, começamos
a entender a grande oportunidade que a produção de suínos tem pela frente. Uma
iniciativa muito interessante que tem concentrado esforços para melhorar a
conversão alimentar na produção de suínos é o "National
Program for Swine Feed Efficiency", que
fornece diversas ferramentas e artigos sobre o tema.
Ao reduzir o tamanho de partícula, obviamente, a taxa de produção será
reduzida. O aumento no custo em energia com a produção de rações com uma menor granulometria faz sentido economicamente desde que a
fábrica de ração tenha disponibilidade de equipamentos para realizar a moagem
mais fina. Algumas empresas já possuem a capacidade de utilizar tamanhos de
partícula de 350 micra e peletizando a ração, obtendo
assim desempenhos zootécnicos e econômicos muito interessantes. Diferentes
status sanitários podem fazer com que alguns rebanhos sejam mais susceptíveis à
ocorrência de úlceras gástricas. Portanto, este fator deve ser levado em conta.
Se considerarmos que diversas pesquisas mostram uma melhoria em,
aproximadamente, 1% na conversão alimentar para redução de cada 100 micra para
genéticas modernas. Isto significa que uma redução de 900 para 500 micra
economizará 4% de ração por suíno, ou seja, um volume de ração de,
aproximadamente, 10 kg por cada suíno em fase de terminação. Considerando um
custo médio da ração na fase de terminação de R$0,70/kg, será economizado em
torno de R$7,00 por suíno. Em um sistema que abate 1 milhão de suínos por ano,
possui o potencial de economizar 7 milhões de reais por ano. Normalmente, esta
é a diferença entre um ano lucrativo ou um ano de prejuízo.
Na produção de suínos, poucas são as ferramentas
que trazem resultados tão consistentes em conversão alimentar como a redução do
tamanho de partícula. O balanço entre as vantagens e desvantagens desta
prática, deve ser discutido por nutricionistas, médicos
veterinários e gerentes das fábricas de rações dentro de cada sistema de
produção.
Márcio Gonçalves, formado em Medicina Veterinária pela UFRGS, é fundador
do SuinoCast - Educação
continuada em Suinocultura. Trabalhou com produção de suínos nos Estados Unidos
e no Brasil. Atualmente, é assistente de pesquisa e realiza seu PhD em nutrição
aplicada de suínos pela Kansas State University (EUA).
Suinocast: www.suinocast.com.br
Email: marcio@k-state.edu