Autor/s. : Ton
Kramer, Médico Veterinário privado; Angélica de Paula Teixeira e Geraldo
Camilo Alberton, Curso de Medicina
Veterinária, Universidade Federal do Paraná -UFPR-, PR, e Tatiana Carolina
Gomes Dutra Souza, Médica Veterinária privada e Mestrada
em Ciências Veterinárias, UFPR, PR.
INTRODUÇÃO
As porcas criadas em sistemas confinados são
muito susceptíveis às lesões nos cascos, sendo que em torno de 60 a 99% destas
matrizes apresentam algum tipo de lesão [2,5]. Entre os fatores de risco para o
surgimento desta lesões, destacam-se a baixa qualidade
do piso, espaçamento e qualidade inadequada dos pisos ripados, deficiência
mineral e vitamínica, além da seleção genética de animais de alta produção e
rápido crescimento [1,2]. As lesões de casco, além de permitirem o ingresso de
infecções que podem vir a tornar-se sistêmicas [6],
estão relacionadas com claudicação [8] que, por sua vez, tem origem na dor
gerada por estas afecções, gerando também preocupações quanto ao bem-estar. A
claudicação das porcas também está relacionada com o descarte precoce dos
animais em função de significativa perda de produtividade [2], seja por redução
no consumo de alimento, seja pela interação negativa dos mediadores
inflamatórios na cascata hormonal [8]. Tendo em vista que são escassos os dados
sobre lesões podais na suinocultura brasileira, o presente estudo teve como
objetivo avaliar a prevalência das lesões de casco em porcas criadas
intensivamente em granjas da região Sul e Sudeste do Brasil.
MATERIAIS E MÉTODOS
Foram avaliados os cascos dos membros posteriores
de 1.766 porcas, de 26 granjas, de cinco estados brasileiros (MG, PR, RS, SC e
SP), de planteis que somam 41.829 porcas e leitoas das principais linhas
genéticas presentes na suinocultura brasileira, no período de junho/2012 a
julho/2013. Os animais foram avaliados nas gaiolas de maternidade, em decúbito
lateral, escolhidos aleatoriamente e considerando 10% das fêmeas em reprodução,
até um total de 100 porcas por granja. As lesões foram
classificadas conforme tipo de lesão (Crescimento e Erosão da Almofada Plantar
[AP], Rachadura Almofada Plantar-Sola [RAPS], Lesão de Linha Branca [LB],
Rachadura Horizontal da Parede do casco [RHP], Rachadura Vertical da Parede do
casco [RVP], Crescimento das Unhas [UN] e Crescimento ou Ausência das Unhas
Acessórias [UA]) e grau de severidade (0 - normal; 1 - leve; 2 -
moderada; 3 - grave) [4].
Figura 1 Crescimento
da Unha (UN); Escore 1
RESULTADOS
Ao menos uma lesão de casco foi observada em 99% (1.749) das porcas. A
prevalência das lesões quanto à severidade está detalhada na Tabela 1. A
prevalência total das lesões foi, em ordem
decrescente: AP - 92%, UN - 77%, UA - 67%, RHP - 54%, LB - 50%, RAPS - 38% e
RVP - 35% . Considerando a prevalência das lesões de acordo com a severidade,
destacam-se UN-1 (71%) - Figura 1, AP-2 (44%) - Figura 2 e RHP-1 (37%) - Figura
3.
Tabela 1 – Prevalência
das lesões quanto à severidade
DISCUSSÃO E CONCLUSÃO
Os dados deste estudo ratificam estudos
internacionais, que demonstram que mais de 80% das porcas apresentavam ao menos
um tipo de lesão [2,5]. Isso evidencia a importância do tema na suinocultura
brasileira, seja pelo impacto na longevidade dos animais ou no desempenho
produtivo. Considerando que as lesões de severidade moderada e severa, por
afetarem o córium e o tecido subcutâneo, interferem
negativamente na longevidade do plantel, merecem atenção o Crescimento e Erosão
da Almofada Plantar (58%), Crescimento ou Ausência das Unhas Acessórias (33%),
Lesão de Linha Branca (32%) e Rachadura Almofada Plantar-Sola (17%). Desta
forma, é necessário que sejam adotadas medidas que minimizem a ocorrência das
lesões de casco, que incluem ações relacionadas com manejo, qualidade das
instalações, genética e nutrição. Considerando este último aspecto, os
nutrientes que interferem na saúde do casco incluem ácidos graxos, cistina e metionina, cálcio, cobre, cromo, manganês, selênio e zinco,
além das vitaminas A, D, E e
biotina [7]. Estudos recentes tem demonstrado que a
suplementação de zinco, manganês e cobre, nas formas de complexo
metal-aminoácido reduzem a incidência das lesões de casco [3], além de
melhorarem o desempenho das porcas [9,10]. Esforços para diminuir as lesões de
casco serão revertidos em maior longevidade das porcas, melhor desempenho
produtivo e, consequentemente, melhor desempenho
financeiro da produção.
Figura 2 Crescimento
e Erosão da Almofada Plantar (AP); Escore 2
Figura 3 Rachadura Horizontal de Parede (RHP); Escore 1