Informativo Técnico Nº. 283

Determinação do tempo de abate de suínos em ensaios de digestibilidade pelo método do sacrifício

Autor/s. : de Souza Vieira, Instituto de Zootecnia, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), RJ, Bolsista CNPq, e Antônio Assis Vieira, Instituto de Zootecnia, UFRRJ, RJ.

 

Sumário

O objetivo deste trabalho foi de elaborar um protocolo experimental para se determinar o momento adequado de abate de suínos em terminação, em ensaios de digestibilidade pelo método do sacrifício. Foram utilizados três suínos machos e três fêmeas em fase de terminação. Os animais foram alimentados com dietas contendo 0,5% de óxido férrico, às cinco horas da manhã e abatidos 3, 6 e 9 horas após o arraçoamento. Após o abate e a depilação, cada animal foi aberto por uma incisão ventral e retirado todo o trato gastrintestinal para serem realizadas as medidas de comprimento do intestino delgado, intestino grosso e identificar o ponto onde havia digesta marcada. Após a identificação de digesta na porção do íleo terminal foi coletada uma porção de 20 cm deste para serem realizadas as análises de matéria seca. Nos animais abatidos 9 horas após o fornecimento da ração foi observado que havia digesta marcada ao longo de todo o trato, além disto, estes animais apresentaram maiores volumes de digesta ileal. Concluiu-se que os animais devem ser abatidos aproximadamente sete horas e meia após serem alimentados.

Palavras-chave: protocolo de abate, metodologia, trato gastrintestinal, digesta, íleo

Área do Conhecimento: Ciências Agrárias

 

Introdução

Para se determinar a digestibilidade dos alimentos utilizados em rações para suínos são utilizados diversos métodos, dentre eles pode-se destacar a coleta total de fezes, anastomose íleo-retal, a técnica da cânula T e o método do sacrifício. Essas técnicas, ao contrário da técnica de coleta total de fezes, leva em consideração as transformações sofridas pelos nutrientes na porção distal do trato gastrintestinal. Segundo Souza (1999), a técnica do sacrifício obteve valores mais coerentes com a literatura e com menor coeficiente de variação, além de ser uma técnica menos combatida pelos defensores do bem-estar animal de que a técnica da anastomose íleo-retal. O objetivo deste trabalho foi elaborar um protocolo experimental para se determinar o momento adequado de abate de suínos em terminação, após a refeição, com a finalidade de utilizá-lo no método do sacrifício, na determinação da digestibilidade ileal de nutrientes de modo a garantir que a digesta referente ao estudo esteja no final do íleo.

 

Metodologia

O ensaio foi realizado no Setor de Suinocultura da FAIZ/UFRRJ, RJ. Foram utilizados três suínos machos e três fêmeas com peso médio de 71,0 kg. Os leitões foram alojados em baia de alvenaria, providas de comedouro e bebedouro tipo chupeta. A ração foi formulada de modo a atender às exigências nutricionais de suínos em terminação, de acordo com Rostagno et. al (2005), Tabela 1. Foi utilizado óxido férrico (Fe2O3) como marcador fecal para se determinar o momento em que os animais começariam a apresentar a digesta marcada na porção final do íleo ou a excretar fezes marcadas. O protocolo consistiu em fornecer a dieta teste por um período de sete dias para adaptação dos animais. Determinou-se que cada dupla, sendo um macho e uma fêmea, seriam abatidos em intervalos de três horas após o fornecimento da ração marcada com óxido férrico. A dieta marcada foi fornecida aos animais em teste ás cinco horas da manhã e procedido o abate os abates em 3, 6 e 9 horas após a alimentação. Após o abate as carcaças foram depiladas, abertas por incisão ventral longitudinal e em seguida, evisceradas. O trato gastrintestinal foi separado e os intestinos, delgado e grosso foram expostos longitudinalmente, para medida de comprimento e para identificar a posição dos mesmos onde estaria a digesta marcada, bem como a coleta de uma porção de 20 cm do íleo terminal. O íleo terminal foi identificado com seu encontro com o intestino grosso, pela localização da prega íleo-cecal e a válvula íleo-cecal. Este segmento foi lavado com água destilada e seco em pano limpo, identificado, pesado e levado para o laboratório para análise de matéria seca da digesta. As amostras de cada dupla foram misturadas para fornecer um volume suficiente para análise de matéria seca. Foi considerado o momento adequado de abate quando se identificou a presença de digesta marcada na porção terminal do íleo e pelo menos no início do ceco. Os dados foram analisados por observação, não foi feita análise estatística.

 

Resultados

Os resultados de comprimento das diferentes partes do trato gastrintestinal, volume da digesta ileal, presença de digesta marcada e quantidade de matéria seca são apresentados na Tabela 2. Foi observada uma média de 28,97, 31,35 e 33,96 metros de comprimento total de intestino para as duplas de oito, onze e quatorze horas, respectivamente. Nos animais abatidos três horas após o fornecimento da ração marcada, foram encontradas digesta marcada apenas no intestino delgado, sem ter alcançado a válvula íleo-cecal. Nos animais abatidos seis horas após o arraçoamento foi encontrada digesta marcada até aproximadamente metade do intestino grosso. Foi observado que os animais abatidos nove horas após o arraçoamento apresentavam dieta marcada por todo o TGI e com maior volume. Observou-se ainda que os animais abatidos as 14:00 hs já estavam excretando fezes marcadas. Observou-se aumento no volume e redução na quantidade de matéria seca no conteúdo de amostra de digesta contido na porção de íleo terminal coletada.

 

Tabela 1. Composição percentual da ração experimental.

 

Discussão

Os valores de comprimento das partes do TGI estiveram compatíveis com aqueles valores encontrados na literatura para comprimento de intestino de suínos adultos (BERTOLIN, 1992). Os resultados de tempo de abate concorda com o encontrado por Apolônio et al. (2002). Através de seu protocolo experimental eles determinaram um período de sete horas para abate dos animais. Já Souza (1999), trabalhando com suínos em fase de crescimento determinou, em seu protocolo, tempo médio de quatro horas e meia. Apesar do volume de digesta ileal ter aumentado foi observado que ela estava nitidamente mais líquida, o que explica os resultados de diminuição na quantidade de matéria seca.

 

Tabela 2. Comprimento do IG, ID, presença de digesta marcada, matéria seca (MS) e volume da digesta ileal.

 

Conclusão

Concluiu-se com este ensaio que o melhor protocolo para coleta de digesta ileal, para o método do sacrifício, seria o abate dos animais aproximadamente sete horas e meia após o fornecimento da dieta teste

 


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