Animais sadios e menores custos com o sistema
semi-intensivo na suinocultura
Autor/s. : José Carlos de M. Camargo, Pesquisador
Científico, Unidade de P&D de Itapeva/APTA/DDD/SAA; João Edson Faria de
Oliveira, Assistente Técnico II, Unidade de P&D de Itapeva/APTA/DDD/SAA, e Roberto Carlos Vicente de Oliveira,
Técnico A.P.C.T III, Unidade de P&D de Itapeva/APTA/DDD/SAA.
Sumário
O
projeto de produção de suínos no sistema semi-intensivo da Unidade de
Pesquisa e Desenvolvimento em Itapeva tem por objetivo validar o sistema de
produção animal utilizando este processo, de uma maneira menos impactante, com
vantagens ambientais, econômicas e de bem estar animal, esse sistema vem
fortalecer a instituição nas áreas de produção animal e meio ambiente. Assim a instituição, além de convalidar os ensaios de
pesquisa de suporte às tecnologias já existentes também desenvolverá novos
ensaios complementares nas áreas de manejo e nutrição animal.
Palavras
Chave: Bem estar animal, Meio
Ambiente, Nutrição, Impactos Ambientais.
A suinocultura
semi-intensiva está ultrapassada, sendo apenas uma atividade complementar,
típica de produtores pouco tecnificados que criam animais tipo banha, sem
nenhum valor comercial. Certo? Nada disso. A fase de gestação ao ar livre pode
trazer uma série de vantagens, incluindo a redução de custos com instalações,
animais menos estressados e menor incidência de doenças nas granjas e maior
longevidade.
O sistema
semi-intensivo foi implantado experimentalmente em 1966/67 na
Unidade de Pesquisa e Desenvolvimento de Itapeva que teve sua
origem como Posto de Monta em 1942, sendo elevado a Posto de
Suinocultura em 1966/67 e a Estação Experimental de Zootecnia de Itapeva em
1997. Localizada no Sudoeste Paulista, região classificada edafoclimaticamente
como classe A (sem restrições climáticas) para a criação suinícola.
Desde então, vem
sendo possível verificar os bons resultados obtidos na fase de gestação,
utilizando o sistema semi-intensivo, com as fase de
maternidade e creche crescimento e terminação em confinamento.
Ao ar livre, as
fêmeas gestantes desenvolvem a gestação com mais saúde, proporcionando
menos despesas com medicamentos, inevitáveis no confinamento, onde o
ambiente fechado favorece a formação da amônia, que nada mais é do que o
esterco fermentado. Por causa disso, invariavelmente boa parte dos animais dos
plantéis acabam tendo problemas respiratórios, como rinite atrófica por
exemplo. A pneumonia, causada pelo piso de concreto, conseqüência do stress,
também são problemas comuns, como a inflamação dos cascos.
.A unidade de
pesquisa foi dimensionada para abrigar 60 matrizes produtivas, com esquema de
inseminação semanal, o que garante um fluxo continuo de produção de leitões.
Cada animal adulto precisa, em média, de 300m² dentro de um piquete, que é
demarcado por uma cerca de arame liso, com sistema de balancins nos vãos.
Outra vantagem do
sistema semi-intensivo é uma significativa redução dos problemas de
cascos nas matrizes, tão comuns nos sistemas de produção intensivos. Já do
ponto de vista econômico, o custo inicial do investimento é reduzido em até
20%, já que o produtor fica dispensado de erguer instalações específicas para a
gestação, com gaiolas, podendo estas serem
substituídas por box para alimentação feitos com madeira.
Porém para que o
sistema semi-intensivo apresente produtividade semelhante ao sistema confinado
devem ser adotados alguns procedimentos de manejo, como por
exemplo após o processo de inseminação a matriz deve permanecer por um
período de 30 dias em baias coletivas ou gaiolas, para que ocorra a fixação dos
embriões no útero, nesse período ela não deve ser submetida a exercícios
físicos intensos.
Após esse período de
30 dias a matriz pode ser solta nos piquetes, local onde permanece até os 105
dias de gestação, quando só então é trazida para as baias coletivas, onde é
lavada, vermifugada para controle de endoparasitas, pulverizada para o controle
de ectoparasitas, pesada e recolhida na maternidade de gaiolas.
Manejo das
matrizes na Unidade de Pesquisa e Desenvolvimento de Itapeva
Manejo das
matrizes na pré-cobrição
- As fêmeas desmamadas e marrãs são agrupadas em
lotes de cinco a sete animais, em baias de pré-cobrição, localizadas
próximas a baia do macho rufião;
- São utilizados métodos para reduzir as agressões
tais como: agrupar as porcas por tamanho e lavá-las com água e creolina;
introduzir macho junto com as porcas por um ou dois dias e reduzir o
estresse;
- O cio das fêmeas é estimulado duas vezes ao dia,
com um intervalo mínimo de 8 horas, colocando-as em contato direto com o
macho rufião;
- É realizado o fornecimento de ração de lactação
2 vezes ao dia, do desmame até a inseminação;
- É dispensada atenção especial para as
fêmeas desmamadas que demorarem mais de 6 dias para manifestar o cio após
o desmame.
Manejo das
matrizes na inseminação e inicio da gestação
- São realizados manejos para verificação de cio,
e obedecidos protocolos para realização da inseminação, tais como
higienização do aparelho reprodutor externo, 3 inseminações, duração de 8
minutos por inseminação e intervalo mínimo de 11 horas entre uma
inseminação e outra;
- As fêmeas inseminadas permanecem por um período
de 30 dias em baias coletivas, somente após esse período são soltas nos
piquetes;
Manejo do
Parto e lactação
O parto e a lactação
são as fases mais críticas da produção de suínos. Portanto, todos os esforços
dedicados nas fases anteriores podem ser perdidos se atenção e cuidados
especiais não forem dedicados aos recém-nascidos. Por melhor que seja o
ambiente fornecido aos leitões após o parto, nunca será melhor do que aquele
oferecido pelo útero da mãe. Na maternidade, portanto, encontra-se um
verdadeiro desafio para garantir bons resultados na atividade. Os principais
pontos de manejo seguidos nesta fase de criação são os seguintes:.
- A sala da maternidade é manejada segundo o
sistema “todos dentro, todos fora”, ou seja, entrada e saída
de lotes fechados de porcas, e proporcionado o vazio sanitário
considerando o planejamento de uso das instalações da granja;
- As porcas são alojadas na maternidade cerca de
sete dias antes da data prevista do parto (considerara data média de
previsão de parto do lote);
- A sala de maternidade deve fornecer dois
ambientes distintos: para as porcas, manter a sala com temperatura
interna o mais próximo possível de 18ºC, usando como referência um
termômetro localizado ao centro da sala; para os leitões, os escamoteadores
com a temperatura interna próximo de 34,0°C na primeira semana,
reduzindo-se 2,0°C por semana até o desmame, a qual deve ser controlada
por um termostato instalado no interior de um escamoteodor da sala sala;
Arame liso,
ao invés do farpado, elimina os casos de ferimentos
A cerca até pode
provocar ferimentos ocasionais no plantel, mas este problema é eliminado na
Unidade de Pesquisa e Desenvolvimento de Itapeva com a utilização de fios de
arame liso, ao invés do farpado, na base da cerca, instalando-se balancins
entre os palanques. O modelo utilizado foi desenvolvido na própria unidade.
Animais sadios, criados ao ar livre, também conseguem uma boa conversão
alimentar ( 2,5Kg de ração por um de carne).
Gestação a
campo (30 a 105 dias)
Foto: Gestação a campo – UPD de Itapeva