S.O.S. Suínos
Informativo Técnico nº 73
SUINOCULTURA
AUTOR: Dr.
Antonio Palomo Yagüe (Setna Nutricion- INZO)
DOENÇAS BACTERIANAS
DB1 - Actinobacillus pleuropneumoniae (APP)
A aplicação da vacina PleurovacTM
(Schering Plough Intervet), com as toxinas I, II e III, na Austrália,
revelou-se eficaz frente ao desafio dos sorotipos 1, 7 e 15, em termos de
mortalidade, sintomas respiratórios e lesões pulmonares. Os anticorpos (AC)
maternais parecem durar até às oito semanas e interferem com a imunidade ativa,
por isso se vacina os leitões entre oito e 10 semanas de vida, repetindo-se a
dose duas e três semanas depois. Sua manifestação clínica, na Noruega, é tanto
aguda como crônica. Os sorotipos mais freqüentes são: 2, 6, 7, 8 e 10 (6 e 8,
mais). As medidas de despovoamento parcial, com o tratamento injetável à base
de enrofloxacina, mais a tiamulina na água de bebida, controlam o problema de
modos eficaz.
Na Suécia, os sorotipos 2 e 5 são os mais freqüentes, havendo um incremento na
sua incidência em granjas mais povoadas. A associação entre o APP e o vírus da
gripe resulta em rápida disseminação.
O ceftiofur sódico e a tilmicosina demonstraram-se eficazes no controle de
surtos de APP, devidos aos sorotipos 1, 5 e 7, assim como também o foi a vacina
PneuPacTM, nos EUA. Dos 15 sorotipos, alguns mostraram-se mais
virulentos que outros, de tal forma que na Argentina, o S1 - sorotipo 1
apresenta manifestações clínicas mais severas, com mais alterações
hematológicas e histopatológicas. APP e M. hyopneumoniae induzem uma pleurite
para-pneumônica, enquanto o H. parasuis e o Streptococcus suis são responsáveis
pela pleurite primária nos suínos.
Em um trabalho inglês foi demonstrada a eficácia da tulatromicina na eliminação
dos sorotipos seis e 12, após a injeção em todas as porcas (primíparas,
multíparas e cachaços), numa granja de 525 porcas, nos dias zero, cinco e 10.
Em um estudo do NVI, da Universidade de Leon, utilizando 30 leitões SPF com
nove semanas de vida, concluiu-se que a enrofloxacina funciona bem no
tratamento de casos agudos, embora eles não convertam, tornando-se suscetíveis
a uma nova infecção. A tetraciclina foi eficaz nesse tipo de tratamento,
permitindo o desenvolvimento de imunidade protetora; já a penicilina foi a
menos eficaz entre os princípios ativos testados para esse tratamento.
O trabalho espanhol realizado pelo Centro de Recerca e Sanidade Animal e a Universidade
Autônoma de Barcelona - CR e SA-UAB-IRTA, em conjunto com a Cooperativa de
Ivars, em três granjas e com três cepas distintas de APP, demonstrou como o
parâmetro farmacológico PK/PD é diferente para cada um dos antibióticos
testados (enrofloxacina e florfenicol), em cada um dos três
isolamentos. Uma pesquisa realizada pela equipe da Schering Plough, usando
florfenicol mais amoxicilina num quadro agudo de APP, obteve uma correlação
positiva com o ganho médio de peso diário e a uniformidade dos suínos tratados.
DB2 - Mycoplasma hyopneumoniae (Mh)
Vários trabalhos dos EUA relataram sobre a
eliminação do Mh mediante a estabilização da imunidade em porcas, dupla
vacinação do plantel reprodutivo com um intervalo de três semanas entre as
doses, segregação de leitões aos 10 dias de lactação, uso estratégico de
antibióticos em porcas, atenção ao sistema de adoções-cessões, despovoamento
completo de creches e engorda, fluxos únicos e estrito controle de entrada de
pessoas
Relevante, em termos de PCR, foram os diferentes
níveis de AC de M. hyopneumoniae em porcas, relacionados com a idade e o parto.
Essas diferenças se justificam uma vez que seus leitões serão misturados, o que
provoca uma resposta intensa a soro conversão, apesar da proteção ativa
induzida no caso de vacinação recomendada, a ausência de AC maternais e do
momento da infecção. Trabalhos interessantes foram apresentados sobre as diferenças
de virulência das cepas de M. hyopneumoniae, mostrando que as de baixa
virulência, apesar dos sintomas clínicos e lesões escassas, não induzem
proteção depois da infecção. A interação entre cepas de alta e baixa virulência
necessita ser mais bem investigada. Determinação da diversidade genética em 36
amostras isoladas, através de PCR. Foi apresentado um trabalho onde se utilizou
vacinas de uma (às três semanas) ou duas doses, tendo sido encontradas
diferenças em termos de soro conversão e índice de lesões pulmonares, mas não
com relação ao ganho médio de peso diário.
Trabalhos recentes confirmam não haver transmissão vertical, até oito meses
pós-infecção. Granjas dinamarquesas infectadas por M. hyopneumoniae chegam a
ter perdas da ordem de
Dentro das apresentações de pesquisadores
espanhóis realizadas, na qual se
propõe um método de avaliação do
índice de lesões pulmonares. A
classificação
vai de zero a cinco, com base na área de tecido afetado
microscopicamente, com
a palpação de áreas escuras e no percentual de
suínos com lesões, suínos com
lesões de grau quatro e cinco e no índice médio.
Em outro trabalho relativo a
120 leitões vacinados contra M. hyopneumoniae com dois produtos
de dose única,
foram estudados os níveis de duas proteínas
séricas de fase aguda (PigMAP e Haptoglobina),
durante as duas semanas posteriores à vacinação.
Não foi observado um
incremento significativo no nível de ambas as proteínas,
em leitões vacinados
com o produto M+PACTM.
Os profissionais da Intervet, apresentaram um trabalho realizado em oito granjas
de ciclo completo, onde os animais foram vacinados conjuntamente com Porcilis
MHyoTM e Porcilis PRRSTM, havendo redução da prevalência
e da extensão da pneumonia enzoótica. Um outro trabalho apresentado pela equipe
da Schering Ploght e colaboradores sobre a erradicação de M. hyopneumoniae,
combinado com o despovoamento parcial dos setores de creche e engorda e o
tratamento com AivlosinTM (tylvalosin). Já um consultor de Zaragoza,
avaliou a influência das lesões pulmonares de Mh sobre os índices produtivos
(ganho médio de peso diário e valor da carcaça no abatedouro). Joaquín Bringas,
da Sat Suis, com a equipe da Schering Plough, mostrou os efeitos positivos de
duas injeções de florfenicol, em comparação a três aplicações de ceftiofur
sódico, sobre a febre e a depressão decorrentes de um quadro agudo de Complexo
Respiratório Suíno.
DB3 - Haemophilus parasuis
Um estudo australiano realizado em 20 granjas,
utilizando swabs nasais para a coleta de amostras, analisadas por ERIC-PCR,
reafirmou a importância da qualidade e quantidade adequada das mesmas, para um
diagnóstico correto dos sorotipos presentes na granja, sua prevalência e
patogenia. Os melhores resultados são obtidos quando se combina amostras de
animais sadios com doentes, numa mesma coleta. Uma vez conhecidas as cepas da
granja, podem-se aplicar métodos mais sólidos, como os controles da exposição e
as estratégias de vacinação. Mais de 29% dos isolamentos, nos EUA, não são de
cepas patogênicas. Genotipar o H. parasuis através do método de ERIC-PCR, com o
objetivo de conhecer os grupos de cepas mais prevalentes, nos ajudará a
selecionar a vacina mais adequada. No Brasil, os sorotipos de maior prevalência
são: 2, 4 e 5. Algumas cepas podem persistir na granja por até seis anos.
Os colegas espanhóis da Universidade de Leon, em
conjunto com os da Universidade de Zaragoza, infectaram nove leitões com H.
parasuis, sorotipos 2, 4 e 5; analisaram a resposta dos mesmos frente à fase
aguda da doença de Glässer e comprovaram uma evolução paralela entre a presença
e a gravidade dos sinais clínicos da mesma, com a duração e a magnitude das
alterações na concentração das proteínas de fase aguda, PigMAP e Haptoglobina.
A equipe do Centro de Recerca e da Universidade Autônoma de Barcelona
apresentaram uma pesquisa onde vacinando seis porcas de uma granja de 250
reprodutoras com Hipravac-GlässerTM demonstrou que as mesmas tinham
um nível maior de AC que as não vacinadas, de modo que seus leitões se
colonizavam mais tarde e em menor grau (25,8 versus 50% de leitões aos 24 dias
de idade). O nível de anticorpos passivos cai, em ambos os grupos, aos 60 dias
de idade dos leitões, havendo um aumento da colonização bacteriana (100% nos
não vacinados contra 85,7% nos vacinados). Quando a imunidade humoral decresce
nos leitões incrementa-se a colonização e, portanto, a prevalência.
DB4 - Rinite Atrófica
Os fatores ambientais e o mau manejo agravam os quadros de rinite atrófica,
sendo a vacinação a base para reduzir o impacto clínico e patológico da mesma.
Foram testadas duas vacinas, na Tailândia, das quais se aplicou duas doses, com
um intervalo de quatro semanas entre si, em nulíparas que apresentavam
diferentes respostas imunitárias, relativas ao título frente à toxina da
Pasteurella multocida. O controle desse tipo de patologia requer uma integração
entre o manejo ambiental, o tratamento com antibiótico e o programa de
vacinação. A presença da toxina Fumonisina B1 nas rações aumenta a gravidade da
pneumonia causada pela Pasteurella multocida e pela Bordetella bronchiseptica.
Nos isolados de P. multocida, A. pleuropneumniae e Actinobacillus suis, nos
EUA, entre 2003 e 2006, encontrou-se melhor resposta à clortetraciclina que à
oxitetraciclina.
DB5 - Brachispira sp
Primeiro estudo na Suíça detectando através de PCR
(swab retal) a Brachispira hyodisenteriae e a B. pilosicoli. De 105 granjas, 10
foram positivas para ambas as bactérias, havendo histórico prévio de diarréias
em leitões e na engorda, em todas onde a Brachispira pilosicoli foi
identificada. Num estudo alemão, as infecções experimentais com B.
hyodisenteriae em leitões de
Profissionais espanhóis, em conjunto com a Novartis, expuseram um programa de
erradicação numa granja de 1.800 porcas, em três fases, cronicamente infectada
há quatro anos, utilizando tiamulina com oxitetraciclina, associado às medidas
de limpeza, desinfecção e controle de roedores (também realizado em outro
estudo australiano). Na Universidade de Leon, estudaram as suscetibilidades
antimicrobianas frente à B. hyodisenteriae, em isolamentos realizados na
Espanha, entre 2000 e 2007, encontrando resistência à tilosina, à lincomicina e
às pleuromutilinas (tiamulina, valnemulina).
Junto com a equipe da Calier, apresentaram dados de
uma auto-vacina inativada, para aplicação em porcas, com redução de sinais
clínicos em duas granjas, de 2.270 e 200 porcas (C. Dávila). Uma outra pesquisa
realizada pela Pfizer em conjunto com os colegas da OPP, trataram os animais de
uma granja com 675 porcas, de duas fases e positiva para a Brachispira
hyodisenteriae a partir das 16 semanas de idade; o tratamento instituído foi
linco-spectin + tilosina via água de bebida, durante sete dias, obtendo melhor
qualidade de fezes e maior ganho médio de peso diário no primeiro grupo, com
menor número de suínos injetados com tiamulina e sem reversão clínica, há duas
semanas da conclusão do tratamento.
DB6 - Clostridium sp
Para controlar a enterite neonatal por Clostridium
sp, a Bacitracina disalicilato revelou-se eficaz, quando adicionada à ração a
250 ppm, durante duas semanas antes e três após o parto (aprovada apenas nos
EUA e não na Europa).
As infecções mistas, por Clostridium perfringens e Isospora suis provocam
elevada mortalidade neonatal. Na Holanda, a incidência de enterite hemorrágica
por Clostridium perfringens do tipo C tem se incrementado em leitões lactentes,
com um a quatro dias de idade, devido à toxina beta 2. Esse quadro também
costuma ocorrer devido ao C. difficile, embora com baixa mortalidade, mas com
até 100% de morbidade e grande atraso de crescimento (de
DB7 - Lawsonia intracellularis
Um trabalho grego, usando Virbamix PETM
na ração, a 1 kg/tonelada (óleos essenciais de Origanum vulgare e Allium
sativum) demonstrou atividade antimicrobiana frente à L. intracellularis,
Na Dinamarca
Numa meta análise, realizada na Ásia em 11.536 animais com a vacina Enterisol
IleitisTM, se obteve uma melhora de
Um estudo francês estimou perdas econômicas por ileíte, da ordem de $
Um trabalho suíço fala sobre o desenvolvimento de um "Taíman PCR",
que quantifica a L. intracellularis em amostras de fezes e que permite
distinguir os casos agudos e os sub-clínicos, entre os animais infectados.
Um estudo coreano revelou a detecção da referida bactéria em 70% das granjas e
demonstrou uma melhora no retorno sobre o investimento (ROI) da ordem de 4,3/1,
com o uso da vacina Enterisol IleitisTM aos 32 dias de idade.
Sobre uma base de dados de 65 granjas de 12 países europeus (18 com casos
sub-clínicos e 47 com casos clínicos), entre 2005 e 2007,164. 214 suínos
vacinados entre três e 15 semanas de idade com Enterisol IleitisTM,
melhorou o GMPD entre 36 e
DB8 - Salmonella sp
Leitões nascidos de porcas com altos títulos de
anticorpos (AC) terão títulos elevados aos sete dias de idade, podendo
negativar depois. Incrementar o número de leitões negativos para Salmonella sp,
quando da sua entrada na creche, contribuirá para a manutenção dos programas de
controle da mesma, em nível de granja. A análise dos níveis de Salmonella sp na
água de bebida, nos EUA, revelou maior quantidade em águas residenciais e
originárias de bosques, que nas águas de uso agrícola e de granjas. A bactéria
persiste por longo tempo no meio ambiente.
Na Europa, segundo o decreto 2160/2003, entrará em vigor um plano para o
controle de salmonelas a partir de Julho de 2009. Desde
Há diferenças significativas quanto à prevalência por províncias e por
categoria de pesos, assim como estações do ano (verão - outono > inverno).
O diagnóstico por RT-PCR é mais sensível que os métodos de cultivo
convencionais, além de reduzir tempo e trabalho. O nível de contaminação de
carcaças no abatedouro está relacionado com o grau de contaminação da pele dos
suínos vivos no pré-abate; este, por sua vez, relaciona-se com o nível na área
de carga e o período de espera. O conteúdo do íleo e os gânglios mesentéricos são
as partes mais contaminadas.
O uso de acidificante na água de bebida produz resultados contraditórios quanto
à excreção da Salmonella sp, assim como a sua prevalência. Os colegas da
Faculdade de Veterinária de León, P. Rubio, J.A. Collazos, C. García, A.
Carvajal e L. de Castro, juntamente com L.M. Samaniego da Universidade Matanzas
de Cuba, explicam o uso in vitro de algumas bactérias produtoras de ácido
lático (L. reuteri, L. animalis, L. murinus, L. ruminis e L. delbrueckii)
isoladas do intestino do suíno, assim como seu efeito antagonista com a
Salmonella typhimurium, que reduz sua excreção e os sinais clínicos da doença.
As duas primeiras sobrevivem bem ao suco gástrico e o L. animalis também o faz
com relação aos sais biliares.
Manuel Lainez, M. González e J. Herrera, do CITA de Valencia, num estudo de
excreção fecal de Salmonella sp, realizado em uma granja de 2.500 porcas em
múltiplos sítios, concluíram haver um alto risco de infecção em leitões,
durante toda a fase de lactação.
DB9 - Erisipela (E. rhusiophatiae)
Sua distribuição é mundial e provoca quadros agudos
e crônicos em suínos suscetíveis. Os AC maternais duram de
DB10 - Leptospira sp
Tem dispersão mundial. Seus AC são determinados por
técnicas de micro-aglutinação e não persistem por mais de seis semanas, sendo
os rins os seus reservatórios. As medidas de higiene reduzem a incidência de
novas infecções. As tetraciclinas, mais concretamente a doxiciclina, e o
antibiótico mais bio-disponível na administração oral, reduzindo a excreção da
Leptospira sp, além de ser bem tolerado em todas as fases da gestação.
DB11 - Streptococcus suis
A amoxicilina, administrada por via oral, tem uma
eficácia variável frente ao S. suis e ao H. parasuis. Sua biodisponibilidade em
suínos chega a variar até 30% (é três vezes menor que em humanos), influenciada
pelo pH intestinal do animal e pela interação com alimentos e outros fármacos.
DB12 - Staphylococcus sp
Resistências do Staphylococcus aureus à meticilina
são conhecidas nos casos de infecções hospitalares, em humanos, no mundo todo.
Em suínos foram descritas no Canadá, Holanda e em trabalhos apresentados na
Alemanha, em todas as idades do plantel. A primeira referência de resistências
em bovinos foi relatada em 1970, em casos de mastite em vacas leiteiras, na
Bélgica. Atualmente, as fontes de amostras para o estudo de resistências são os
exudatos nasais.
DB13 - Outras bactérias
Mycobacterium haemosusis, como responsável pela
eperitrozoonose ou icteroanemia em suínos de engorda, neonatos (leitões
pálidos, ictéricos) e porcas pré-parto (febre, hipo-agalaxia).
Mycoplasma hyosynoviae induz à artrite. Os resultados ligados ao sexo nem
sempre se correlacionam com o estado sanitário. O cultivo e a confirmação, com
o teste de anticorpos fluorescentes e o teste de inibição do crescimento são
necessários para o diagnóstico a partir do fluido sinovial e do swab articular
(leva tempo). Utilizam-se dois tipos de PCR, com elevada sensibilidade, como
alternativa ao diagnóstico.
Actinobacillus suis é detectado por PCR de material coletado em tonsilas, sendo
sensível à tilmicosina e à tulatromicina.
A associação entre H. parasuis e Mycoplasma hyorhinis é comum nos quadros de
serosites (peritonite, pleurite e pericardite).