S.O.S. Suínos

SUINOCULTURA

Informativo Técnico 80

Claudicação: Problema de Cascos em Suínos.

Revendo as reposições (descartes) de animais de reprodução, (fêmeas e machos); por problemas de cascos, a média nos últimos anos, tem nos preocupado pelos índices relativamente altos.

Reposições:

Idade do Animal/Anos
Fêmeas Machos
Anos/Idade
% Descartes 5% 7% 11% 14% 4% 7% 12%

Com a utilização de construções cada vez mais modernas, gestações e maternidades, em gaiolas, com pisos compactos e ou ripados, e utilizando cada vez mais o confinamento total destes animais, e em alguns projetos o uso de lâmina d' água nas baias de gestação, os problemas de cascos tem se agravado, e os índices de descartes tem se tornado expressivos, chegando a ser alarmantes.

Devemos rever os conceitos de lâmina d' água para animais de reprodução, adequar ainda os pisos ripados de ferro redondo, concreto pré-moldados e placas de ardósia, e adotarmos a utilização de piso plástico, ou ferro grelhas ou placas, proporcionando melhor base de apoio para os cascos, menor retenção de água, urina e fezes, observarmos ainda o perfeito assentamento das placas, para não cederem, bem como não apresentarem ressaltos nas emendas entre placas; ou entre as placas e o piso compacto (concreto) das baias.

Os pisos plásticos são recomendados nas fases de gestação e maternidade, na área de reprodução e ainda na creche.

Lesões nos cascos

São alterações na estrutura interna ou externa dos cascos que poderá ter origem traumática e ou infecciosa, que levam os animais a claudicação e conseqüente descarte.

Devemos levar em consideração a pequena área da almofada plantar, que ocupa por volta de 74% da sola dos pés dos suínos, associados a movimentos de locomoção normalmente lentos, para compensar a relação,: peso corporal alto x área de apoio reduzida.

Observando um animal de reprodução, (fêmea ou macho) com 150, 200 ou mais kg, e vendo a pequena área de apoio (cascos), devemos cada vez mais nos preocuparmos com a qualidade do piso das baias, nem muito liso, e nem muito ásperos, e mantidos sempre o mais seco possível, e quando alojar animais em baias novas, piso recém construído, devemos sempre usar camas, de casca de arroz, palhadas: de arroz, feijão ou ainda capim seco, ou mesmo maravalha (cepilho de madeira); nos primeiros dois ou três meses de uso das baias. Não devemos nos descuidar da qualidade dos ripados utilizados em nossa suinocultura, principalmente nas fases de reprodução, que são muitas vezes responsáveis pelas lesões e traumatismos nos cascos e dedos acessórios (presunho).

A preocupação que devemos ter ao fazermos os pisos compactos das baias: devemos usar areia fina, lavada, peneirada; e o acabamento deve ser feito com desempenadeira de madeira e esponja, e jamais queimar o piso, e muito menos fazer o piso usando brita e ou areia grossa e cascalho. Estes pisos deverão ter um desnível de 3 a 4% para permitir um bom escoamento de água, urina, facilitar a limpeza, e os bebedouros deverão estar sempre localizados na parte oposta aos corredores, das baias, e no ponto mais baixo junto a saída dos dejetos para canaletas.

Principais causas das lesões nos cascos.

Pisos, novos, ásperos, lisos, com buracos, irregulares, com poças de água, úmidos. Ripados, quebrados, vãos largos, irregulares altos e baixos. Áreas de piquetes com pedras, buracos, poças d'água, áreas muito íngremes, corredores esburacados e com muito desnível.

A alta alcalinidade dos pisos novos, pode favorecer a ocorrência de problemas de cascos, além de que por melhor que se faça, o piso novo é sempre abrasivo, por isso recomendamos no início sempre o uso da cama (serragem).

As lesões nos cascos, principalmente os posteriores, dependendo da gravidade pode comprometer a qualidade das montas, e até tornar o reprodutor incapaz de realiza-la; nas fêmeas devido a dor, observamos uma ocorrência maior de leitões esmagados na maternidade, em função da dificuldade que as matrizes com lesões de cascos, tem para se deitarem; menor produção de leite, fêmeas magras (inapetência), abortos, infertilidade e descartes.

Os cascos externos, principalmente os posteriores são geralmente os mais afetados, em pelo menos 70% dos casos, devido a um maior esforço, para o animal se levantar ou deitar-se, e por suportar maior peso, por volta de 55% a 65% do peso do animal, dependendo do material genético, e ainda pelo próprio formato dos cascos traseiros com contornos mais arredondados, estão mais sujeitos às contusões.

As lesões mais comuns, são:

Casco

1) Rachadura vertical na região anterior, média ou posterior da muralha do casco, associadas a rachaduras na sola do casco ou na linha branca.

2) Rachadura oblíqua no posterior da muralha, que pode estar ou não associada à rachaduras entre a sola e almofada plantar.

3) Rachadura profunda ao longo da linha branca, podendo comprometer, seriamente a parede da muralha causando o seu desprendimento.

4) Rachadura na sola.

5) Rachadura na almofada plantar, com desprendimento da porção posterior.

6) Almofada plantar aumentada e com lesões necróticas.

7) Desgaste da sola e da parede da muralha.

8) Lesão junto a coroa do casco, provocando o desprendimento da muralha.

Poderíamos distribuir as lesões de cascos em três categorias:

Lesão 1 (leve). Lesões superficiais, benignas, desgaste da sola e da parede da muralha, sem desprendimento destas partes, o animal apresenta-se sem problemas para levantar-se e locomover-se.

Lesão 2 (média). Rachaduras com desprendimento da sola e da muralha, lesões junto a coroa, com ou sem sangramentos; animal claudicando, e com dificuldade para andar. Reprodutores sem condições de fazer montas, ou fêmeas sem condições de suportarem os machos.

Lesão 3 (grave). Na categoria de lesões graves, o animal não se levanta, ou levanta somente com ajuda, apoia a área afetada com dificuldade e na maioria das vezes não consegue apoiar o membro afetado.

Devemos estar atentos à ambiente, nutrição, limpeza e desinfeção, manutenção de pisos e ripados em toda a granja. Estarmos atentos a qualidade de casco de matrizes e reprodutores adquiridos de fora, ou selecionados no próprio plantel, e permanentemente mantermos um programa de controle e eliminação das causas de lesões de cascos.

Controle das lesões de cascos.

A medida mais eficaz de controle dos problemas de cascos é eliminarmos as causas que provocam estas lesões.

Em granja onde as coberturas das fêmeas são por meio de montas naturais, recomendamos a utilização de uma baia própria para as montas, uma baia redonda com 3 metros de diâmetro e piso de areia, camada de aproximadamente 20 centímetros.

Devemos dar uma atenção especial à pisos, ripados, das áreas de reprodução (matrizes e reprodutores), principalmente nas baias de reposição onde recebemos as leitoas e machos, estas baias devem ser mantidas o mais secas possível e com cama, e cada animal deve ter uma área disponível de 3 metros quadrados.

Adotar o uso de pedilúvio, com um colchão de espuma com 5 cm de espessura, da largura do corredor e com pelo menos 1,5 metros de comprimento, usando a seguinte solução:

100 ml Formol a 40%
100 gr. Sulfato de Cobre
100 gr. Cal Hidratado
700 ml. Água.

Passando todos os animais de reposição, ou com problemas de cascos pelo menos 2 a 3 vezes por semana por este pedilúvio.

Animais de reposição/ reprodução, oferecer uma ração com uma inclução maior de Biotina Px.H., adicionando 3 kg de Biotina por tonelada de ração durante 15 dias; e mais 45 dias usando 1/2 kg de Biotina por tonelada de ração.

Quando necessário a utilização de medicamentos injetáveis; devem ser utilizados, e temos obtido bons resultados usando medicamentos à base de:

(Flumetasona) Flucortan, Obs. Evitando usa-lo em fêmeas gestantes pois poderá provocar abortos, principalmente no último mês de gestação

(Acetato de Insoflupredona) Predef

Ao lançar mão dos medicamentos acima (corticosteróides), recomendamos associar a aplicação de antibióticos, Oxitetraciclina, ou Penicilina.

sossuinos@uol.com.br


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