S.O.S. Suínos

Informativo Técnico nº 86

SUINOCULTURA

 

NATIMORTALIDADE NA SUINOCULTURA

 

INTRODUÇÃO 

 

A natimortalidade na suinocultura é um problema amplamente discutido e estudado, mas, apesar disso, muitos pontos permanecem obscuros na interpretação dos índices encontrados no dia-a-dia. O total de leitões nascidos em uma leitegada é composto pelo número de leitões nascidos vivos, natimortos e mumificados. As diferentes genéticas sugerem alguns parâmetros de produtividade no que diz respeito ao total de leitões nascidos e também utilizam informações geradas a partir de diferentes programas de gerenciamento de dados para definir perdas aceitáveis por natimortos e mumificados. O ponto principal ao início da visita à granja é que o índice de natimortos protocolado seja real, anotado de forma precisa e confiável.

Muitas granjas estabelecem valores alvo ou metas para o quesito natimortos. Com isso, em pouco tempo, esses valores são normalmente alcançados, pois a equipe de maternidade é cobrada insistentemente para alcançar uma meta irreal de, digamos, 3% de natimortos.

 

CONSEQUÊNCIA DAS FALHAS NOS REGISTROS DE NATIMORTOS

 

Como os natimortos compõem diretamente o total de nascidos por leitegada, é comum observar nas granjas que não registram o número real de natimortos, uma redução no tamanho das leitegadas. Ou seja, para atingir a meta estipulada, muitos natimortos são omitidos nos registros de parto, conseqüentemente a meta é atingida, mas o tamanho das leitegadas fica comprometido.

 

QUAL O ÍNDICE "REAL" DE NATIMORTOS QUE PODE SER ACEITO?

 

Deve ficar claro que é muito importante poder confiar nos registros qualitativos e quantitativos que acontecem nos partos. Somente de posse de dados confiáveis é que será possível avaliar a situação da unidade.

Os programas de computador empregados no gerenciamento dos dados de produção das granjas normalmente indicam, única e exclusivamente, o percentual de natimortos por leitegada. Entretanto, para realizar uma avaliação detalhada do problema na unidade, com vistas às recomendações para solucioná-lo, é importante diferenciar os tipos que compõem o percentual de natimortos protocolados.

Os leitões natimortos podem ser classificados em pré-parto, intraparto e "pós-nascimento" (pós-parto). Para fins didáticos, esse último (pós-nascimento) não deveria ser protocolado como natimorto e sim como mortalidade perinatal. Entretanto, sob condições práticas enquadra-se como natimorto.

 Figura 1

Figura 1: Natimorto pré-parto com cordão umbilical em autólise e alteração da cor da pele (esquerda).

 

Dependendo do tipo de natimorto identificado será possível direcionar medidas de manejo específicas visando tratar o problema. Na Tabela 1, podem ser observadas as características a serem levadas em conta para o diagnóstico diferencial dos 3 tipos de natimortos (pré-parto, intraparto e pós-nascimento).

 

Tabela 1: Diagnóstico diferencial de Natimortalidade

 

Figura 2

 

O percentual de natimortos pré-parto deve apresentar valores inferiores a 1%. Valores superiores levam a suspeitas de causas infecciosas ou de falhas no manejo no final da fase gestacional (Figura 1). O percentual de natimortos intraparto deve oscilar entre 3 e 5%. Em granjas com valores superiores, seria possível atuar otimizando o manejo de atendimento ao parto, para minimizar essas perdas. Os "natimortos pós-nascimento" são leitões que nasceram vivos e morreram, possivelmente por falta de assistência na fase neonatal ou por lesões cerebrais decorrentes de anóxia ou hipóxia durante o parto.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

Em caso de suspeita de alta mortalidade ou mesmo de valores muito abaixo dos esperados, preconiza-se proceder com avaliações para caracterização do problema. Tendo confiança nos dados a serem avaliados e suspeitando-se que o percentual de natimortos está alto, deve-se providenciar o diagnóstico com a identificação dos natimortos em pré-parto, intraparto e pós-nascimento. Baseado na identificação do tipo de natimorto será possível direcionar as atenções para aquela categoria que por ventura estiver com valor superior ao esperado.

 

Dica baseada no artigo: Natimortalidade na suinocultura tecnificada: A importância de um diagnóstico correto. Bortolozzo, F. P.  et al. Suinocultura em foco. 9ª Edição.

 

Figura 3

 

EQUIPE DE VETERINÁRIOS - TECSA Laboratórios

     POR 20100213 ENGORPART POR 20100213


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