Suinocultura

S.O.S. Suínos

Informativo Técnico 92

Síndrome M.M.A.

A ocorrência da Síndrome de M.M.A. (metrite, mamite e agalaxia), é mais comum nos períodos de temperatura mais alta, em maternidades com higiene deficiente, excesso de umidade, e normalmente em baias onde não se utiliza pisos ripados, e quase sempre em granjas onde não se pratica o sistema all-in all-out, e com vazio sanitário deficiente, e limpeza e desinfecção mal feitas; e os principais agentes causadores da MMA, são: Escherichia coli, Estreptococus b hemolítico, Estafilococus, Micoplasma, Klebsiellas. As complicações pós parto normalmente ocorrem acompanhadas de aumento de temperatura retal da matriz, no dia do parto.

Temperatura retal
Graus C
Fêmeas com complicações Pós-parto
38,4 a 38,8 16%
38,8 a 39,0 30%
39,1 a 39,2 37%
acima de 39,3 88%

O quadro acima demonstra claramente a relação entre a temperatura retal no dia do parto e a incidência de problemas puerperais(fonte: Dannemberg)

Sintomas da Síndrome M.M.A.

Quase sempre as metrites (infeção do útero), as mamites (infeção das glândulas mamarias) e as agalactias, retenção ou supressão da secreção de leite, podem surgir na porca parida, como ocorrências independentes umas das outras, mas normalmente observamos como agravante uma sintomatologia tríplice.

Freqüentemente, entre 8 e 70 horas após o parto, a fêmea com febre, podendo chegar a 42ºC graus, apresenta o seguinte quadro: respiração superficial acelerada, batimentos cardíacos acima do normal, diminuição da produção de leite, podendo chegar à interrupção total, devido a congestão nas glândulas mamarias, que se apresentam quentes, doloridas e duras, e se fizermos uma massagem nas tetas edemaciadas, extrairemos um (leite) purulento, claro carregado de grumos ou coágulos, em alguns casos um líquido semelhante a pus com algumas gotas sero-sanguinolentas, sendo este leite consumido pelos leitões seguramente ocorrerá diarréias. As fêmeas apresentam ainda inapetência, mesmo que venhamos a estimula-las a comer há uma séria resistência, na maioria das vezes consomem somente água, normalmente em função da febre. Dificuldade para se levantar, tornam-se apáticas em relação aos leitões, em alguns caso agressivas quando os mesmos querem mamar, mantém-se na posição de cão sentado, demonstrando que estão sentindo dor no aparelho mamário. Observa-se ainda, por volta do segundo dia após o parto quase sempre corrimentos vulvares com odor fétido, diferente de alguns corrimentos pós parto que não tem cheiro.

Quase sempre se não conseguirmos controlar a tempo os efeitos da M.M.A.(em 2 a 3 dias) perderemos todos os leitões, e em alguns casos até a matriz. O leitões normalmente nesta fase permanecem desorientados, emitindo grunhidos, andando desordenadamente, fuçando fezes e urina e tentando comer ração da porca, em alguns casos apresentam diarréia, periodicamente tentam mamar, mas por poucos segundos, não conseguindo se alimentar, procuram se manter deitados na barriga da porca, ou ao lado da mesma, aumentando o número de leitões esmagados. Normalmente em dois ou três dias, apresentam uma hipotermia, estarão enfraquecidos, desidratados, apresentam-se com os pêlos secos, arrepiados, desbarrigados, andam com dificuldade e se mantêm em pé, balançando; com as pernas abertas, tentando se equilibrarem e com o focinho apoiado no chão, com um grave quadro hipoglicêmico.

Tenho acompanhado em algumas granjas em determinadas épocas do ano (verão) verdadeiros surtos de M.M.A. chegando a acometer 70% dos partos, principalmente das matrizes pluríparas, o que demonstra claramente duas coisas muito importantes: Erros graves de manejo; e limpeza higiene e desinfeções altamente deficientes, o que chamaria de problemas graves de relachite aguda, (desleixado etc...).

Controle

Rever os níveis de fibra na ração lactação, e não efetuar nenhuma mudança de rações nos dias que antecedem ao parto, adotar o uso sistemático, de 3 kg de bicarbonato/tonelada ração lactação.

Nos 3 a 4 dias que antecedem ao parto diminuir gradativamente a oferta de ração lactação, chegando ao dia do parto com um consumo de aproximadamente ½ Kg., e adicionar diariamente de manhã, por ocasião do primeiro trato, por volta de 30 gramas de Sal de Glauber, mais 200 gramas de açúcar para cada fêmea, e após o parto ir aumentando gradativamente a oferta de ração, começando com 2, kg no dia seguinte ao parto, e aumentar 0,5 kg dia até o 6º dia quando a fêmea deverá estar comendo por volta de 5 a 5,5 kg de ração lactação, dia, divididos e 3 a 4 tratos diários, daqui em diante poderá suspender a oferta de açúcar e Sal de Glauber. Procure oferecer às matrizes ração molhada, mas atenção, esta ração deverá estar sempre fresca, e cuidado com ração azeda, mofada; no verão em 2 a 3 horas esta ração molhada estará fermentada e causará problemas às matrizes. Nos períodos de surtos usar uma ração medicada com oxitetraciclina 95% , 300 gramas/ton por 7 dias, entre 112 dias de gestação, até 5 a 6 dias após o parto.

Levar as fêmeas para a maternidade pelo menos 8 dias antes do parto, manter o ambiente limpo, seco, com uma temperatura de 22 graus e tranqüilo, e estimular bem o consumo de água pelas matrizes, se for baias com pisos compactos, sem ripados utilizar camas de cepilho de madeira, ou casca de arroz, e procurar manter o piso/cama o mais limpo e seco possível. Percebendo qualquer edemaciamento das tetas promover massagens vigorosas com óleo morno, e esgotar o leite, usar ocitocina injetável para estimular a descida do leite. Aplicar gluconato de cálcio a 20% 50 ml lentamente, via endovenosa, mais 100 ml subcutâneo em pelo menos 4 a 5 locais diferentes.

Havendo febre aplicar antitérmicos, fazer ainda um tratamento com antibiótico ceftiofur sódico 1 mg por Kg peso vivo.(EXENEL).

Nas matrizes que apresentarem anorexia, aplicar medicamentos antitóxicos e protetores hepáticos, para estimular o apetite e ainda vitamina ADE injetável.

Tratamento dos leitões.

Oferecer aos leitões, ambiente seco e extremamente limpo e na primeira semana, com temperatura de 32 graus dentro do creep, estimular o inicio das mamadas e consumo de colostro logo após o nascimento. Aplicar 10 ml de soro glicosado a 10% intraperitonial duas vezes ao dia, e estando a matriz com sintomas em evolução de M.M.A. e não apresentando melhora, transferir os leitões para outras matrizes se houver condições, e oferecer aos leitões alimentação líquida alternativa, na mamadeira, e ensinar os leitões a consumirem esta ração líquida em pequenos cochos.

Aplicar vitamina ADE Injetável, nos leitões, bem como a utilização de antibióticos, sempre que apresentarem os sintomas descritos acima.

Como já dissemos no inicio deste trabalho a ocorrência de M.M.A. em algumas granjas, está quase sempre ligado à alguns fatores muito importante: manejo nutricional, limpeza e higiene.

sossuinos@uol.com.br


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